ESPECIAL | Prateleira 28/04/2023 - 12:54

Uma seleção de livros que dialogam com o movimento das artes negras especulativas

 

 

 

 

 

 

O Vendido (Todavia, 2017), de Paul Beatty

 

A história acompanha o personagem Eu, que passou grande parte da vida servindo de cobaia em experimentos de estudos raciais realizados por seu pai, um excêntrico sociólogo. Depois que o patriarca é assassinado, sua cidade corre risco de sumir do mapa, por motivos burocráticos e econômicos. Agora Eu e outros moradores — incluindo o velho Hominy Jenkins, famoso por ser o último ator vivo da série Os Batutinhas — precisam fazer de tudo salvar o local, inclusive colocar em prática um plano que envolve, de forma irônica, a segregação racial. Polêmico ao máximo, o autor se utiliza de muitos recursos afrossurrealistas durante a trama, desde os experimentos malucos do pai do protagonista até uma viagem psicodélica e quase onírica dentro de um ônibus.

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A Água É uma Máquina do Tempo (Círculo de Poemas, 2022), de Aline Motta

 

Curto, direto e surreal. Neste livro, Aline reconta a história de seus antepassados em uma narrativa que mistura prosa, poesia, pesquisa e imagens. Todas essas linguagens guiam o leitor em uma viagem pelo passado, o presente e o futuro. O pano de fundo é o Rio de Janeiro, terra natal da autora, e que na obra é uma peça fundamental para se entender o que foi o passado colonial no Brasil.

 

 

 

 

 

 

 

Afropessimismo (Todavia, 2021), de Frank B. Wilderson III

 

Um dos principais movimentos dentro das artes negras especulativas é o afropessimismo, versão distópica do afrofuturismo. Nesse livro, Frank B. Wilderson III combina memória e filosofia para apresentar as bases desse conceito. Uma das suas reflexões dá conta de que os negros não são  considerados sujeitos humanos: eles servem de ferramentas para as fantasias dos brancos, encontrando-se numa eterna escravidão “para a qual não existe estratégia imaginável de reparação”.

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Kindred: Laços de Sangue (Morro Branco, 2017), de Octavia Butler

 

Considerada a mãe do afrofuturismo, Octavia Butler narra história de Dana, uma escritora que em meio a livros e à bagunça de uma mudança recente começa a sentir tonturas e enjoos. Ela cai no chão e, quando abre os olhos, está rodeada de árvores, no que parece ser uma floresta profunda. Logo avista um rio, onde um menino está se afogando. Ao salvar a criança, percebe estar sob a mira de uma espingarda. A personagem volta ao normal, mas a experiência se repete. Em Kindred, Olivia usa o conceito de viagem no tempo para discutir os dilemas da escravidão.