Tezza e Miguel Sanches relembram Jamil Snege na Biblioteca 17/05/2013 - 11:00

Ontem, dia em que se completaram dez anos da morte de Jamil Snege, os escritores Cristovão Tezza e Miguel Sanches Neto relembraram histórias do autor de Como eu se fiz por si mesmo. O bate-papo é parte das homenagens a Snege que a Biblioteca Pública do Paraná promove neste mês de maio — e que ainda incluem uma exposição de fotos de Daniel Snege, filho mais velho do escritor, e um dossiê sobre a vida e a obra de Jamil no jornal Cândido.


tezza miguel
Cristovão Tezza tinha apenas 14 anos quando conheceu Snege, que se tornou uma espécie de guru do futuro autor de Trapo e O filho eterno. “Todas as primeiras referências que tive foram passadas pelo Jamil. Ele me apresentava livros, mas principalmente sua visão de mundo, que era implacável, ácida, mas também muito divertida e irônica”, disse. Depois de quase dez anos de convivência intensa, Snege e Tezza seguiram caminhos opostos, mas a amizade perdurou até a morte do escritor. “Nos víamos duas ou três vezes por ano, e era sempre especial. O Turco era uma espécie de encarnação do espírito curitibano, um cara tímido, mas com um olhar devastador sobre as coisas que o cercavam.” 

Miguel Sanches Neto conviveu com Snege a partir dos anos 1990 e, a exemplo de Tezza, teve em Snege uma espécie de mestre. “Mandei para o Jamil meu primeiro livro de contos. Achei que ele nunca fosse ler. Um dia recebo uma carta de sete páginas, com o Jamil destruindo meu livro, conto a conto, e me sugerindo que eu não publicasse.”

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Um dos mais festejados escritores do Paraná, Snege transitou por diversos gêneros e publicou 11 livros, entre eles o romance autobiográfico Como eu se fiz por si mesmo, a novela Viver é prejudicial à saúde, a coletânea de contos Os verões da grande leitoa branca e as crônicas reunidas na antologia Como tornar-se invisível em Curitiba.

“O Trapo é grande devedor do Tempo sujo, do Jamil. Até os nomes dos livros, apesar de serem totalmente distintos, têm conexão”, diz Tezza. Já Miguel Sanches destacou o traço autobiográfico de parte da obra do Turco. “Tempo sujo, As confissões de Jean Jacques Russeau e Como se fiz por si mesmo são obras que misturam a autoficção com o roman à cléf.”

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