Affonso Romano de Sant'Anna fala sobre crônica e poesia na BPP 08/05/2014 - 10:50

No cenário literário desde os anos 1960, Affonso Romano de Sant'Anna participou ativamente de movimentos políticos, sociais e culturais que marcaram o país nas últimas décadas. É o que se pode chamar de uma lenda da cultura nacional. Afinal, poucos tiveram o privilégio de terem como interlocutores figuras como Rubem Braga, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino e Otto Lara Resende, entre tantos outros.

Sant'Anna conviveu com essas personalidades e se tornou, ele mesmo, um autor tão importante quanto os poetas e cronistas que admirava quando mais jovem. Foi a respeito dessa trajetória, construída a partir de livros que já se tornaram essenciais em nossa bibliografia literária, que Sant'Anna contou ao leitores que estiveram na Biblioteca Pública do Paraná na noite de quarta-feira (7). O autor mineiro foi o convidado do segundo encontro do projeto Um Escritor na Biblioteca em 2014.

“O Wilson Martins me criou um grande problema a dizer que eu seria o sucessor de Drummond. Afinal de contas, essa história não tem nada a ver. Somos totalmente diferentes. E naquela época [os anos 1980], todo mundo queria ser o Drummond, então fiquei em uma situação bastante delicada”, disse o autor de Que país é este?.

Mineiro de Juiz de Fora (1937), Sant'Anna disse ter se interessado pela literatura ainda criança, por meio da pequena biblioteca que seu pai mantinha em casa. “Minha trajetória está intimamente ligada a bibliotecas”, disse o poeta que nos anos 1990 dirigiu a Biblioteca Nacional, em uma gestão que ainda hoje é lembrada como revolucionária.

Jornalista, escritor e poeta, Sant'Anna também é professor e lecionou em diversas universidades brasileiras, entre elas a UFMG, PUC/RJ, UFRJ e UFF. No exterior, deu aulas nas universidades da Califórnia (UCLA), Alemanha (Koln) e França (Aix-en-Provence). Como jornalista, trabalhou nos principais periódicos do país, entre eles Jornal do Brasil e O Estado de S.Paulo e as revistas Veja e IstoÉ.
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“Hoje os jornais têm centenas de colunistas. Na verdade, são comentaristas políticos e culturais, poucos, muito poucos são cronistas de verdade. Isso é um assunto para as universidades estudarem, essa perda de identidade da crônica”, afirmou o sujeito que, atualmente, escreve para os jornais Estado de Minas e Correio Braziliense.

Com mais de 40 livros publicados, Sant'Anna foi vencedor de diversos prêmios literários, entre eles o Prêmio Mário de Andrade, Prêmio União Brasileira de Escritores e Prêmio Fundação Cultural do Distrito Federal. Pelo conjunto de sua obra ganhou o Prêmio da APCA, Associação Paulista de Críticos de Arte, e, em 2006, conquistou o Prêmio Jabuti, na categoria poesia, com a obra Vestígios.
O bate-papo completo será publicado na edição de junho do jornal Cândido.

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