Estante | José de Alencar

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Iracema
“Este livro é uma obra-prima, dentro e além da literatura brasileira. Não devemos nos insensibilizar por sua canonização”, afirma a professora da Uerj Andréa Sirihal Werkema. Publicado em 1865, o romance envolve um aspecto histórico polêmico: a protagonista Iracema trai seu povo e sua cultura por amor ao homem branco, Martim. “Além disso, é uma experimentação ousada com a forma literária, que funde romance, novela, poesia e cria, do nada, uma língua completamente literária, ao fazer do português uma espécie de tradução lírica da língua tupi”, diz Andréa.

O Guarani
Na avaliação da professora da PUCRS Maria Eunice Moreira, O Guarani (1857 ) é o destaque do legado de José de Alencar. “Com este livro, Alencar funda não só o romance brasileiro, mas a literatura brasileira”, diz Maria Eunice. A obra traz, entre outros destaques, os personagens Peri e Ceci, presentes no imaginário nacional e, no caso de Peri, cantado por Caetano Veloso em “Um índio”. Adaptado para ópera por Carlos Gomes, o romance funde, como enfatiza a professora da PUCRS, elementos nativos com estrangeiros (o mundo natural e o civilizado).

Ubirajara
O romancista Alberto Mussa considera Ubirajara o ponto alto do legado de José de Alencar. Publicada em 1874, a narrativa é, como Mussa salienta, o único romance pré-histórico da literatura brasileira, o único que tem apenas índios como personagens. O personagem que empresta o nome ao livro representa a base da formação do povo brasileiro. “E é um romance que desafia e afronta os valores morais do Ocidente cristão e que exalta as virtudes selvagens. É o maior romance indianista de todas as Américas”, afirma Mussa.