Editorial - Cândido 75

José Bento Monteiro Lobato (1882- 1948) viveu intensamente os seus 66 anos. Fez muito. Foi advogado, fazendeiro, colaborador da imprensa paulista e carioca, tradutor, editor e adido cultural. Mas, principalmente, escreveu livros. O Dia Nacional do Livro Infantil é comemorado em 18 de abril porque a data se refere ao nascimento de Lobato.

Ele criou uma série de personagens, todos presentes no imaginário nacional, como Emília, Pedrinho, Narizinho, Tia Nastácia, Dona Benta, entre outros. Há quatro décadas, sua obra infantil é adaptada para a televisão e, apesar de ser recomendado em escolas, os títulos do autor não estão entre os mais vendidos. Atualmente, os livros do fundador da literatura infantojuvenil brasileira não fazem frente, por exemplo, a obras publicadas por youtubers.

Há alguns anos, um debate discutindo se há ou não racismo na obra de Lobato repercutiu na imprensa brasileira. Na primeira metade do século XX, ele foi acusado de trair a pátria e ser contrário à defesa nacional — não por ter emitido opinião, mas por causa do conteúdo do livro Peter Pan, publicado em 1930.

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Essas questões aparecem em uma ampla reportagem de 8 páginas. Autores e professores universitários, uma editora e um livreiro foram entrevistados. O debate é plural e tem a finalidade de discutir se a obra infantil de Lobato ainda é lida por crianças e se esse legado é uma porta de entrada, ou não, para a leitura. Há indicações de livros, informações sobre a trajetória de Lobato, um sujeito que acreditava que inteligência e criatividade poderiam ser molas propulsoras para melhorar as vidas das pessoas, física e intelectualmente falando.

Outro destaque da edição 75 do Cândido é a transcrição da participação do escritor José Luiz Passos no projeto “Um Escritor na Biblioteca”, em julho deste ano. O pernambucano radicado nos Estados Unidos, onde leciona literatura brasileira e portuguesa na Universidade da Califórnia (UCLA), falou principalmente sobre o seu romance mais recente, O marechal de costas (2016), que trata de uma das figuras mais controversas e enigmáticas da história brasileira: Floriano Peixoto (1839-1895). Passos também comentou o início de sua trajetória de leitor, de escritor e o mercado editorial, entre outras questões.

O Cândido de outubro de 2017 ainda traz um texto em que a escritora paranaense Etel Frota conta como foi o processo de pesquisa que resultou em seu primeiro romance, O herói provisório, publicado este ano. Há ainda uma reportagem sobre audiolivro. O cantor e compositor Hyldon é o personagem da seção Perfil do Leitor, e, entre os inéditos, há contos de Santiago Nazarian e Edra Moraes, além de um poema de Fernando Naporano, que este mês lança no Brasil a coletânea A Respiração da Rosa.

Entre 23 e 28 de outubro, a Biblioteca realiza a sua primeira festa literária, com mais de 20 autores, que participam de bate-papos, palestras ou cursos. Regina Zilberman, Raimundo Carrero (foto), Aline Morena, Rafa Campos, Miguel Sanches Neto, Eloar Guazzelli, Chico Salem e Guido Viaro são alguns dos convidados confirmados. Haverá atrações musicais, exibição de longas-metragens, entre outra atrações. Confira mais informações na página 37. Participe. 

Boa leitura!