Editorial

A liberação, determinada pela Controladoria Geral da União (CGU), de uma carta enviada pelo escritor Mário de Andrade, no dia 7 de abril de 1928, ao poeta Manuel Bandeira dominou a pauta cultural brasileira nos últimos dias. Bem mais do que o aparente “bafo” da correspondência, “tão falada (pelos outros) homossexualidade” do autor de Macunaíma, o fato aponta para outra questão, mais complexa e profunda: a correspondência entre escritores tem relevância para os estudos literários. 

Para entender o assunto, a reportagem do Cândido consultou especialistas, entre os quais Marcos Antonio de Moraes, da Universidade de São Paulo (USP), Pedro Theobald, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Alvaro Santos Simões Junior, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), e Diana Junkes Bueno Martha, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). 

A professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Ligia Fonseca Ferreira assina um ensaio inédito sobre a trajetória de Luiz Gama, intelectual brasileiro negro, a partir da troca de cartas do autor com outros interlocutores. Para completar o especial, Cândido publica cartas que o escritor Wilson Bueno enviou ao amigo João Antônio — conteúdo inédito. 

A edição de julho traz ensaio do poeta, letrista Roberto Prado sobre o percurso do seu irmão, o também poeta Marcos Prado — além de poemas inéditos do artista que saiu de cena há quase duas décadas. 

Após o Supremo Tribunal Federal (STF) liberar a publicação de biografias não autorizadas, Cândido entrevista Toninho Vaz, autor, entre outros títulos, de O bandido que sabia latim, biografia de Paulo Leminski há algum tempo fora de circulação por desentendimento do autor com as herdeiras do poeta. 

O ex-guitarrista da Legião Urbana Dado Villa-Lobos é o personagem da série Perfil do Leitor e, entre os inéditos, poemas de Fabrício Carpinejar e Marcelo Backes e o fragmento de um romance de Jair Ferreira dos Santos. 

Boa leitura.