Sexo na estante

contos eroticos
Contos Eróticos

Lançado em 1984, o livro reúne 13 histórias de Dalton Trevisan marcadas pelo sexo. Com a linguagem concisa de sempre, o autor curitibano descreve situações cotidianas cruas e perturbadoras, mas sem perder de vista o humor negro. Histórias como “Dinorá, moça do prazer”, “Mocinha de luto”, “Visita à alcova de cetim” e “Lincha, tarado, lincha” são “Dalton puro”. Destaque para “Mister Curitiba”, vencedor do concurso de contos eróticos da revista Status, em 1976, e mais tarde incluído na antologia As 100 melhores histórias eróticas da literatura universal, organizada por de Flávio Moreira da Costa.

Erotismo no romance Brasileiro/ Erotismo no conto brasileiro

Publicados entre 1979 e 1980, os dois volumes trazem amostras da faceta erótica de autores consagrados da literatura nacional. O primeiro livro destaca trechos picantes de romances assinados por Carlos Heitor Cony, Erico Verissimo, Fernando Sabino, Guimarães Rosa, Lúcio Cardoso, José Lins do Rego, Marques Rebelo e Lygia Fagundes Telles. Na coletânea de contos, figuram textos de Autran Dourado, Domingos Pellegrini, Moacyr Scliar, Murilo Rubião, Salim Miguel e Orígenes Lessa, entre outros. O pesquisador, ensaísta e jornalista Edilberto Coutinho (1933 – 1995) foi o responsável pela organização.

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A Casa dos Budas Ditosos

João Ubaldo Ribeiro, morto no ano passado, produziu este romance por encomenda para uma série de livros sobre os setes pecados capitais. Acabou cravando uma das mais conhecidas obras da literatura erótica brasileira — e que ganhou sobrevida no teatro, em uma adaptação de sucesso assinada por Domingos Oliveira e estrelada por Fernanda Torres. Convidado a escrever sobre a luxúria, o autor criou uma personagem de empatia instantânea: CLB, uma senhora de 68 anos que narra, com muito humor e nenhum pudor, suas inúmeras experiências sexuais.

Dona Flor e Seus Dois Maridos

A ficção de Jorge Amado já era sinônimo de exotismo e sensualidade quando este livro foi lançado, em 1966. Mas a ousadia, para a época, de descrever um triângulo amoroso “além da vida” e a partir da ótica feminina consolidou de vez a reputação erótica do autor baiano. Com várias adaptações para o teatro, a televisão e o cinema (o filme de Bruno Barreto ainda é uma das maiores bilheterias nacionais de todos os tempos), o livro ultrapassou as 50 edições no Brasil e ganhou 19 traduções mundo afora — inclusive em búlgaro, tailandês, lituano, eslovaco e húngaro.

a vida
A vida como ela é

Em 1950, Nelson Rodrigues recebeu uma tarefa de Samuel Wainer, dono do jornal Última Hora: produzir uma nova coluna que retratasse histórias reais do cotidiano, mas com um “quê” de literatura. O autor de peças como A mulher sem pecado e Vestido de noiva aceitou o desafio e, em pouco tempo, “A vida como ela é” se tornou um dos maiores sucessos da imprensa brasileira. Adultério, desejos proibidos e relações clandestinas são os principais motes dos textos, que de lá para cá ganharam todo tipo de adaptação (teatro, tevê, radionovela, fotonovela). O volume que reúne esse material é uma porta de entrada perfeita para a obra rodrigueana.

Porno Chic

Cultuada como uma das maiores autoras da literatura brasileira, Hilda Hilst (1930 – 2004) deve boa parte desse reconhecimento à sua fase erótica. Pornô chic reúne justamente o material da chamada “trilogia obscena” da escritora paulista — formada pelos livros de prosa O caderno rosa de Lori Lamby (1990), Contos d’escárnio / Textos grotescos (1990) e Cartas de um sedutor (1991) —, além do volume de poemas Bufólicas (1992). Humor debochado, crítica social e práticas sexuais de todos os tipos permeiam os textos da autora, que jamais deixou o refinamento literário de lado.

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Pornopopeia

Entre os autores contemporâneos, Reinaldo Moraes é o nome mais lembrado quando se discute o sexo na literatura brasileira. Pornopopeia, seu romance de 2009, narra a trajetória de um ex-cineasta marginal que ganha a vida filmando comerciais de empresas desconhecidas. Ao aceitar a proposta de gravar uma campanha para um fabricante de embutidos, ele se envolve numa jornada marcada por sexo e drogas do início ao fim. Com mais de 500 páginas, o livro é um épico frenético e inovador, tanto na temática quanto na linguagem.

Estranhos sinais de Saturno

Dividida em três volumes, a coleção com as obras completas do poeta Roberto Piva (1937 – 2010) foi organizada pelo crítico Alcir Pécora, que desenvolveu um trabalho semelhante com o legado literário de Hilda Hilst. Estranhos sinais de Saturno é o terceiro livro da série e reúne a poesia rebelde e transcendente produzida pelo autor paulista de 1980 até 2008. Influenciado pelo surrealismo e pela geração beat, Piva também é uma das principais referências na literatura homoerótica brasileira.

amor natural
O amor natural

Carlos Drummond de Andrade também explorou a sexualidade em sua literatura. Mas os leitores só conheceram o resultado dessa experiência em 1992, cinco anos depois da morte do autor, por meio desta coletânea de material erótico. São 40 poemas que não separam o sentimento amoroso do desejo carnal, cultuam o corpo feminino e muitas vezes até beiram o pornográfico. Uma surpresa para quem, ainda hoje, vê Drummond apenas como o velhinho simpático representado em uma estátua na orla de Copacabana.

Antologia da poesia erótica brasileira

Organizada pela pesquisadora Eliane Robert Moraes, especialista em literatura erótica, esta coletânea conta com 350 poemas escritos nos últimos 400 anos por escritores nacionais. Do pioneiro Gregório de Matos ao pop Arnaldo Antunes, de autores canônicos a nomes pouco conhecidos. Mas o valor do livro não está apenas na quantidade. A variedade de formatos e linguagens apresentada ao longo do volume comprova que o texto erótico é uma forma de expressão complexa e digna de atenção permanente.