Reportagem | Academia Paranaense de Letras

Visibilidade para autores paranaenses

Prestes a completar 81 anos de atividade, a Academia Paranaense de Letras tem entre as suas metas difundir a História do Paraná nas escolas e restaurar o Belvedere — prédio localizado no Centro Histórico de Curitiba

Da redação

apl

Literatura e assuntos do universo cultural estão no cardápio do café da manhã mensal da APL.

O convívio que viabiliza diálogo a respeito de literatura e assuntos do universo cultural é um dos fatores que motiva e aproxima os integrantes da Academia Paranaense de Letras (APL). Toda segunda quarta-feira de cada mês, eles se reúnem para um café da manhã em uma unidade do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), no centro de Curitiba. Também participam de uma reunião-almoço uma semana antes, no Caffe Milano, no bairro Batel, para discutir a pauta do encontro.

O presidente da APL, Ernani Buchmann, diz que há vantagem em participar de uma entidade que tem entre seus integrantes figuras exponenciais da vida paranaense. “Estão lá grandes personalidades das expressões literárias, culturais, artísticas e científicas do Estado. Não te parece uma ótima razão? Claro, existe aquela ‘coisa’ de imortal, mas isso é simples detalhe. Todos somos mortais, obviamente”, afirma Buchmann, advogado, consultor de comunicação e escritor.

Em sintonia com o discurso do presidente da APL, Guido Viaro também diz que a principal vantagem de ser um acadêmico é a convivência com pessoas, em sua opinião, “admiráveis”. “Além disso, participar da APL proporciona uma visibilidade para um público diferente daquele que, em média, tem acesso a minhas obras”, comenta Viaro, 48 anos, o mais jovem integrante da associação, autor de 13 romances.

Buchmann, que seguirá à frente da APL até o final de 2018, salienta que não há desvantagem em participar da entidade, mas faz uma ressalva: “Talvez para quem seja antissocial, o fato de participar de eventos, ouvir um discurso ou outro e abraçar os colegas [não seja uma vantagem]. De minha parte, sempre aprendo com os demais acadêmicos. Gosto muito.”

Várias variáveis
Criada em 26 de setembro de 1936, a partir do modelo da Academia Francesa — são 40 cadeiras com caráter de perpetuidade —, atualmente a APL tem entre os seus integrantes o jurista René Dotti, o empresário Oriovisto Guimarães, o presidente da Federação do Comércio do Paraná (Fecomercio), Darci Piana, os poetas Adélia Maria Woellner e João Manoel Simões, as professoras e pesquisadoras Maria José Justino e Marta Morais da Costa, o prosador Paulo Venturelli e os jornalistas Adherbal Fortes, Carneiro Neto, Dante Mendonça, Laurentino Gomes, Luiz Geraldo Mazza, Nilson Monteiro e Roberto Muggiati, incluindo também o prefeito de Curitiba, Rafael Greca, entre outros.

Nilson Monteiro analisa que a APL tem uma amplitude intelectual e cultural, tanto em sua atual composição quanto a prováveis futuros componentes. Em relação à presença de vários jornalistas na instituição, Monteiro diz que há, de fato, uma tendência de a APL incorporar profissionais de imprensa. “Muitos jornalistas, além de atuarem em jornal, rádio ou tevê, também são escritores talentosos. Devido a isso, inúmeros jornalistas paranaenses merecem uma cadeira na APL”, observa.

Ampliar horizontes
Além dos encontros, a APL publica uma revista, que em breve chega na edição 67. Nesta gestão, Buchmann pretende disseminar a literatura e a cultura do Estado do Paraná — objetivos da entidade. Ele quer implementar o projeto “Academia vai à escola”, para apresentar a História do Paraná aos estudantes de todo o Estado, e ainda editar obras de autores paranaenses, entre outras ações.

Outra meta da APL é atrair para a entidade importantes autores do Estado. “A recente eleição de Roberto Gomes, para a cadeira 31, é só o começo. Outros nomes virão em breve”, anuncia. A restauração do Belvedere, prédio localizado no Centro Histórico, como espaço da APL é outra bandeira de Buchmann. Hoje, a sede está localizada no Sesc da Esquina, junto à Biblioteca Norton Macedo — administrada pelos acadêmicos.

Anualmente, cada integrante paga uma taxa de R$ 550 (quinhentos e cinquenta reais) e, no momento, há uma vaga aberta — para a cadeira 22. Para concorrer, é necessário ser nascido ou viver no Paraná há mais de dez anos e enviar ao presidente um ofício expressando a vontade de participar da eleição, um curriculum vitae e exemplares de sua produção literária ou acadêmica. “Só isso, antes de se submeter ao escrutínio dos acadêmicos”, completa o presidente da APL.