Editorial — Cândido 86

A edição de setembro do Cândido apresenta algumas mudanças. Uma delas está bem à mostra: trata-se do novo projeto gráfico, concebido com o objetivo de tornar a leitura ainda mais agradável. A segunda novidade é a estreia da seção “Pensata”. Nela, escritores convidados vão refletir sobre temas atuais sugeridos pela equipe do Cândido. Na estreia, o escritor José Castello comenta tópicos de A coisa mais próxima da vida, livro em que o crítico inglês James Wood defende, entre outras questões, a “crítica de escritor”, textos, ou resenhas, sobre livros feitos por autores de ficção.
 
O tema de capa também traz uma discussão instigante: como ideias utópicas deram origem a grandes clássicos da literatura e do pensamento. O escritor Nelson de Oliveira parte do clássico Utopia, de Thomas More, para mostrar como esse pensamento ideal, ou utópico, “prospera na reflexão filosófica, mas também nos mitos sagrados, na arte e na literatura”. Oliveira também apresenta uma lista com movimentos literários com viés libertário, cujos integrantes vislumbraram e orbitaram em torno de uma concepção de escrita.
 
O leitor também pode conferir, nas páginas que seguem, os melhores momentos do bate-papo com a escritora Beatriz Bracher (foto), que participou da edição de junho do projeto Um Escritor na Biblioteca. Entre outros assuntos, a autora dos romances Não falei (2004) e Anatomia do paraíso (2015) comentou seu processo de criação e as influências que recebeu de outros escritores.
 
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                  Foto: Kraw Penas
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Mário Bortolotto relembra como conheceu a provocadora prosa do chef Anthony Bourdain, morto em junho deste ano, que causou escândalo ao publicar Cozinha confidencial, obra em que revelou os bastidores dos grandes restaurantes de Nova York. 
 
Duas reportagens resgatam as trajetórias de importantes escritores cujos legados estão ainda por serem mais conhecidos. O contista e jornalista Marcio Renato dos Santos traz à tona uma discussão sobre o inventário poético de Fernando Pessoa, que deixou 30 mil “papéis” escritos e assinados por 136 “autores ficcionais” — os famosos heterônimos de Pessoa.
 
Já o repórter Daniel Tozzi escreve sobre A pulsão pela escrita, biografia romanceada sobre Wilson Bueno, escrita pelo jornalista e escritor curitibano Luiz Manfredini. O livro recupera a trajetória de Bueno, um dos nomes mais inventivos da literatura paranaense e cuja história de vida encanta tanto quanto sua obra.
 
Entre os inéditos, a edição publica trecho do próximo romance da gaúcha Letícia Wierzchowski, que será lançando em outubro pela editora Bertrand Brasil, contos de Caléu Nilson Moraes e Ernani Buchmann, além de poema de Fernando José Karl. O desenho da capa é assinado pelo artista Cezar Berje.
 
Boa leitura.