Editorial - Cândido 87

Aos 82 anos, Ignácio de Loyola Brandão (foto) segue atento ao zeitgeist, mas prefere olhar para o futuro. Seu novo livro, Desta terra nada vai sobrar, a não ser o vento que sopra, leva às ultimas consequências temas que já nos assombram no tempo presente: corrupção, ultra vigilância, falta de privacidade, a ruína total do ensino, aquecimento global, pedofilia, crimes hediondos, a derrocada das relações sociais, a desesperança na democracia, etc. Um romance atualíssimo e, ao que tudo indica, atemporal como Zero e Não verás país nenhum, livros incontornáveis da literatura brasileira e que dialogam em linguagem e temática com a nova obra do autor.

É sobre o seu novo livro, o primeiro romance em 12 anos, o Brasil e o mundo que Loyola Brandão fala na reportagem do jornalista Rodrigo Casarin, destaque desta edição. O escritor também repassa sua careira literária, os livros marcantes e as motivações que o fizeram se dedicar à escrita em um país de pouquíssimos leitores. Casarian também colhe depoimentos de autores que foram influenciados pela obra do autor de Bebel que a cidade comeu.  

Outro grande nome da literatura brasileira, o poeta Paulo Henriques Britto, também marca presença na edição. Convidado de julho do projeto Um Escritor na Biblioteca, ele conversou com o tradutor Christian Schwartz sobre sua carreira e obra.

         Foto: Carla Formaneck
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Na série Os Editores, a entrevistada é Isa Pessoa, que nos anos 1990 atuou como diretora editorial da Objetiva e emplacou diversos livros de nomes importantes da literatura do país na lista de mais vendidos. 

Na coluna Pensata, o tradutor Caetano Galindo analisa o ensaio “E unibus pluram: television and U.S. Fiction”, em que o escritor David Foster Wallace critica o uso da ironia na ficção e na publicidade. Em outro texto crítico, o também tradutor e escritor Paulo Polzonoff Jr. reflete sobre o pessimismo na obra de Philip Roth, autor morto este ano e que deixou um vasto legado.

Outro destaque é programação da 2ª Flibi (Festa Literária da Biblioteca). Realizado entre 22 a 27 de outubro, o evento acontece durante a Semana Nacional do Livro e da Biblioteca com palestras, bate-papos, oficinas, apresentações de música e teatro. São mais de 60 convidados. Este ano, o escritor homenageado é Jamil Snege (1939-2003), que estreou na literatura há 50 anos com o livro Tempo sujo (1968). O curador da Flibi é o escritor e jornalista Marcio Renato dos Santos. Toda programação tem entrada franca. 

Entre os textos inéditos, a 87ª edição do Cândido publica poemas de Domingos Pellegrini e Luiza Mussnich e um trecho do novo romance do escritor Edilson Pereira. A ilustração da capa é assinada pelo artista visual Samuel Casal. 

Boa Leitura!