Editorial

Além de difundir a literatura contemporânea e incentivar a leitura, o Cândido também quer fomentar discussões a respeito dos rumos de nossa cultura. Se na edição passada falamos sobre os desafios da formação de novos leitores na era das redes sociais, desta vez colocamos em pauta uma discussão a respeito do conto, gênero que deu à nossa literatura obras e autores geniais como Dalton Trevisan, Rubem Fonseca e Lima Barreto, mas que tem perdido espaço neste início de século para o romance. Autores, críticos e editores discutem por que o gênero tem sido preterido pelas narrativas mais longas.

“É certo — reiterando — que ninguém consegue [hoje] o mesmo destaque que Rubem Fonseca ou Dalton Trevisan conseguiram em suas épocas. De onde que se conclui que vivemos uma época, no Brasil, que viralatizou o conto”, diz João Gabriel de Lima, editor da Bravo!, uma das revistas de cultura mais importantes do país.

Como contraponto a essa possível “crise do conto”, a quarta edição do Cândido traz contos de Marcelino Freire e Ivana Arruda Leite, além de depoimentos de contista sobre o gênero que consagrou Jorge Luis Borges.

Sempre em busca de boas histórias envolvendo a literatura, contamos nesta edição a saga de Sansão José Loureiro, o maior doador de livros da Biblioteca Pública do Paraná, que há setenta anos é um leitor apaixonado. A edição ainda traz bate-papos interessantes com Sérgio Rodrigues, jornalista e escritor que se divide entre a ficção e a crítica literária, e Marçal Aquino, um dos autores mais talentosos da literatura contemporânea.

Como de praxe, as ilustrações dão colorido especial à edição, cuja capa é ilustrada pelo artista espanhol Federico Delicado, colaborador de vários jornais da Europa, entre eles o El País, da Espanha, onde ilustra o caderno literário Babelia. Outras feras do traço, como os curitibanos DW Ribatski e André Caliman, também ajudam a deixar os textos do Cândido mais saborosos.

Boa leitura a todos