Mário Prata revê carreira em papo na BPP 03/04/2014 - 12:00

O escritor Mário Prata abriu em grande estilo a temporada 2014 do projeto “Um Escritor na Biblioteca”. Autor consagrado de romances recheados de humor e um dos cronistas dos mais brilhantes do país, Prata falou sobre como alguns de seus principais livros foram feitos, suas leituras essenciais no período de formação e a linhagem de escritores de sua família.

“Minha mãe era prima do Campos de Carvalho, autor de O púcaro búlgaro, um escritor fantástico, com uma obra enxuta, porém altamente original. O Campos então abastecia nossa biblioteca com muitos livros”, disse o escritor, que citou Nelson Rodrigues, Rubem Braga e Fernando Sabino como autores essenciais em sua formação. “Minha mãe, inclusive, era amiga de uma namorada do Sabino.”

Lina Faria


Prata é um dos autores mais lidos no país. Nos anos 1990, emplacou diversos livros nas listas de mais vendidos, como O diário de um magro (1997) e Minhas mulheres e meus homens (1999).

Na televisão, o escritor foi roteirista de diversas novelas, como Sem lenço, sem documento (1977), Dinheiro vivo (1979) e Um sonho a mais (1985, coautoria). “Com 28 anos fui trabalhar na Globo.
Escrevi Estúpido cupido, que foi um sucesso imenso. Minha mãe, nesse época, onde quer que eu fosse, me apresentava como o autor da novela. Me tratava como uma miss.”

Colaborador de alguns dos principais jornais e revistas do país, Prata acha que a crítica literária, hoje, está praticamente extinta nos meios impressos. “Não existe crítica no Brasil de hoje. Os editores de cultura dão a jovens jornalistas qualquer coisa para resenhar.”, disse o escritor. “Antigamente, havia sempre vários escritores brasileiros nas listas de livros mais vendidos no país. Hoje, quando algum entra, é um feito. Nunca se leu tanto no Brasil, mas também nunca se leu tão mal”, disse o escritor ao se referir à onda de livros de fantasia e de vampiros que há anos tomou conta das livrarias do país.

Atualmente Prata tem investido em romances policiais. Não só na escrita, mas também na leitura de livros do gênero. “Em oito anos, li mais de 800 romances policiais. Uns cem por ano. E hoje, posso falar com propriedade, a melhor literatura policial vem dos nórdicos, de países como Dinamarca e Noruega”, disse o autor de Sete de paus (2008) e Os viúvos (2010) — ambos protagonizados pelo detetive Ugo Fioravanti Neto, inspirado nos moradores e na ilha de Florianópolis, local de residência de Mário Prata há mais de 10 anos.

A transcrição completa do papo com Mário Prata será publicada na edição de maio do jornal Cândido.

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