Poemas | Andrey Luna Giron

METAFÍSICA DO PÃO                                                               
Poema Andrey
   

O todo transita, afia e grita.
Se cala rude (feixe em riste),
Como ardente veia acesa.
O todo pleno, imóvel, (teu manto-olhar é céu em chamas),                                               
Espasma a retina que cobre a terra, (candura), e fria.
Tua pele morta (lama imanente)
Nutre o órgão coráceo ao olhar do recém-nascido.
Recebe a massa e o ferro do pão sublime.
Tua santidade de morte e vida.
Mãos sulcadas semeando faces de aço,
Fustigadas e amadas pelos fogos (lâminas),
Que perfuram como dois olhos cerrados, (punhais descobertos),
Maduros e fartos.
A fundura (escura) de partos.
E grita.
Pela morte do pão, e ascensão da cinza,
Ardência em chama
E te chama à luz.


(CORPO) DO AMAR

Há raízes fundas,
Que perfuram teus pés
E explodem na retina,
Que amam a cegueira nos campos da ira,
O escuro da entranha do olhar aberto,
A podridão dos frutos no fundo do abismo da terra,
Todos os ódios possíveis calados como um útero,
Forte e inexpugnável
Como a pele da córnea,
E a possibilidade dela abarcar toda luz impossível

ANDREY 2


Andrey Luna Giron nasceu e vive em Curitiba (PR). É autor de Cósmicas (2010). Os dois poemas publicados nesta edição do Cândido integram um novo livro,previsto para o segundo semestre deste ano.

Raro de Oliveira nasceu no Rio de Janeiro. Graduado em Design Gráfico pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é designer, ilustrador, artista plástico,com passagem por agências de publicidade no Rio, BeloHorizonte e na capital paranaense. Vive em Curitiba (PR).