Editorial - Cândido 92

A obra de João Antônio vai voltar às livrarias em novas edições em 2019. Um fato a ser comemorado, pois além dos livros mais célebres, alguns trabalhos menos conhecidos do autor também devem retornar, todos viabilizados pela Editora 34.

O jornalista e escritor Ronaldo Bressane pega carona na notícia para lembrar, em ensaio inédito, por que a obra do escritor que transitou entre São Paulo e Rio de Janeiro ainda é necessária e reverbera na literatura brasileira. Esmiuçando os grandes feitos linguísticos da escrita de João Antônio (a “dialética da malandragem”, apontada por Antonio Candido), Bressane também apresenta um visão sobre o lado jornalístico da produção do autor e da própria trajetória humana do escritor — facetas que vão desembocar em uma obra única no cenário brasileiro.

“Uma das sacadas geniais de João Antônio é colar-se a seus personagens em um misto de sobranceria e infortúnio, numa eterna montanha-russa emocional que, sentimos, molda a psicologia do próprio autor”, escreve Bressane. 

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No âmbito local, o ano também reserva outros “eventos” literários importantes. O jornalista Jonatan Silva reuniu em uma reportagem o que de mais interessante vai acontecer em termos de literatura em Curitiba em 2019 — publicações, bate-papos, cursos, etc. 

Na coluna Pensata, Miguel Sanches Neto debate questões caras ao romance histórico, gênero que tem ganhado espaço, mas que ainda sofre com recepções equivocadas. “Para o romancista, há uma inversão da lógica histórica: não é o passado que age sobre nós, mas nós que agimos sobre o que já aconteceu sem deixar de estar ainda acontecendo”, escreve o autor de A Bíblia do Che.  

Já o poeta Ademir Assunção põe em discussão a poesia brasileira contemporânea no artigo “Divergência como mote”, em que aponta algumas das vozes mais interessantes da lírica atual, em contraponto aos nomes destacados por José Castello em ensaio publicado no Cândido de janeiro. 

A edição ainda traz uma instigante entrevista com Leonardo Padura (foto), o autor cubano que conquistou os leitores brasileiros com romances como O homem que amava os cachorros.

O quadrinista Caco Galhardo, que em abril lança uma nova coletânea de tiras dos seus personagens mais famosos, aparece com uma breve HQ. E entre os inéditos, o Cândido publica poemas de Fabrício Marques e Celeste Ribeiro de Sousa, além de fragmento do primeiro romance do catarinense Marcelo Labes e um conto de Jacques Fux.

Boa Leitura.