Editorial - Cândido 91

2018 foi um ano ruim para o mercado editorial brasileiro. As grandes redes de livrarias viveram uma de suas piores crises, o que afetou toda a cadeia do livro no país — o que inclui os leitores, obviamente. Por conta desse cenário, 2019 começa com grandes expectativas para os profissionais da área. Há um certo otimismo desalentado no ar, conforme contam os editores ouvidos pela jornalista Mariana Sanchez, que assina a reportagem de capa da edição de fevereiro do Cândido

“Até porque não tem como ficar pior”, diz Ivan Pinheiro Machado, publisher da L&PM, que apesar dos reveses está confiante no próximo ciclo e em breve deve inaugurar livraria própria em Porto Alegre para comercializar o imenso catálogo da sua editora.

Além de questões que envolvem diretamente a venda de livros, os editores também refletem sobre o clima editorial que deve vigorar nos próximos meses. “Acho que a nova situação política e social do país (e do mundo) está rendendo uma reação editorial. São muitos os lançamentos que discutem o fascismo, o fim da democracia, a reação ao movimento feminista, etc. E acho que a ficção deve refletir também esse quadro”, opina Fernanda Diamant (foto), coeditora da revista de livros Quatro Cinco Um e curadora da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip).

      Kraw Penas
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Os editores também listam os autores e os livros em que vão apostar neste ano. O Cândido publica com exclusividade trechos de dois desses lançamentos: o novo romance de Luiz Ruffato, O verão tardio (Companhia das Letras), e a estreia na prosa do poeta e tradutor Guilherme Gontijo Flores, História de joia (Editora 34).

Um dos lançamentos previstos pelo selo Biblioteca Paraná para 2019 também ganha espaço. Trata-se de Narrativas gráficas curitibanas, livro escrito pelo artista e pesquisador José Aguiar que resgata os últimos dois séculos de publicação de Charges, Cartuns e Histórias em Quadrinhos na imprensa da capital do Paraná. 

Na coluna Pensata, o escritor Luiz Bras escreve sobre a falta de “legitimação cultural” que a literatura de Ficção Científica sofre no Brasil. Segundo o autor, o gênero perde espaço por conta de análises equivocadas de parte da crítica do país.

A poeta Alice Ruiz revê sua carreira e fala sobre a militância em causas feministas em entrevista ao jornalista e cronista José Carlos Fernandes. Alice participou do projeto Um Escritor na Biblioteca e, entre outros assuntos instigantes, comentou sua produção de haicais, gênero poético em que é uma das maiores referências no Brasil. 

A edição de fevereiro do Cândido ainda traz poemas de Armando Freitas Filho e Ana Santos, além de contos dos jovens autores Nathalie Lourenço e André Cáceres. O quadrinista curitibano André Caliman publica HQ inédita sobre o futuro e os livros. A arte da capa é assinada por Marcelo Cipis.

Boa leitura.