Prêmio Paraná de Literatura anuncia vencedores

A entrega oficial dos prêmios e o lançamento dos livros acontecem no dia 11 de dezembro

Da redação


A Biblioteca Pública do Paraná (BPP) divulgou na segunda quinzena de novembro os títulos dos livros vencedores do Prêmio Paraná de Literatura 2012. Em sua primeira edição, o concurso da Secretaria da Cultura do Estado (Seec) selecionou obras inéditas, de autores de todo o País, em três categorias que homenageiam figuras importantes da literatura paranaense.

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O júri apontou Sergio Y vai à América, de Alexandre Vidal Porto, como melhor romance (prêmio Manoel Carlos Karam). Papis et circensis, de José Roberto Torero, venceu a categoria de contos (prêmio Newton Sampaio). E As maçãs de antes, de Lila Maia, foi o destaque entre as obras de poesia (prêmio Helena Kolody). Cada autor receberá R$ 40 mil e terá sua obra publicada pela Biblioteca Pública, com tiragem de mil exemplares. A entrega oficial dos prêmios e o lançamento dos livros acontecem no dia 11 de dezembro, em evento a ser realizado na BPP.

Alexandre Vidal Porto venceu o Prêmio Manoel Carlos Karam, com o romance Sergio Y. vai à América

“O Prêmio Paraná teve ótima repercussão em todo o País e chamou a atenção do mundo literário. A prova disso são as quase 900 obras inscritas. Além disso, ter um autor como José Roberto Torero entre os vencedores é algo bastante significativo. A intenção de recolocar o Paraná no mapa dos grandes prêmios literários foi cumprida de maneira exemplar”, afirma Rogério Pereira, diretor da Biblioteca e presidente da comissão julgadora.

Segundo Pereira, a meta agora é trabalhar para fortalecer ainda mais o concurso. “O Prêmio terá continuidade em 2013. Já é uma certeza, pois temos recursos garantidos. Serão investidos novamente R$ 200 mil. Por ora, vamos manter as categorias de romance, conto e poesia. No entanto, estudamos alguns ajustes no regulamento, principalmente no que se refere ao ineditismo dos textos nos meios eletrônicos. É algo que já estamos discutindo. Também estudamos a possibilidade de parceria com uma grande editora para que os livros tenham circulação comercial em todo o País. Com isso, a tiragem de mil exemplares seria, no mínimo, dobrada”.

Comissão julgadora

torero

As 878 obras concorrentes foram avaliadas por um júri formado por nove membros (três em cada categoria). José Castello, João Cezar de Castro Rocha e Luiz Ruffato foram os jurados da categoria Romance. Marçal Aquino, Rodrigo Lacerda e Caetano Galindo escolheram o melhor livro de contos. Heloisa Buarque de Hollanda, Miguel Sanches Neto e Antonio Carlos Secchin analisaram as obras de poesia.



O experiente José Roberto Torero ganhou
na categoria contos com Papis et circensis


“Fiquei surpreso com o número de bons textos apresentados. E, igualmente, com a diversidade. Mininarrativas, realismo mágico, brutalismo, experimentalismo, realismo de fina cepa, humor. O Prêmio Paraná me provou que há muita variedade e qualidade esperando os leitores”, afirma o tradutor e professor da UFPR Caetano Galindo.

O escritor Miguel Sanches Neto também destaca a versatilidade da produção. “Apareceram bons livros nas mais diversas modalidades, dos volumes de haicais à poesia filosófica, das formas tradicionais aos experimentalismos, da poesia lírica à política e ecológica. A seleção foi feita a partir do conjunto, da capacidade de o poeta construir um livro com unidade de linguagem e de voz”, explica.

"A maior novidade do panorama das letras no Brasil não é, como se poderia pensar, o renascimento da vida literária. Pelo contrário, trata-se do surgimento da experiência literária no espaço público. São dois movimentos diferentes. O primeiro, a vida literária, supunha o círculo restrito de pessoas envolvidas profissionalmente com a literatura. O momento atual demanda a ampliação da experiência literária. Nesse sentido, a criação de um prêmio representa um estímulo muito importante", diz o crítico e professor da UERJ João Cezar de Castro Rocha.

Sobre os livros
 

lila
Castro Rocha conta que Sergio Y vai à América foi escolhido “de imediato” pelos três jurados do prêmio Manoel Carlos Karam. “Em relação aos outros originais, o romance de Tedoro Peluffo (pseudônimo usado por Alexandre Vidal Porto para participar do concurso) se destacou claramente pela consistência do projeto ficcional, o controle da voz narrativa e a força de linguagem”, justifica.




A maranhense Lila Maia, autora de
As maçãs de antes, venceu na categoria poesia


Para Sanches Neto, Lila Maia, de As maçãs de antes, é uma escritora de situações cotidianas e imagens densas. “Manifesta-se, em seu livro, uma voz feminina extremamente pessoal, em que o erotismo e a memória se mesclam para construir um discurso doloroso da condição humana. Sente-se, em todos os poemas, uma grande autenticidade”, afirma.

Segundo Galindo, a experiência de ler (e escolher) Papis et circensis foi um grande prazer. “É uma obra que não vai passar em branco. Porque tem de tudo: audácia, temática, inventividade formal, diversão, dor. A única coisa que não se pode esperar desse livro é monotonia”, garante.