Luci Collin leu contos, explicou o motivo de optar por uma literatura ousada (ao invés de uma dicção convencional, com começo, meio e fim) e dialogou com o público presente na edição do projeto “Um escritor na Biblioteca”, realizado na noite de ontem, 24 de outubro, na Biblioteca Mário Lobo, em Paranaguá. “Mesmo ao escrever uma história de amor, não vou apresentar apenas os impasses, os encontros e desencontros de um casal. A minha opção é pela linguagem e por criar um estranhamento”, disse Luci, no bate-papo mediado pelo contista e jornalista Marcio Renato dos Santos.

O bate-papo faz parte da programação da Semana Nacional do Livro e da Biblioteca, que acontece simultaneamente em Curitiba, Ponta Grossa e Paranaguá entre 23 e 29 de outubro.

A intertextualidade, o diálogo literário que Luci estabelece com outros autores, foi assunto presente durante parte significativa do encontro. A autora comentou, com detalhes, um poema de seu mais recente livro, Trato de silêncios (2012), em que faz menção à “Canção do exílio”, de Gonçalves Dias, e também a Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gullar, Mario Palmério, entre outros nomes, e obras, da literatura brasileira.

Professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Luci contou que já teve uma biblioteca com mais de 5 mil títulos, mas com o passar dos anos se “desapegou”, passando a doar os livros. Hoje, diz ter, no máximo, 500 livros e, quando se aposentar, pretende ter apenas 30 obras em casa. “Quem gosta de música e tem CDs, em geral, passa a ouvir muitas vezes, prestando atenção em passagem e detalhes. O mesmo deve ser feito com livros. Ninguém consegue revisitar tantas obras. Quero me apegar a uns poucos títulos”, confessou Luci.