Biblioteca Afetiva

Foto: Paola de Orte
Leio muito no metrô. Então esta é a primeira lembrança: interromper a leitura, fechar o livro e rir por dentro. Pornopopéia (2008), de Reinaldo Moraes, já nasceu clássico. Sua leitura inteligente e bem humorada e, portanto, livre do mundo, combina de modo irresistível sofisticação e pé na jaca, erudição e pneuzinhos líricos contraponto crucial à deserotização das mulheres frutas e das escritas vazias. Caso único de catatau que pode ser lido de uma tacada, não há uma frase sequer ao longo das quase quinhentas páginas de Pornopopéia que não estejam vivas. É assombroso.

Marcelo Montenegro é poeta, autor de Orfanato portátil (2003) e Garagem lírica (2012). Trabalha como roteirista de ficção, tendo escrito para diversos canais como HBO, Sony, Globo e MTV. Nasceu e vive em São Caetano do Sul (SP).


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Assim falava Zaratustra
, de Friedrich Nietzsche, foi, sem dúvida, um divisor de águas em minha vida. “Um livro para todos e para ninguém”, segundo o próprio autor. Poético, me mostrou o valor estético das ideias. Filosófico, disse, sem meias palavras, que tudo pode ser suplantado. Político, imprimiu a dúvida em minha alma. Humano, tirou o véu que encobria minha visão sobre tudo o que podemos fazer de/com nossas vidas. Certeiro, colocou a responsabilidade em minhas mãos. Desde então, nunca mais fui o mesmo.

Ulisses Galetto é músico do grupo FATO, doutor em história pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e desenhista de som para cinema e tevê. Vive em Curitiba (PR).