Prateleira 13/05/2015 - 09:19
Cem anos de solidão, de Gabriel García Marquéz
Publicado em 1967, o romance é considerado o marco-zero do boom latino-americano. O livro conquistaria leitores e crítica, tornando o autor uma referência em âmbito mundial. Quinze anos após publicar Cem anos de solidão, Gabo, como o autor também era conhecido, receberia o Prêmio Nobel de Literatura. O escritor ambientou a longa narrativa em uma cidade inventada, Macondo, habitada pela família Buendía durante várias gerações. “Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer a fábrica de gelo.” Esta frase deflagra o romance que apresenta, entre outras características, uma população que perde a memória, sejam mulheres que se trancam por décadas dentro de casas ou homens que arrastam atrás de si um cortejo de borboletas marelas. A obra de ficção mostrou ao mundo o que foi ou pode ter sido a realidade dos caribenhos a partir da sensibilidade, do atento olhar e da linguagem única de Gabriel García Marquéz (1927-2014).
Alvo noturno, de Ricardo Piglia
O professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Claudio Cruz destaca o argentino Ricardo Piglia, nascido em 1941, como um dos nomes mais importantes do pós-boom latino-americano. “No âmbito da literatura argentina, ele enfrentou o fenômeno que o antecedeu no campo cultural e literário de um modo, me parece, mais correto, ou seja, olhando nos olhos da Górgona, para usarmos uma expressão da mitologia que t raduz bem o que estamos tratando. Como um escritor argentino, a Górgona — para ele — se chamava Jorge Luis Borges. Piglia refletiu e escreveu muito sobre o autor de Ficções e, do meu ponto de vista, saiu-se bem, até onde se pode sair bem desse tipo de enfrentamento”, diz Cruz. Em meio a uma produção consistente, Piglia publicou em 2010 Alvo noturno, romance ambientado numa região do pampa argentino durante a ditadura militar a década de 1970 — e o escritor consegue, por meio da ficção, e de uma habilidade narrativa ímpar, jogar luzes sobre um dos grandes dramas argentinos.
Pedro Páramo, de Juan Rulfo
“Vim a Comala porque me disseram que aqui vivia meu pai, um tal de Pedro Páramo.” O começo de Pedro Páramo, romance publicado em 1955 por Juan Rulfo, é um dos mais marcantes da literatura universal, xatamente por levar o leitor, já no início do livro, ao ponto central da obra. O narrador, Juan Preciado, filho de Pedro Páramo, viaja para uma região distante de onde vive em busca do pai. Na jornada, encontra fantasmas, os quais revelam atrocidades praticadas pelo personagem que dá o nome ao romance. Se o enredo já sugere, os estudiosos confirmam: Rulfo, com esta narrativa, antecipou o chamado boom da literatura latino- mericana. Sem Pedro Páramo, afirmam especialistas, não existiriam Cem anos de solidão (1967), de Gabriel García Marquéz, nem a ficção de Mario Vargas Llosa e tudo aquilo que posteriormente formou o realismo mágico da literatura hispano-americana. O mais surpreendente do livro é se dar conta de que Juan Preciado não conversa com o leitor, e sim com a sua mãe: mais que isso, ambos, narrador e mãe, estão mortos.
Um dos monstros da literatura universal de todos os tempos é o argentino Jorge Luis Borges (1899-1986). Ele antecipou o boom da literatura hispano-americana, já era conhecido antes da visibilidade de Gabriel García Marquéz, Mario Vargas Llosa e companhia, mas após o boom, o legado de Borges se espalhou e se consolidou ainda mais. Ensaísta, poeta e, principalmente, contista, o gigante argentino está a cada dia mais onipresente no universo das letras. A literatura do catalão Enrique Vila-Matas, festejado autor contemporâneo, dialoga com a herança borgiana. Ficções, publicado em 1944, é um dos modelos exemplares do que Borges produziu e também se revela como uma matéria-prima na qual Vila-Mata se alimenta. Nesta narrativas, há muitos jogos. Os enredos fazem referência a outras obras literárias, proporcionando uma espécie de jogo para o leitor: cada conto de Borges não se encerra com o ponto final — os textos remetem a outros textos e a outros autores, continuamente. Alguns dos mais conhecidos contos do autor estão nesta seleta: “Pierre Menard, autor do Quixote”, “A biblioteca de Babel” e “As ruínas circulares”.
A vida breve, de Juan Carlos Onetti
O escritor uruguaio Juan Carlos Onetti (1909-1994) afirmou: “Escrever é ser como Deus”. Guardadas todas as proporções, ele também criou um mundo, no caso, um universo literário: a imaginária cidade de Santa María. Nesta urbe onettiana se passa A vida breve, romance publicado em 1950, um dos marcos da ficção hispano- -americana, inspiração direta e indireta para autores como Julio Cortázar e Mario Vargas Llosa. Em A ida breve, a esposa do publicitário Juan María Brausen está se recuperando de uma cirurgia, os seus seios foram extraídos, ao mesmo tempo em que, no apartamento ao lado, outra personagem desfruta de tudo o que exo pode proporcionar. Esta não é apenas a única contradição que a narrativa apresenta: Brausen, publicitário não muito bem-sucedido, pode perder o emprego e, então, decide escrever o roteiro para um filme. Solidão, falta de perspectivas e fracasso iminente, entre outros impasses, estão na atmosfera desta obra, escrita com perícia incontestável. Onetti foi um dos primeiros escritores latino-americanos a receber atenção da crítica nos Estados Unidos e na Europa. Conquistou o Prêmio Nacional de Literatura do Uruguai, o Prêmio Cervantes e uma indicação para o Nobel.Ficções, de Jorge Luis Borges
Um dos monstros da literatura universal de todos os tempos é o argentino Jorge Luis Borges (1899-1986). Ele antecipou o boom da literatura hispano-americana, já era conhecido antes da visibilidade de Gabriel García Marquéz, Mario Vargas Llosa e companhia, mas após o boom, o legado de Borges se espalhou e se consolidou ainda mais. Ensaísta, poeta e, principalmente, contista, o gigante argentino está a cada dia mais onipresente no universo das letras. A literatura do catalão Enrique Vila-Matas, festejado autor contemporâneo, dialoga com a herança borgiana. Ficções, publicado em 1944, é um dos modelos exemplares do que Borges produziu e também se revela como uma matéria-prima na qual Vila-Mata se alimenta. Nesta narrativas, há muitos jogos. Os enredos fazem referência a outras obras literárias, proporcionando uma espécie de jogo para o leitor: cada conto de Borges não se encerra com o ponto final — os textos remetem a outros textos e a outros autores, continuamente. Alguns dos mais conhecidos contos do autor estão nesta seleta: “Pierre Menard, autor do Quixote”, “A biblioteca de Babel” e “As ruínas circulares”.



