ESPECIAL | Além do óbvio 31/05/2021 - 12:02

A reportagem do Cândido selecionou seis títulos escritos por autores “fora do eixo” publicados recentemente no Brasil. Entre os destaques estão a omanesa Jokha Alharti — vencedora do International Booker Prize — e Multatuli, o “Machado de Assis Holandês”

 

 

cidadã

 

Cidadã de Segunda Classe — Tão logo começaram a chegar ao Brasil, os livros da nigeriana Buchi Emecheta conquistaram um público vasto e apaixonado. Há quem opte por começar a leitura da autora por As Alegrias da Maternidade, mas é em Cidadã de Segunda Classe que ela mostra o choque de realidade — e racismo, e xenofobia — que conheceu em Londres. Foi por lá também que começou a construir sua trajetória editorial, numa história que se conecta com a questão da centralidade de certas línguas e países. No Fundo do Poço e Preço de Noiva também estão disponíveis no Brasil, todos pela Dublinense.

damas

 

Damas da Lua — Livro que rendeu o primeiro International Booker Prize a uma escritora de língua árabe, nesse romance a omanesa Jokha Alharti constrói uma narrativa com múltiplas perspectivas para falar do choque entre o progresso, as inovações e a tradição. É bonita a camada com uma certa utopia que há na obra publicada pela Moinhos.

museu

 

Museu do Silêncio — Apesar de a literatura japonesa ser até que bem conhecida no Brasil, há muitos autores que valem a pena, mas passam despercebidos. Yoko Ogawa é um exemplo. Seus romances são cativantes, excêntricos e contam com uma boa camada de mistério. Em Museu do Silêncio, um museólogo chega a um estranho vilarejo para trabalhar na construção de um acervo igualmente insólito, que busca reunir os pertences mais simbólicos de pessoas que morreram na região. A fórmula preferida do professor também é uma aposta interessante para conhecer a autora, cujo terceiro livro publicado no país acaba de sair pela Estação Liberdade: A Polícia da Memória.

minha irmã

 

Minha Irmã, a Serial Killer — Rosana Morais Weg falou sobre a diversidade de estilos que podemos encontrar em diferentes literaturas de países africanos. Colocar a também nigeriana Oyinkan Braithwaite na mesma lista de Buchi Emecheta comprova essa variedade. Em Minha irmã, a seria killer, publicado pela Kapulana, a jovem, que esteve na Flipelô de 2019, constrói um thriller psicológico com certa pegada young adult. Agora a editora lança a segunda obra da escritora por aqui: O Bebê é Meu.

max

 

Max Havelaar — Daniel Dago assume: ficou decepcionado com a fraca recepção que teve a sua tradução do clássico holandês publicado pela Âyiné. As palavras que usa para definir o autor do século 19 ajudam a explicar a chateação. “Multatuli é o Machado de Assis holandês e seu romance é o principal livro da história do país, algo como Dom Quixote ou Memórias Póstumas de Brás Cubas’”.

da presença

 

Da Presença da Ausência — Central na literatura palestina e no mundo árabe, Mahmud Darwich, que morreu em 2008, fez de Da Presença da Ausência uma espécie de despedida. A obra, uma das responsáveis por lançar a editora Tabla no mercado, passa por temas caros ao poeta ao longo da carreira, como o amor, o exílio e a morte.