Editorial - Cândido 76

A partir dos anos 1990, o mercado editoral brasileiro praticamente dobrou de tamanho. Grupos estrangeiros aportaram por aqui, comprando e fundido editoras. As engrenagens do negócio também mudaram: antes familiares, as antigas casas editoriais passaram a cooptar profissionais de outras esferas da cadeia do livro, como jornalistas especializados na cobertura de literatura. É essa história que o jornalista e escritor Alvaro Costa e Silva conta nesta edição 76. O repórter mostra que essas transformações começam a ocorrer ainda nos anos 1970 e se acentuaram na década seguinte com a editora Brasilense, um verdadeiro case de sucesso entre uma nova geração de leitores.

Para entender as transformações no setor, o Cândido inicia a série de entrevistas “Os Editores”, com 12 profissionais que fizeram e estão fazendo essa história. O fundador da Companhia da Letras, Luiz Schwarcz (foto), abre os bate-papos. Entrevistado pelo escritor Bernardo Carvalho, ele fala do início de sua editora, que fundou em 1986 junto com a mulher, a antropóloga Lilia Moritz Schwarcz, e sobre temas que estão na pauta do mercado editorial, como a falta de um projeto educacional por parte do Estado brasileiro e a ascensão dos livros de youtubers.

   Rafael Roncato
ls


A edição de novembro também traz um ensaio do professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Eduardo de Assis Duarte sobre a obra da escritora Conceição Evaristo. O acadêmico analisa o projeto literário da autora mineira, uma das mais destacadas ficcionistas brasileiras contemporâneas, que resgata a fala e a memória da mulher negra em seus romances e contos.

Outro destaque é a entrevista com o escritor Lira Neto, que participou da edição de setembro do projeto “Um Escritor na Biblioteca”. Entre outros assuntos, o biógrafo revelou os bastidores de alguns de seus livros mais festejados, como as biografias de Getúlio Vargas e Maysa. “Uma biografia tem que dar conta do universo de uma vida e tentar, o que acho mais interessante, ordenar algo que é naturalmente caótico, que é a existência de um indivíduo. A nossa vida não é linear”, diz o autor cearense.

Entre os inéditos, a edição traz contos de Sidney Rocha e Franco Caldas Fuchs, além de poemas de Célia Musilli, Geraldo Magela Cardoso e Ruy Proença. Na seção Cliques em Curitiba, o convidado é o fotógrafo Carlos Dominguez. 

Boa leitura.