Editorial

A diversidade literária não está apenas no circuito mais conhecido do Sudeste do Brasil. Ela também se encontra em outros centros do país. Ao produzir reportagens sobre escritores e projetos literários de dez grandes cidades brasileiras, o Cândido confirmou aquilo que nosso próprio mercado editorial vem mostrando há algumas décadas: a produção de prosa e poesia aumentou, há muitos jovens autores surgindo e encontrando mais facilidade para publicar, seja por meio de mecanismos ofertados pelo Estado, como concursos e editais, ou por iniciativa própria, já que a autopublicação se tornou uma saída viável para muitos escritores.

Por outro lado, as reportagens mostraram que a falta de distribuição de livros ainda é um problema crônico, o que impede que certos autores consigam extrapolar os limites de suas cidades ou Estados, ainda que a internet tenha amenizado essa invisibilidade. Revistas e jornais especializados, canais de difusão da literatura local dessas cidades retratadas, também sofrem com a falta de continuidade. O que é agravado pela crise dos jornais tradicionais, que praticamente extinguiram a cultura de seus cadernos.

Ainda assim, com todas as dificuldades, a literatura, um nicho da cultura historicamente desprezado no Brasil, tem resistido com força em várias partes do país, revelando autores e livros que mereciam ser mais conhecidos por um número maior de pessoas.

Além das cinco matérias sobre cenas literárias brasileiras, a 28ª edição do Cândido traz bate-papo com o poeta e romancista Paulo Scott, que participou do sétimo encontro do projeto “Um Escritor na Biblioteca” em 2013. Entre os inéditos, destaque para o conto “À maneira negra”, do escritor Benedito Costa Neto, que integra a seção “Em Busca de Curitiba”, e para o poema “A estrutura”, do poeta de Paranavaí Altair Cirilo dos Santos.