“A medicina me alimenta diariamente” 06/06/2013 - 12:53
O escritor nordestino, autor do premiado romance Galileia, falou sobre sua relação com as bibliotecas e da influência que a medicina exerce em sua produção literária
Autor de livros que revisitam o cenário árido do sertão nordestino, o escritor Ronaldo Correia de Brito falou, na noite desta quarta-feira, 5 de junho, na terceira edição do projeto “Um Escritor na Biblioteca” em 2013, sobre a influência que as obras que leu ainda na infância, no Crato, cidade do interior cearense, exerceram sobre ele como escritor e leitor. “A primeira biblioteca da minha vida era um caixote de livros de comprados por minha mãe. Havia ali, alguns poucos romances, livros de matemática e gramática. E foram justamente esses livros que meu pai, já adulto, utilizou para se alfabetizar.”
“Coloco meus personagens em Berkeley, Nova York, Toulouse ou na mellah de Fes, mas sei que a minha perspectiva é sempre a da paisagem desértica do sertão dos Inhamuns, onde nasci, ou do Crato e Juazeiro do Norte, onde vivi até os 16 anos, ou do Recife, onde moro há mais de 40 anos”, explicou durante o bate-papo, mediado pela jornalista Mariana Sanchez.
Autor de livros que revisitam o cenário árido do sertão nordestino, o escritor Ronaldo Correia de Brito falou, na noite desta quarta-feira, 5 de junho, na terceira edição do projeto “Um Escritor na Biblioteca” em 2013, sobre a influência que as obras que leu ainda na infância, no Crato, cidade do interior cearense, exerceram sobre ele como escritor e leitor. “A primeira biblioteca da minha vida era um caixote de livros de comprados por minha mãe. Havia ali, alguns poucos romances, livros de matemática e gramática. E foram justamente esses livros que meu pai, já adulto, utilizou para se alfabetizar.”
Reconhecido como grande contista, no final dos anos 2000 Brito fez sua estreia no romance com o arrebatador Galileia, que conta a história de três primos que voltam ao sertão para se despedir do avô, que está morrendo. O livro foi sucesso de crítica e público, vencendo o Prêmio São Paulo de Literatura em 2009. Imediatamente, parte da crítica saudou Galileia como um livro que dava novos contornos ao romance regionalista praticado por grandes escritores nordestinos entre os anos 1930 e 1950. Na BPP, Brito disse concordar, em parte, com a associação, mas frisou que seus livros trazem um traço cosmopolita que faz com que o sertão dialogue com questões contemporâneas de outras partes do planeta.
“Coloco meus personagens em Berkeley, Nova York, Toulouse ou na mellah de Fes, mas sei que a minha perspectiva é sempre a da paisagem desértica do sertão dos Inhamuns, onde nasci, ou do Crato e Juazeiro do Norte, onde vivi até os 16 anos, ou do Recife, onde moro há mais de 40 anos”, explicou durante o bate-papo, mediado pela jornalista Mariana Sanchez.
O escritor também falou de suas influências e de sua relação quase passional com a obra de Guimarães Rosa. “Ele [Rosa] tem tudo que mais gosto em literatura: poesia e metafísica”, disse. “Grande sertão: veredas é tão devastador que Guimarães é um autor que não leio mais. Não porque não gosto, mas porque gosto demais.” Além disso, ele também contou que é no trabalho cotidiano de médico que se depara com a dor e com impasses humanos, que diluem a vaidade e alimentam o seu imaginário e o ajudam a elaborar personagens e enredos.