FOTOGRAFIA | Vestígios do imaginário 22/10/2024 - 15:27
Charly Techio
Charly Techio, nascida em Ipumirim (SC), em 1977, pesquisa fotografia há 20 anos, explorando formas de alterar sua relação com a realidade. Inicialmente, interferia fisicamente na captura da imagem ou por meio do laboratório analógico, mas a fotografia digital trouxe novas possibilidades de transformação da imagem, incluindo tratamento, colagem digital e recursos da inteligência artificial. O autorretrato e a construção de cena são frequentes em seu trabalho, que aborda temas como a finitude da vida, memória e relação homem-natureza, de forma imaginativa e mítica.
Techio realizou residência no programa Berlin_im_fokus e participou de diversos eventos artísticos, incluindo o 15° Salão da Bahia, o 63° Salão Paranaense, exposições nos Estados Unidos e países da Europa, recebeu reconhecimento como o primeiro lugar no 19° Encontro de Artes Plásticas de Atibaia e menção honrosa no 2° Concurso Foto Arte Brasília. Entre suas individuais, destaque para a “Mostra Estado de Suspensão”, no Museu da Fotografia de Curitiba. Suas obras integram a coleção do Espaço Cultural Contemporâneo de Brasília. Vive e trabalha em Curitiba, atuando como professora, curadora e supervisora do Curso de Fotografia do Centro Europeu.
Vestígios do Imaginário
Desde o início, busquei maneiras de escapar do registro da realidade. No entanto, para a fotografia, algo precisa existir para ser capturado. Com a Inteligência Artificial, surge a possibilidade de voltar no tempo e recriar imagens que nunca foram registradas.
Tenho memórias de acontecimentos, e até de sonhos, desde os meus dois anos. Embora saibamos que a lembrança nos prega peças e que alguns eventos podem se misturar com sentimentos, quis registrar esses momentos.
As fotografias são nossos depósitos de lembranças. Então, quem somos, além das memórias de nosso passado?
Neste projeto, a Inteligência Artificial também reproduz minhas lembranças e sonhos de infância. É uma mistura de possíveis realidades, como desenterrar uma cápsula do tempo com cenas que não foram capturadas na época. Unindo memória e tecnologia, preservo a qualidade onírica nas falhas de geração das imagens, assim como na falibilidade da memória, ou como os sonhos apresentam perspectivas distorcidas.
Criou-se um diário imaginado, uma forma de não perder os fragmentos que permanecem gravados em mim. Talvez, com o tempo, essas imagens se tornem minhas novas memórias.