POEMAS | Samir Gid 28/04/2023 - 12:52
aprésente-Se e outros poemas
blitzlebenrana, o bloco corta a avenida
músicaos olhos quando
vaivém dasein-caveira
dum cabloco kodakarana
nalegóric ala oca
taumatrópio, peripatético
abrasileirado dum filósofo
porque quilo estrábico
de seu câmera-olho
vai ver morar na filosofia
vis-à-vis à voz macia
dum yes, nois temos ser-aí:
vai partir como coco
samba-kiru no cinema falado
em caco de copo americano
de nossa ossain modum
com pinga na boca
é doença-minuto, mirim
vie sangue que queira
só blitz dum surdo um
e xaxará barroco
*
aprésente-Se
como corpo erudito demonstro; com o corpo estendido puxado esteja dito: recíproco & pra todos, por extenso, beijo deitado/conforto movimento dos braços pescoço com jeito: carinho; nos olhos encaixe torto: édito, caminho de um louco. tudo habito num giro — recito incorporado. erudido: odara
*
invisilha
se entre ventura ilha gramofone entre as palmeiras
se fissura e agulha o eco leitura e cadeira
sou insone em silêncio puro acaso
em paralelo pura essência
se perguntar minto gera apneia
a porta entreaberta
a brecha tão certa
é espaço sem senso
umbral da flecha
passar com atraso
não seja crente do passo
ou chegasse de repente
é exato a porta feche
de outro modo
a porta
arrombada o
fogo apaga
sonho acaba
acordo
mesmo tão abissal
esse local remoto
inverso
horizonte de martírios
longe
acesso no avesso
penso por começo
não relatam
não visitam
não há outras trilhas
não
são só delírios
outras ilhas
*
crusufixo
no santo ângulo de um ponto cego
medi-lo-ia por cada sarça
à sua imagem e semelhança
de tão anômalo verbo
era arcano de luzes e espelhos
ou ventar num horto de cristal:
tudo verborreia em origami
verbalizando em segredo
(seu sudário, seu espantalho).
deus está torto
eu vi um verbo impessoal
Samir Gid nasceu em Curitiba e cresceu em Japira, no Norte Pioneiro do Paraná. Formado em Publicidade e Propaganda (PUCPR) e mestrando em Comunicação e Formações Socioculturais (UFPR), atua como redator publicitário e realizador audiovisual. Com o grupo de arte experimental Coletivo 111, do qual é um dos fundadores, codirigiu o curta-metragem Napoleão da Ilha de Madalena, entre outros trabalhos. Os poemas publicados pelo Cândido integram seu livro de estreia, Hórus & Morangos, em pré-venda pela Kotter Editorial.