Editorial

No dia 31 de março de 2014, o golpe militar completa 50 anos. Nesta edição, o Cândido traz um especial, a partir da seguinte pergunta: de que maneira os escritores brasileiros incorporaram o golpe em suas obras? Reportagem de Osny Tavares mostra, entre outras nuances, que os autores não absorveram, imediatamente, o impacto da ditadura. Foi a partir de 1967, com Quarup, de Antonio Callado, que a realidade começou a se fazer presente em obras literárias, para, a partir de então, se tornar matéria-prima um tanto recorrente em nossa ficção. Tavares também entrevistou Ferreira Gullar, o autor, entre outros, de Poema sujo, que conta de que maneira a Redentora, outro nome do golpe, interferiu em sua vida, obrigando- o a se exilar na Argentina.

Autores paranaenses como Walmor Marcellino, Fábio Campana, Nelson Padrella e Teresa Urban também problematizaram os anos de chumbo em obras, como mostra a jornalista Thaís Reis Oliveira na reportagem “Resistência nos pinheirais”. O escritor André Sant’Anna escreveu, a convite do Cândido, um conto inédito, ambientado entre 1964 e 1985, que se chama “A História da Revolução”. Sant’Anna, um dos grandes nomes da prosa brasileira, gostou tanto de resultado que resolveu incluir o texto em seu próximo livro, O Brasil é bom, que a Companhia das Letras publica nos próximos dias.

Esse conteúdo especial, que conta com ilustração de Foca Cruz na capa, e também nas páginas internas, tem a finalidade de apresentar aos leitores, de todas as gerações, um painel a respeito do que aconteceu no Brasil nos últimos 50 anos e, sobretudo, como essa realidade se fez matéria-prima para literatura.

A edição 32 do Cândido também contempla inéditos: fragmento de um romance de Maria Valéria Rezende, poemas de Reynaldo Damazio e Ricardo Aleixo e um conto de Bruno Zeni, curitibano radicado em São Paulo. O perfil do leitor apresenta os primos integrantes da banda Charme Chulo. E a seção making of recupera a impressionante história de Os sofrimentos do jovem Werther, de Goethe, clássico da literatura alemã e universal.

Boa leitura!