Biblioteca Afetiva

claudio
“O livro que mais me marcou foi Moby Dick, do Herman Melville. Trata-se de, teoricamente, um romance que, em verdade, foi gerado por uma convivência de 14 anos que o autor teve com o mar, embarcando em navios baleeiros. O livro anda sendo psicologizado por freudianos: mas é uma grande reportagem.”

Claudio Tognolli
é jornalista e escritor, autor de nove livros, co-autor da biografia do cantor e compositor Lobão, 50 anos a mil. Músico, também leciona na Escola de Comunicação e Artes na Universidade de São Paulo (USP). Vive em São Paulo (SP).

marcia

Avalovara
é o nome do romance de Osman Lins publicado em 1973. Não é muita gente que conhece e teve paciência de lê-lo. O autor, um professor de letras, morreu há quase 40 anos. Escrevia bonito, de doer. De vez em quando, quando perco alguma esperança, eu leio de novo. A esperança começa a escorrer pelas paredes. E, de repente, como no livro, vira um leão. O livro é cheio de cidades, de pessoas, de astros e de estrelas. Uma ilha em si. É pra lá que eu vou quando, feito um palíndromo, o medo é o nome do mundo.

Marcia Tiburi é escritora, filósofa e professora universitária. É autora, entre outros livros, dos romances O manto e Magnólia. Vive em São Paulo (SP).


ben hur
Para os meus doze anos, o livro parecia ser apenas outro exemplar retirado da Biblioteca Municipal de Ponta Grossa. No entanto, foi no livro de Máximo Gorki chamado Como aprendi a escrever que passei a me perguntar qual era minha capacidade em entender a filosofia de vida e os dilemas de quem eu julgava diferente de mim. Escrever logo deixaria de ser a gramática dos exames bimestrais para se tornar um campo de testes do prático e do simbólico, misto de desejo e coragem. Foi por uma dessas páginas, a primeira vez em que eu tomava conhecimento de alguém ter inveja de mendigos. Tudo porque o escritor se dizia incapaz de virar as costas para as convenções sociais como eles conseguiam. Com esse tipo de interpretação, Gorki me teletransportou da poltrona para o espaço sideral.

Ben-Hur Demeneck é jornalista e doutorando em Ciências da Comunicação (ECA-USP). Foi editor do jornal cultural Grimpa. Vive em São Paulo (SP).


bruno

Em Feliz ano velho, Marcelo Rubens Paiva apresenta uma trama que tem pontos de contato com a realidade, e o seu próprio drama existencial. O personagem central, após mergulhar em um lago, fica tetraplégico. A narrativa problematiza o enfrentamento e a superação do trauma, que ocorreu após o o personagem se deparar com o desaparecimento do pai, um militante político que foi cassado e perseguido pela ditadura militar. Além desse, ele possui outros romances, como Blecaute, Ua:brari e Bala na Agulha.

Bruno José Leonardi
é bibliotecário e chefe da Seção Infantil.