Editorial

A profusão de eventos sobre literatura no Brasil atual deu aos nossos autores a oportunidade de viver uma “vida literária”, muitos deles se dedicando apenas a bate-papos, palestras e oficinas de criação literária. Esse cenário propício ao debate literário não beneficia apenas escritores já estabelecidos na cena literária, mas também quem quer um dia fazer parte desta cena.

Esta edição do Cândido ouviu escritores, críticos e editores, que indicaram os caminhos que podem ser trilhados a quem deseja iniciar carreira na literatura. Nunca foi tão fácil e barato publicar ficção no Brasil, mas, mesmo com as possibilidades que se apresentam — autopublicação, blogs, pequenos selos, etc. —, o mercado editorial e o formato tradicional do livro em papel ainda exercem grande influência no cenário literário, já que uma possível literatura saída da internet, alardeada no começo dos anos 2000, não se confirmou. Mas, então, como conseguir espaço em uma área tão disputada e hermética quanto a literatura?

“Formar um currículo é interessante. Currículo não garante a publicação de forma alguma, mas aumenta sua chance de ser avaliado. Tem gente que começa com tradução, outros com contos em coletâneas, outros têm ótima formação acadêmica, outros têm artigos em jornais importantes, outros uma história de vida. O avaliador tem de se sentir atraído para apanhar o livro e gastar horas nele, ainda que seja para decidir não publicá-lo”, recomenda o editor Carlos Eduardo de Magalhães, da Grua Livros.

Além da matéria de capa, a décima edição do Cândido traz os melhores momentos do papo com Fernando Morais, que abriu a programação do projeto Um Escritor na Biblioteca em 2012. Entre os inéditos, a edição conta com poema da mineira Ana Martins Marques, crônica do carioca João Paulo Cuenca e conto do curitibano Roberto Gomes.

Boa leitura a todos.