Editorial

De onde vem a ficção e o que há de autobiográfico nela? São questionamentos que, desde Dom Quixote, considerado o romance fundador da literatura moderna, não têm resposta. Mas essas perguntas parecem cada vez mais pertinentes quando se olha em perspectiva a recente ficção brasileira, onde tem se verificado uma tendência a textos em primeira pessoa e às chamadas “narrativas do real”. Em ensaio sobre o tema, o jornalista e tradutor Christian Schwartz elenca livros e escritores que se estearam na própria trajetória para construir obras de ficção.

A nona edição do Cândido traz também entrevista especial com Ignácio de Loyola Brandão. Autor de livros célebres, como Zero, considerado um dos mais importantes romances da literatura brasileira no século XX, Ignácio acaba de lançar Acordei em Woodstock, narrativa sobre uma viagem que fez aos Estados Unidos há 12 anos. Espécie de diário de viagem, a riqueza do livro se encontra nas divagações e comentários do escritor a respeito da arte do século XX, com especial destaque para o cinema, arte pela qual Ignácio é apaixonado. “Ter sido crítico e ver filmes diariamente me levou a criar todos os meus livros, todos, a partir de uma imagem. Me formei com imagens, elas até hoje me conduzem”, diz o escritor.

Entre os inéditos, a edição traz dois poetas de diferentes gerações: o veterano Ruy Espinheira Filho, um dos grandes representantes da poesia lírica no país, e a jovem paulistana Mariana Ianelli. Na prosa, Cândido publica contos inéditos de Sérgio Tavares e Ruy Werneck de Capistrano.

Boa leitura a todos.