Muito além da técnica

A Divisão de Processamento Técnico é o setor responsável por receber as doações que são incorporadas ao acervo da Biblioteca Pública do Paraná, que é um dos maiores do Brasil, com 500 mil exemplares

Felipe Kryminice e Monique Cellarius


Um acervo de mais de meio milhão de documentos – entre livros, periódicos e material de áudio e vídeo – não se constrói do dia para noite – nem sozinho. O acervo da Biblioteca Pública do Paraná vem sendo constituído com a ajuda de doadores desde a fundação da instituição, no longínquo ano de 1857, apenas quatro anos depois da emancipação do Estado do Paraná, ocorrida em 1853.
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A Divisão de Processamento Técnico é hoje a porta de entrada para esses novos títulos – provenientes não só de doação, mas também de compra. A Técnica, como a Divisão é chamada, é responsável pelo recebimento, seleção e o respectivo encaminhamento das obras que chegam à BPP. A Técnica compreende todas as etapas do processo de cadastro de um novo item.

Assim que uma nova doação chega, há uma seleção prévia feita pelos funcionários da própria Divisão de Processamento Técnico. Depois disso, os títulos são separados de acordo com o assunto e os chefes das Seções decidem se o material é pertinente ou não. Caso o material seja aproveitado, ele segue então para a Seção correspondente ao seu assunto.

Uma vez aproveitados, os materiais passam pelo processo de catalogação, classificação e indexação – etapa que consiste em determinar o assunto da obra. Por fim, realiza-se o cadastro no sistema local. Após isso, acontece o preparo físico, que se dá por meio da confecção de bolso e etiqueta para cada exemplar.

“Já os livros que não são incorporados ao acervo da BPP, a Divisão de Extensão se encarrega de encaminhar para Bibliotecas Públicas Municipais que tenham interesse”, conta Mara Rejane Vicente, chefe da Divisão de Processamento Técnico.

Rejane ainda destaca a individualidade de cada item e a minúcia que o trabalho de seleção envolve. “Um livro não é como uma mercadoria comum. Cada exemplar tem sua singularidade, sua individualidade e suas características. Há todo um trabalho a respeito de sua origem, seu estado de conservação. Também buscamos informações sobre o número de sua edição, além de uma avaliação para saber se se trata de uma obra rara. Enfim, existe todo um cuidado especial com cada exemplar recebido.”

Doações

A BPP também oferece alternativas para incentivar a doação de livros. Os usuários que não devolveram os livros emprestados ou possuem multas, por exemplo, têm a possibilidade de negociação da pendência por meio da doação de livros. “É um modo de viabilizar a quitação das dívidas e, ao mesmo tempo, enriquecer o acervo da biblioteca”, diz Sizuko Takemiya, chefe da Divisão de Obras Gerais, que também participa do processo de seleção das doações.

Instrumento importante para qualquer biblioteca pública, a doação, no entanto, precisa levar em conta alguns critérios. Rejane diz que não interessam à Biblioteca “materiais incompletos, enciclopédias, livros de direito e técnicos desatualizados, assim como livros didáticos já preenchidos ou rasurados.”

No entanto, destaca a importância das doações. “Em média, recebemos dois mil exemplares por mês. Com a exceção de alguns casos de doações impróprias, a maior parte dos materiais chega em ótimas condições de aproveitamento. O que ajuda a enriquecer o acervo da BPP.”