Poemas | Sérgio Viralobos

Acabou-se nosso tempo

Nessa vida

Não há mais o que fazer

Vamos deixar pra depois

Quem sabe não sou

Seu próximo par?

Te amo se bem me lembro

Isso se ressuscita

A dor e o prazer

Podemos renascer em dois

O pior já passou

Mas vai voltar

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Te dei o pouco que não tive 

Você aceitou por baixo do pano

Foi um amor em crise

Flor carnívora amando vegano

Voltou pra mim em rima livre

Reguei demais por engano

Orquídea que diva vive

Com uma gota de água por ano

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Debaixo de chuva

Contra corrente de gente

Sob fogo cruzado

Apesar da agonia

Te amo mais um ano

Pela pelica da luva

Pelo ato inconsequente

Sobre o inexplicado

Prazer de ouvir: quem diria?

Te amo mais um ano


gy


Ilustrações André Coelho


JOGO JOGADO


Vestir xadrez

Pra dama branca

Trocar a torre

Pelo peão

Mais uma vez

Quebrar a banca

De pôquer podre

Errando a mão

Melhor de três?

Sem esperança

Porque não soube

Pedir perdão


Quando falo do bom deus

Pensa que estou citando o demônio

Ela diz desprezar os filisteus

Ouço que me pediu pra santo antonio

Vivemos noites de são bartolomeus

Vemos chifre na cabeça de unicórnio

Esqueço seu nome, ela erra os meus

Extintor queimou nosso oxigênio

g
 
tfr




Sérgio Viralobos é compositor de importantes bandas de rock de Curitiba. Em parceria com poetas da cidade, escreveu, entre outros livros, Dois mais dois são três em um (1983), Perolas aos poukos (1988), Os catalépticos (1990), Eu, aliás, nós ( 1995) e Um fausto (1996). Também integrou as antologias Fantasma civil (2013, organizada por Ricado Corona), e 101 poetas paranaenses (2014, organizada por Ademir Demarchi para o selo Biblioteca Paraná). Em 2014, publicou Piada louca, seu primeiro livro solo. Viralobos vive em São Paulo (SP).