Carta

Camarada Ruffato

O escritor mineiro Luiz Ruffato parece um antologista que sobreviveu à URSS. A desfaçatez e arrogância com que apaga, de borracha intelectual à mão, homens & obras da história da literatura paranaense é simplesmente notável. Triste personagem que deve ter feito falta ao elenco de escrevinhadores soviéticos, agora se infla de autoridade para reescrever, com impune ligeireza, a vida intelectual do Paraná na introdução ao livro 48 contos paranaenses. Dando a nítida impressão de que caiu de paraquedas na nossa história literária, sim, “nossa história”, catarinense que sou e paranaense com meio século de produção cinematográfica, literária e poética no Paraná (ora direis!), o vezo excludente de Ruffato beira o inverossímil. Assim, como explicar esse apetite censório do antologista ao omitir tanto a minha condição de autor na suma recém-vinda a lume, quanto a de editor, contista e crítico de cinema do suplemento literário letras e/& artes (1959-1961), hein? Que fosse tão somente mais uma rata do infausto Ruffato, ao ignorar o conto “Os caranguejos”, ou ainda o conto “Tio Coito”, apenso ao roteiro do filme A Guerra dos Pelados (2008), tudo bem, eu relevaria. Mas, vamos combinar, ao persistir em dar uma de morto, desta feita quanto ao livro Guerra do Brasil (2010), toda uma coletânea de curtas estórias, além de acinte, soa como um premeditado e desonesto interdito ao meu estro. Assim, vejamos: Guerra do Brasil teve mídia e lançamento nacional, além de inestimável orelha escrita pelo premiado escritor Marcelino Freire. Portanto, camarada Ruffato, tome tento!

Sylvio Back, cineasta, poeta e escritor.