RETRANCA | Prateleira 18/09/2025 - 16:08
Por Cacília Zarpelon e Redação Cândido
O jornal Cândido convidou algumas entrevistadas a compartilhar suas indicações de leitura. A seguir, reunimos algumas das recomendações:
Eu sou Macuxi e outras histórias
(Caos e Letras, 2021)
Trudruá Dorrico
Eu sou Macuxi e outras histórias traz narrativas que expressam a cultura, memória e a ancestralidade do povo indígena Macuxi. Na obra, a autora conta sua jornada de descoberta e afirmação da identidade indígena, valorizando a oralidade, o pertencimento e a resistência dos Macuxis diante das tentativas de apagamento cultural.
Periférica
(Padê Editorial, 2021)
Kika Sena
Coletânea de poemas que dá voz à vivência da autora, uma mulher trans, travesti, preta e periférica. Com uma escrita que mistura denúncia, resistência e poesia, Sena expõe violências estruturais, como transfobia e racismo, mas também celebra o afeto, a identidade, a memória, a ancestralidade e o pertencimento.
Um defeito de cor
(Record, 2006)
Ana Maria Gonçalves
Romance histórico que acompanha a trajetória de Kehinde, uma mulher africana escravizada no Brasil do século 19. Separada do filho, ela embarca em uma longa jornada marcada pela violência, mas também pela luta, pela resistência e pela busca por liberdade, atravessando territórios no Brasil e na África. Escrito pela mineira Ana Maria Gonçalves, primeira mulher negra a se tornar imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), foi eleito pelo jornal Folha de S.Paulo como o melhor livro de literatura brasileira do século 21.
As mulheres de Tijucopapo
(Ubu Editora, 2021)
Marilene Felinto
Publicado pela primeira vez em 1982, o livro narra a jornada de Rísia, uma jovem negra que retorna à terra natal da mãe, Tijucopapo, em busca de suas origens. A obra mistura memória, história e ficção, evocando a luta real de mulheres pernambucanas contra invasores holandeses no século XVII. O romance, que articula temas como identidade, racismo, desigualdade e resistência feminina, é considerado um marco da literatura feminista e antirracista brasileira.
O gosto amargo dos metais
(7Letras, 2022)
Prisca Agustoni
Livro de poemas que transforma os desastres de Mariana e Brumadinho em poesia. A autora reflete sobre a destruição ambiental e humana, usando imagens potentes e o nome indígena do rio Doce, Watu, como símbolo de resistência. A obra venceu prêmios importantes como o Oceanos 2023 e o Prêmio Suíço de Literatura.
Siriricas tristes
(Veneta, 2020)
Carol Ito
Coleção de tiras em quadrinhos que mistura humor e ironia para abordar temas como sex toys, aplicativos de relacionamento, machismo e não monogamia. Criada durante a pandemia e originalmente publicada no Instagram da autora, a série retrata com sarcasmo e leveza as angústias, medos e fantasias vividos por muitas mulheres durante o isolamento social.
Mau hábito
(Amarcord, 2023)
Alana Portero
Romance ambientado em um bairro operário de Madri nos anos 1980, que acompanha a trajetória de uma menina trans em sua jornada de autodescoberta. Com tom feroz e poético, o livro explora o ressentimento contra um sistema que rejeita as diferenças, explorando a sobrevivência e o crescimento em meio à violência.
Descolonizando afeto: experimentações sobre outras formas de amar
(Paidós, 2023)
Geni Núñez
Coletânea de textos que questionam normas sociais e culturais ligadas ao amor e à afetividade. A obra propõe caminhos para repensar os relacionamentos afetivos e as relações interpessoais, valorizando experiências que rompem com perspectivas coloniais e hegemônicas.
O perigo de estar lúcida
(Todavia, 2023)
Rosa Montero
A obra mistura ensaio e ficção, refletindo sobre a relação entre criatividade e loucura. Com base em sua experiência pessoal e estudos em psicologia, neurociência e literatura, a autora explora a combinação de fatores químicos e situacionais que desencadeia a explosão criativa, revelando como ideias surgem nesse processo, atravessando territórios próximos à instabilidade mental.
A guerra não tem rosto de mulher
(Companhia das Letras, 2016)
Svetlana Aleksiévitch
Livro-reportagem que reúne depoimentos de mulheres soviéticas que participaram da Segunda Guerra Mundial. Suas histórias, muitas vezes silenciadas, revelam experiências de combate, dor, trabalho e sobrevivência, trazendo uma perspectiva feminina inédita sobre o conflito.
Ponciá Vicêncio
(Pallas, 2003)
Conceição Evaristo
Romance que narra a trajetória de Ponciá, uma mulher negra que migra do interior para a cidade em busca de novas oportunidades. O livro trata de temas como identidade, preconceito, família e reconstrução pessoal, em uma narrativa marcada pela escrita poética da autora.
Paixão simples
(Fósforo, 2023)
Annie Ernaux
Relato autobiográfico sobre um relacionamento breve e intenso vivido pela autora, vencedora do Nobel de Literatura de 2022. Com uma escrita confessional, a escritora narra o período em que viveu um amor avassalador com um homem casado, explorando a transição entre a razão e o pensamento mágico, e refletindo sobre o poder da escrita para dar voz ao amor e à memória.
Escute as feras
(Editora 34, 2021)
Nastassja Martin
Relato autobiográfico em que a autora, uma antropóloga francesa, narra sua experiência após ser atacada por um urso durante uma expedição etnográfica na Sibéria. A obra acompanha a recuperação física e psicológica da escritora, trazendo reflexões sobre corpo, cultura e natureza.