Poemas | Bernardo Vilhena
o mosquito
pousa na tela do computador
passeia pelos ícones
encontra o branco do suposto
papel o espaço virtual
limita a área de atuação
o mosquito
anda em círculos
semicírculos elipses minha
atenção não era muita
porém bastante para
me ater a temas mais
importantes como a discórdia muçulmana
enquanto o mosquito roda
apressado em busca do
alimento nasce no distante
oriente o septo
bilionésimo habitante do planeta
terra
CAUSA E CONSEQUÊNCIA
a distinção do malandro
a ética do bandido
a elegância morreu
deixando um último aviso
multiplicaram os otários
dividiram a policia
apareceram os covardes
reinventaram a milícia
o morro era favela
tinha orgulho e feitiço
virou comunidade
dentro dos próprios princípios
o morro era família
a mãe, a vó e a tia
era a lei do esculacho
pra quem saía da linha
mas um dia, de repente
chegando sem dar aviso
a violência latente
virou as armas do crime
chega de tanta injustiça
um grito de verdade
tudo tem um limite
e mudou a realidade
um bairro dentro do bairro
marginalizado
uma vida paralela
um risco pra sociedade
a lei não é mais a lei
perdeu a autoridade
o morro tem um novo rei
e invadiu a cidade
QUE MÚSICA É ESSA?
Que música é essa?
Que invade o poema
E me impele a escrever?
Que ritmo é esse?
Que escolhe palavras
A seu bel prazer?
Que som é esse?
Ruído imperfeito
A quebrar o desenho
Que parecia tão claro
E agora desfeito
Desdenha da forma
E se impõe por si só?
A melodia interrompida
Imita a vida com nuances
Surpresas, acasos e improvisos
Nada me resta além
Do silêncio quebrado
E a imprecisão dos sentidos
Bernardo Vilhena nasceu e vive no Rio de Janeiro (RJ). Poeta e escritor, é autor de alguns dos maiores clássicos do rock brasileiro dos anos 1980 (“Vida bandida”, “Menina veneno”, “Vida louca vida”, “A vida tem dessas coisas”, entre outros). Sua produção poética foi reunida recentemente em Vida bandida e outras vidas (Azougue Editorial). A obra inclui sete livros (Agora, Prazer & compulsão, El tiempo de todos los tiempos, Balada para Carolina, Contemplação, Atualidades atlânticas, O rapto da vida) e alguns poemas esparsos publicados na seção Artimanhas almanaques e super OITO, que abordam temas como memória, delírio e a própria criação poética.
pousa na tela do computador
passeia pelos ícones
encontra o branco do suposto
papel o espaço virtual
limita a área de atuação
o mosquito
anda em círculos
semicírculos elipses minha
atenção não era muita
porém bastante para
me ater a temas mais
importantes como a discórdia muçulmana
enquanto o mosquito roda
apressado em busca do
alimento nasce no distante
oriente o septo
bilionésimo habitante do planeta
terra
CAUSA E CONSEQUÊNCIA
a distinção do malandro
a ética do bandido
a elegância morreu
deixando um último aviso
multiplicaram os otários
dividiram a policia
apareceram os covardes
reinventaram a milícia
o morro era favela
tinha orgulho e feitiço
virou comunidade
dentro dos próprios princípios
o morro era família
a mãe, a vó e a tia
era a lei do esculacho
pra quem saía da linha
mas um dia, de repente
chegando sem dar aviso
a violência latente
virou as armas do crime
chega de tanta injustiça
um grito de verdade
tudo tem um limite
e mudou a realidade
um bairro dentro do bairro
marginalizado
uma vida paralela
um risco pra sociedade
a lei não é mais a lei
perdeu a autoridade
o morro tem um novo rei
e invadiu a cidade
QUE MÚSICA É ESSA?
Que música é essa?
Que invade o poema
E me impele a escrever?
Que ritmo é esse?
Que escolhe palavras
A seu bel prazer?
Que som é esse?
Ruído imperfeito
A quebrar o desenho
Que parecia tão claro
E agora desfeito
Desdenha da forma
E se impõe por si só?
A melodia interrompida
Imita a vida com nuances
Surpresas, acasos e improvisos
Nada me resta além
Do silêncio quebrado
E a imprecisão dos sentidos
Bernardo Vilhena nasceu e vive no Rio de Janeiro (RJ). Poeta e escritor, é autor de alguns dos maiores clássicos do rock brasileiro dos anos 1980 (“Vida bandida”, “Menina veneno”, “Vida louca vida”, “A vida tem dessas coisas”, entre outros). Sua produção poética foi reunida recentemente em Vida bandida e outras vidas (Azougue Editorial). A obra inclui sete livros (Agora, Prazer & compulsão, El tiempo de todos los tiempos, Balada para Carolina, Contemplação, Atualidades atlânticas, O rapto da vida) e alguns poemas esparsos publicados na seção Artimanhas almanaques e super OITO, que abordam temas como memória, delírio e a própria criação poética.