Cândido indica

Um escritor no fim do mundo (viagem com Michel Houllebecq à Patagônia)
Juremir Machado da Silva, Record, 2011
Em meio ao frio da Terra do Fogo, na Argentina, o escritor e jornalista gaúcho Juremir Machado passa alguns dias ao lado de sua esposa e do autor francês Michel Houellebecq, do qual verteu para o português os livros Extensão do domínio da luta e Partículas elementares. Durante a viagem, as conversas — regadas a muito vinho Terrazas Malbec — vão desde a estupidez dos lobos-marinhos e a graça desajeitada dos pinguins ao sentindo da vida e da literatura. Se misógino, islamofóbico e machista costumam ser os adjetivos que acompanham Houellebecq, autor de Submissão e outros cinco romances, nas páginas de Um escritor no fim do mundo é possível conhecer melhor sua complexa personalidade e visão de mundo.

Os desencantados
Bud Schulberg, Cosac Naify, 2006 (Tradução: Alexandre Barbosa de Souza, Alípio Correia e Rodrigo Lacerda)
Bud Schulber foi roteirista de Hollywood durante os anos 1930 (é autor do roteiro de Sindicato de ladrões) e escreveu com Francis Scott Fitzgerald uma comédia chamada Winter carnival. Esse episódio rendeu o argumento para Os desencantados, romance que mostra a luta de um grande autor de ficção (Manley Halliday) e um jovem aspirante a escritor (Shep Stearns) para que se mantenham íntegros à arte em meio ao ímpeto capitalista da industria cinematográfica americana. Além do tom confessional, a prosa de Schulberg vai além do realismo típico, com modulações estilísticas extremamente bem encaixadas e executadas.


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Curitiba: melhores defeitos piores qualidades
Dante Mendonça, Bernúncia, 2009
O catarinense radicado na capital do Paraná Dante Mendonça enfrenta mitos, marcos, fantasmas e outras características de Curitiba nesta obra fragmentada em dezenas de capítulos. Mendonça cita, por exemplo, locais que para ele são as 7 maravilhas de Curitiba: Rua das Flores, Parque Barigui, Jardim Botânico, Museu do Olho, Ópera de Arame, Teatro do Paiol e Santa Felicidade. Mas o autor ainda acrescenta uma oitava maravilha da cidade: a Potylândia — que são os painéis de autoria de Poty Lazzarotto espalhados por diversos pontos, do aeroporto a praças e parques municipais. Com humor, amplo repertório e texto fluente, Mendonça apresenta aos leitores segredos e mistérios da cidade que ele, como poucos, conhece tão bem — inclusive detalhes do comportamento dos habitantes desta capital montanhosa, situada a 934 metros acima do nível do mar.

Casa de loucos
João Antônio, Civilização Brasileira, 1976 
Livro menos conhecido de João Antônio, Casa de loucos mistura gêneros em textos que destacam a conhecida verve literária do autor de Malagueta, perus e bacanaço (1963). Há espaço para a ficção pura (contos), crônicas e um tipo de ensaio íntimo, como no caso de “Merdunchos”, uma análise pessoal e sociocultural da sinuca, o esporte preferido de João Antônio e tema de várias de suas histórias. O estilo “livre” de narrar do escritor também se faz presente em outros textos jornalísticos do livro, a exemplo dos relatos sobre os ícones do samba Nelson Cavaquinho e Noel Rosa.