Livros para as mãos e os ouvidos

O maior acervo digitalizado do Brasil, para atendimento de deficientes visuais, está na Biblioteca Pública do Paraná

Monique Cellarius

Segundo a pesquisa "Retratos da Leitura no Brasil", de 2008, do Instituto Pró-Livro, 400 mil pessoas leem Braille no Brasil. A Biblioteca Pública do Paraná, juntamente com os institutos Benjamin Constant e Dorina Nowill, é um das responsáveis por difundir o sistema no país. A BPP tem hoje o maior acervo digitalizado, para atendimento de pessoas com deficiência visual, do Brasil. São mais de 23 mil exemplares em formato digital, que estão disponíveis não só para os seus 300 usuários cadastrados, mas também para leitores de várias bibliotecas do país: parte do acervo é concedido pela BPP, em regime de parceria, a outras instituições.
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O Brasil conhece o sistema Braille desde 1854, data da inauguração do Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro. Na BPP, segundo o chefe da seção Braille, Airton Simille Marques, o Braille começou a se desenvolver em 1981, quando o acervo foi colocado à disposição dos usuários.

Processo de escrita e leitura baseado em 64 símbolos em relevo, resultantes da combinação de até seis pontos dispostos em duas colunas de três pontos cada, o Braille é utilizado por pessoas cegas ou com baixa visão, e a leitura é feita da esquerda para a direita, ao toque de uma ou duas mãos ao mesmo tempo. “Há, na BPP, utensílios especiais, como lupas, livros com relevo, texturas e também audiolivros, que são destinados não apenas a pessoas cegas, mas para qualquer leitor que possua algum tipo de deficiência visual”, diz Marques.

A seção Braille da BPP trabalha com três tipos de livros: em Braille, em áudio e digital. Os livros em Braille são aqueles que permitem a leitura por meio do tato, com as pontas dos dedos. Há mais de 1.500 títulos e um total de 3.500 volumes desse tipo de livro na seção. Grande parte do acervo vem de doações da Fundação Dorina Nowill, de São Paulo, e do senado federal. Vinte voluntários se revezam no atendimento da seção, que registra uma circulação mensal de aproximadamente cem pessoas.

Os livros em áudio, ou falados, são gravados com vozes sintetizadas e vozes humanas. As vozes sintetizadas são produzidas por computador na própria BPP. Parte do acervo de livros em vozes humanas é comprada pela biblioteca, o restante vem de doações, inclusive de Portugal. Já os livros digitais, que são livros digitalizados transformados em áudio, em sua maioria, também são produzidos pela BPP, que disponibiliza parte desse acervo para outras bibliotecas do país.

A seção Braille da BPP possui ainda um acervo com livros infantis adaptados, produzidos artesanalmente, com ilustrações em relevo, em que as crianças podem sentir as diferentes texturas da história.

Serviço:
A Seção Braille funciona de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 19h, e aos sábados, das 8h30 às 13h.
Mais informações pelo telefone (41) 3221-4985, ou pelo email braille@pr.gov.br.