Poemas | Bruno Brum
28/09/2020 - 15:45
NINGUÉM ESTÁ VENDO
Queria ser outra pessoa,
queria outro nome
e uma vida normal.
A frase acima não é minha,
é de um amigo que realmente
queria ser outra pessoa.
Eu já sou outra pessoa,
mas isso não ajuda muito.
Ele quer ser outra pessoa
sendo ele mesmo,
e não ser outra pessoa
sendo eu (e eu já sou
uma outra pessoa).
Tudo isso é muito confuso
para mim, que sigo respondendo
e-mails pela manhã
e cozinhando brócolis com arroz
para o jantar.
Sou um cara tranquilo
e queria que meu amigo
também fosse,
mas o que ele quer
é ser outra pessoa
sendo ele mesmo,
enquanto eu,
preso em mim,
não posso ajudar muito.
É mais ou menos isso.
PASSO A PASSO
Existe o jeito certo
e o jeito errado.
Existe o jeito certo
que funciona
e o jeito certo
que não funciona.
O mesmo vale
para o jeito errado.
O jeito errado
nem sempre dá errado.
O mesmo vale
para o jeito certo.
O importante
é que funcione.
Não existe o jeito certo
e o jeito errado.
Existe um jeito errado
que no final dá certo
e um jeito certo
que no final dá errado,
entre outras possibilidades.
BRUNO BRUM nasceu em Belo Horizonte, em 1981, e vive em Monte Santo de Minas. É poeta e designer gráfico. Publicou os livros Mínima Ideia (2004), Cada (2007), Mastodontes na Sala de Espera (2011, vencedor do Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura, na categoria Poesia) e Tudo Pronto para o Fim do Mundo (2019).