“Cada livro tem seu próprio modo de feitura” 04/07/2013 - 11:10

Saiba como foi o bate-papo com Bernardo Carvalho, o quarto convidado do projeto “Um Escritor na Biblioteca” em 2013

Um dos mais destacados romancistas da literatura brasileira contemporânea, Bernardo Carvalho é também um leitor com uma trajetória bastante peculiar. Convidado da quarta edição do projeto “Um Escritor na Biblioteca” em 2013, realizada nesta quarta-feira (03), Carvalho revelou
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que leu pouco na infância, os pais não tiverem grandes bibliotecas em casa e ele só se interessou por literatura após os 20 anos. “Fui uma criança inculta.” Isso não prejudicou a sua trajetória futura, toda ligada às letras, primeiro como jornalista, depois como escritor.

Editor do mítico caderno de resenhas e ensaios “Folhetim”, do jornal Folha de S. Paulo, Carvalho também trabalhou como correspondente em cidades como Nova York em Paris. Como escritor, iniciou a carreira em 1993, com a antologia de contos Aberração. Dois anos depois, publica pela Companhia das Letras Onze, uma história, seu primeiro romance, que o ajudou a se firmar como escritor no Brasil e na França, onde o livro ganhou tradução.

Conhecido pelos romances que misturam ficção com relatos documentais, como diários de viagem e textos jornalísticos, o escritor falou sobre como concebeu livros como Mongólia e Nove noites, este último uma narrativa sobre um antropólogo americano que comete suicídio no Brasil. “Para escrever Nove noites fiz uma pesquisa em arquivos sobre alguns dos personagens e tive a oportunidade estar em uma tribo indígena brasileira. Mas cada livro tem seu próprio modo de feitura”, disse o escritor ao jornalista e tradutor Christian Schwartz, que mediou o papo.

Sobre O filho da mãe, seu mais recente livro, resultado de uma viagem a São Petersburgo, na Rússia, Carvalho disse que o romance foi, entre outras coisas, construído a partir da sensação de paranoia que ele sentiu enquanto estava na cidade, celebrizada pelos romances de Dostoiévski, mas também pelos crimes que lá ocorrem. “Queria evitar o lado romântico de São Petersburgo, com suas pontes maravilhosas. Também queria fugir de qualquer referência literária, pois a cidade respira literatura. Então trouxe para o romance certa paranoia que permeia os cidadãos de lá, acossados pelos assaltos e crimes.”

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Carvalho ainda adiantou que seu próximo livro, ainda sem título e que deve ser lançado em setembro deste ano, trará elementos consagrados em outros trabalhos, como os já citados Mongólia e Nove noites. “O livro se passa todo em uma sala fechada de um aeroporto”, disse sobre a narrativa que começou a escrever em Berlim, onde morou durante o ano de 2012, auxiliado por uma bolsa de criação literária. A transcrição completa do bate-papo será publicada na edição de agosto do jornal Cândido.

 
O projeto

Retomado há dois anos, o projeto “Um Escritor na Biblioteca” já recebeu mais de 20 autores. Ainda este ano, estarão na BPP os escritores, Luci Collin (agosto), Marcelo Backes (setembro), Paulo Scott (outubro) e Michel Laub (novembro).

As conversas também são transcritas, editadas e publicadas no Cândido, jornal de literatura da BPP.

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