Depoimentos | Sérgio Sant’Anna

“Sérgio Sant’Anna vem ao longo dos anos acrescentando elementos novos a seus contos, sem abandonar as experimentações que fizeram dele um mestre contemporâneo do gênero. Em Anjo noturno há uma sucessão de registros literários distintos (da autoficção à autoteorização, do relato paródico à narrativa poética), numa estrutura aberta em que estes formatos exercem pressão uns sobre os outros. Isso justapõe experiências ficcionais em conflito, não permitindo que estabilizemos um único conceito de literatura. ” 

Miguel Sanches Neto, autor do romance A Bíblia do Che.

“Segunda coletânea de contos de Sérgio Sant’Anna, Notas de Manfredo Rangel, repórter (a respeito de Kramer), de 1973, concentra em suas páginas as principais linhas de força da literatura que o escritor viria a desenvolver e aprofundar em seus livros posteriores. O flerte com o experimental, o olhar irônico para as relações humanas, a sombra das inquietações de época e o embate dos personagens contra sistemas que os oprimem aparecem num formidável conjunto de 17 narrativas. É uma das principais obras de Sérgio Sant’Anna.” 

Marçal Aquino, autor da novela O invasor.

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“Sérgio Sant’Anna senta-se à mesa pra inventar mais uma. O tiroteio come solto no morro às suas costas. É a sua música. Ele está puto que essas coisas não aconteçam quando tem visitas. Melhoraria o seu cartaz. A gente nunca sabe quando pode precisar dele. De qualquer forma, quase sem vergonha, dá graças a Deus por essas paredes descascadas de balas perdidas lá fora. Não tem mais saco pra ser alvo de vidraça. A pedra da Gávea no seu caminho, pendurada no morro, esquenta de dia, bafeja de noite. O Rio de Janeiro continua o mesmo.” 

Fernando Bonassi, autor do romance Luxúria.

“Em O conto-zero e outras histórias o leitor ganha duas vezes: com a excelência estilística das narrativas e com a possibilidade de ler (ver) um grande autor revistando alguns dos principais episódios de sua trajetória pessoal. No livro, Sérgio Sant’Anna recria ficcionalmente momentos interessantes de sua vida, como a residência artística em Iowa na década de 1970, os anos na Inglaterra, a relação dúbia com o irmão e o período ripongo em Minas Gerais. Um mistura poderosa entre prosa de alto nível e memória.” 

Luiz Rebinski, editor do Cândido.

“As narrativas breves de O concerto de João Gilberto no Rio de Janeiro tiveram sua potência ampliada com o passar dos anos. Publicado há quase quatro décadas, em 1980, o livro é tão múltiplo e diverso quanto o universo do autor. Estão lá as questões metalinguísticas e da escritura, como em “Uma página em branco” e “Conto (Não conto)”, ou sua obsessão por retratos vívidos, como em “Cenários”;ou ainda um dos contos mais instigantes já escritos sobre futebol: “Na boca do túnel”. Mas não esqueçamos da narrativa que nomeia o livro: uma amostra de como Sant'Anna nunca esteve preso a fórmulas e margens, sempre jogando com o leitor com maestria e precisão.” 

Carlos Henrique Schroeder, autor do livro de contos As certezas e as palavras.