Editorial

Há cem anos o escritor tcheco Franz Kafka (1883-1924) publicou A metamorfose, narrativa breve que alguns definem como novela, outros, como conto. Independentemente deste detalhe, o texto de ficção, veiculado em um primeiro momento nas páginas de uma revista, tornou-se um clássico. 

A metamorfose é conhecida até por aqueles que não leram o texto. A obra coloca em cena um caixeiro-viajante, Gregor Samsa, que, após uma noite de sonhos intranquilos, acorda transformado em um inseto gigante. A literatura nunca mais seria a mesma depois dessa metamorfose. 

O Cândido traz nesta edição, a de número 50, um especial sobre o livro e o seu autor. Uma reportagem apresenta discussões sobre enredo e linguagem, o impacto da obra no imaginário mundial, o significado do adjetivo kafkiano — tudo isso a partir do ponto de vista dos professores Daniel Puglia, da Universidade de São Paulo (USP), Gerson Roberto Neumann, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Lourival Holanda, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Paulo Soethe, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). 

Outro texto jornalístico recupera o percurso do escritor tcheco que, além de A metamorfose, escreveu — em alemão — obras que são consideradas, sem nenhum exagero, geniais, como Um artista da fome, O castelo e O processo — textos continuamente adaptados para o cinema, teatro, quadrinhos e, além disso, matéria-prima, fonte de inspiração, para obras literárias escritas em diversos pontos do mundo. 

O professor da Universidade de Brasília (UnB) Flávio R. Kothe discute, em um ensaio inédito, aquilo que, no entendimento dele, é o tema mais importante na produção de Franz Kafka: a culpa. 

Boa leitura!