ESPECIAL | Entrevista com Augusto Paim 19/09/2024 - 15:59

Quadrinhos em prosa

O jornal Cândido conversa com o jornalista e pesquisador Augusto Paim, que lançou recentemente o livro Pequeno manual da reportagem em quadrinhos — e faz uma radiografia sobre o tema.

 

Augusto Paim é jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e mestre em Letras∕Escrita Criativa pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Em 2019, concluiu o doutorado com bolsa DAAD∕CAPES na universidade Bauhaus em Weimar, Alemanha, com tese sobre reportagem em quadrinhos, publicada em livro pela editora alemã Ch. A. Bachmann. Em parceria com o Goethe-Institut, foi curador do projeto Osmose de intercâmbio de quadrinistas e organizador do I e do II Encontro Internacional de Jornalismo em Quadrinhos. Realiza ainda reportagens e traduções tanto em prosa quanto em quadrinhos. Viveu na Alemanha por oito anos, os últimos deles trabalhando no Literarisches Colloquium Berlin, um centro de literatura fundado em 1963 na beira do lago Wannsee. Lá, foi cofundador e editor do portal alternativo de notícias LCB diplomatique, no qual protagonistas da vida literária do mundo inteiro lançam um olhar sobre temas prementes da sociedade por meio de um texto curto e uma foto. O autor ainda organiza anualmente em outubro o evento "24 Horas de Quadrinhos de Wannsee", na Alemanha. Desde abril de 2024, trabalha no Instituto Goethe de Porto Alegre, onde é responsável pela programação cultural.

Paim conversou com o Cândido sobre as contribuições da linguagem dos quadrinhos para o jornalismo, a cena atual, os diferenciais dos profissionais brasileiros em comparação a outros países, a experiência estética na reportagem em quadrinhos, que, de acordo com ele, “oscila entre o jornalismo e histórias em quadrinhos, com um apelo quase literário na questão do uso da prosa”. Define seu mais recente livro Pequeno manual da reportagem em quadrinhos, lançado em 2023 pela editora Arquipélago, como “um livro sobre produzir coisas, sobre projetos que nem sempre dão certo, e que isso não é problema, o importante é criar”, ressalta, em um pensamento que permeia toda a entrevista.

 

Pequeno Manual da Reportagem em Quadrinhos
Capa do Pequeno manual da reportagem em quadrinhos (Arquipélago, 2023)

 

Conte, por favor, sua experiência no jornalismo em quadrinhos. Como começou, o que fez, o que pesquisou.

Bem, eu sempre li muitas histórias em quadrinhos (HQs), desde criança, mas em algum momento na adolescência achei que tinha crescido e tinha que parar de ler. Só voltei a trabalhar com o tema quando, durante a faculdade em jornalismo na Universidade Federal de Santa Maria (RS), participei de um grupo de pesquisa em ima­gem e cada integrante trabalhava com uma mídia, com uma linguagem específica, aí eu decidi trabalhar com quadrinhos, que era o tema que eu ainda co­nhecia me­lhor. Nesse momento, comecei a olhar esse formato de outra maneira, como uma linguagem artística, como um objeto de estudos também, e ainda assim eu fiquei com receio sobre como juntar esse estu­do dos quadrinhos com a minha formação em jornalis­mo. Fiquei mui­to tempo pensando sobre isso, até que um dia me veio a ideia: e se fosse possível fazer jornalismo em quadrinhos? Eu lembro que não levantei para pesquisar, mas no dia seguinte, quando acordei, foi a primeira coi­sa que eu fiz. Coloquei no Google e descobri que já existia o trabalho do Joe Sacco, existia o trabalho de Aristides Dutra, um pesquisador do Rio de Ja­neiro, e foi assim que eu comecei a trabalhar com o tema. Fiz o meu trabalho de conclusão de curso sobre jornalismo em quadrinhos. Depois de formado — não desenho — conti­nuei fazendo reportagens em prosa para diferentes veículos. Organizei então o Encontro Internacional de Jornalismo em Quadrinhos, com o Instituto Goethe de Porto Alegre e Curitiba (respectivamente, primeira  e segunda edição). Tive a oportunida­de de exercer e praticar a reportagem em quadrinhos pela primeira vez em 2010, com a desenhista chamada Ana Luisa Köhler, que foi para a revista Continuum do Itaú Cultural. Desde então, fiz diversas reportagens com desenhistas diferentes, até que decidi fazer um doutorado sobre o tema, na u­niversidade de Bauhaus, em Weimar, na Alemanha, sobre reportagem em quadrinhos. Então, basicamente, essa é a minha experiência, tanto quanto pes­quisador, produzindo trabalhos nessa área, e como or­ganizador de eventos também.

 

Você diz que o jornalismo em quadrinhos não é um gênero e sim uma área. Explique por que, por favor.

Então, o jornalismo em quadrinhos é uma área de atuação assim como o radiojornalismo, o telejornalismo, o webjornalismo também são uma área de atuação dentro do jornalismo e não um gênero, como por exemplo, a rádio-entrevista. São diferentes gêneros e moda­lidades dentro dessa área de atuação maior, que é o jor­nalismo em quadrinhos, em que pode haver notícias em quadrinhos, entrevistas em quadrinhos, perfis em quadrinhos, resenhas em quadrinhos e a reportagem em quadrinhos, que é o gênero mais conhecido dessa área de atuação. Para mim isso é importante, não é só uma questão retórica, mas é que quando a gente quer entender quais são as contribuições da linguagem dos quadrinhos para o jornalismo, é muito importante saber a qual gênero nós estamos nos referindo, porque as necessidades de se fazer uma reportagem, isso independentemente da linguagem que estamos usando, são muito diferentes das necessidades de fazer uma notícia. Para se escrever uma notícia no jornalismo não é necessário sair da redação, você pode fazer material de pesquisa, o objetivo é uma linguagem simples, que comunique de uma maneira fácil, enquanto para fazer uma reportagem é crucial ir para a rua, ter encontros com as pessoas que você quer entrevistar, é importante visitar aquela realidade com a qual você quer relatar, e aí os quadrinhos acabam tendo um uso diferente do que se teria, por exemplo, para uma notícia.
 

Você considera que a utilização de quadrinhos para construir uma narrativa, uma história factual, torna a publicação mais acessível?

Este é mais um exemplo bem concreto de que precisamos primeiro entender sobre qual gênero estamos falando. A linguagem é simplificada para que seja de fá­cil compreensão, isso no texto tradicional do jornalis­mo. Quando se faz uma notícia o objetivo é simplifi­car, facilitar. Então, seria possível pensar em fazer notícias diárias no formato de quadrinhos, não tem muitas experiências disso, mas seria possível, porque um veículo conta com ilustradores que têm a tarefa diária de ilustrar uma página de um jornal, de uma revista, e por que não pedir para essa pessoa fazer uma notícia em quadrinhos? Agora, se for para fazer sobre reportagem, em que se busca densidade, uma linguagem mais artística, um certo olhar único do repórter ou da repórter, a linguagem dos quadrinhos não vai ter a função de simplificar e sim de aprofundar, de dar uma atmosfera para o trabalho. A imagem vai apelar para outro nível de experiência estética, diferente de quando se está lendo uma reportagem em texto, em prosa, que possui uma experiência quase literária, porque a reportagem oscila entre o jornalismo e a literatura, e na reportagem em quadrinhos oscila entre o jornalismo e his­tórias em quadrinhos, com um apelo visual, quase literário na questão do uso da prosa. 
 

Em suas pesquisas sobre o assunto, quais os principais diferenciais do jornalismo de HQ?

Eu percebi que o jornalismo em quadrinhos encontra uma utilização mais condizente em pau­tas que tem a ver com memória, que tem a ver com reconstrução e que a atmosfera é muito mais importante do que os fatos em estado cru. Então, ao fazer o perfil de alguém ou contar a história da vida de alguém, interessa muito menos como essas informações estão sendo relatadas, mas interessa mais a maneira como essa pessoa percebeu isso. E aí os dese­nhos conseguem reproduzir ou pelo menos dar uma indicação dessa atmosfera de uma ma­neira muito mais eficiente do que se fosse só contexto. Ou, por exemplo, pautas em que é necessário proteger a identidade de quem está relatando, quando a pessoa está numa situação vulnerável. Se fosse uma fotografia a pessoa seria exposta, por exemplo, se acusada de um crime sem que os processos legais tenham sido concluídos. Esse tipo de pauta também é mais ade­quada para se fazer em quadrinhos, porque você pode ter uma narrativa fluida sem precisar expor as pessoas. O que o jornalismo em quadrinhos traz de novo, ou traz de volta para o jornalismo, é a possibilidade de u­sar um bloco de desenho como uma ferramenta jornalística. Assim como se usa o bloco de notas, como se u­sa o gravador, ou se usa a câmera fotográfica e de ví­deo, o bloco de desenho tem sido experimentado por muitas pessoas atuando na área como um mecanismo útil para, por exemplo, conseguir fontes. Desenhistas contam que eles sentam no local público e começam a desenhar, e as pessoas se aproxi­mam para falar com eles, e isso gera novas conversas, novos contatos, e geralmente surgem convites, inclusive, para visitar outras partes da cidade, pa­ra conversar mais a fundo sobre algum tema. Então, para pautas em que há dificuldade de conseguir fontes, talvez se possa usar o bloco de desenhos como uma ferramenta. Ou mesmo porque o bloco de desenhos ajuda a criar uma atmosfera de maior confiança. Quando você está entre­vis­tando alguém e desenhando, você está sempre olhan­do para a pessoa atentamente. E como o desenho está surgindo diante da pessoa, surge uma relação de intimidade entre elas. Pode ser muito útil para pautas que necessitem desse clima de intimidade. Talvez se estivesse usando um gravador ou uma câmera fotográfica, poderia estar inibindo a outra pessoa. Esses são só alguns exemplos, mas com certeza há muito mais recur­sos na linguagem dos quadrinhos que podem ser úteis dependendo do gênero que você está trabalhando. Como eu disse, se você vai trabalhar com notícia, pode usar um estilo de desenho mais cartunizado, mais simples, com poucos traços para facilitar a compreensão para uma produção mais rápida. Se você usar para uma reportagem em quadrinhos ou para um perfil — que é muito importante para a atmosfera — tem uma variedade de técnicas que contribuem para a história que você está contando. Você pode trabalhar com diferentes recursos, como aquarela, com pintura, até com gravura é possível fazer, que vão contribuir com a pauta de uma maneira diferente.

 

Você lançou no ano passado o Pequeno manual da reportagem em quadrinhos, que descreve cada etapa da produção de uma HQ-reportagem, da pré-apuração à publicação, e incentiva jornalistas e desenhistas a experimentarem as potencialidades dessa área. Como foi trabalhar neste projeto e qual o retorno que você teve dos leitores(as) sobre?
Este projeto foi quase um desafogo para mim, porque ele é derivado da minha tese de doutorado em reportagem em quadrinhos. Em 2022, eu publiquei a tese em formato de livro na Alemanha. É uma versão da tese, alguns capítulos saíram, mas era um texto teórico, um texto que demandou muito esforço para a escrita, até por não ter sido feito na língua materna, envolvia também um processo de avaliação, então não foi um processo simples. Quando foi editado em livro virou um orgulho, um momento em que a obra começa a circular e aquele conhecimento sai de dentro da academia, mas ainda assim era minha tese. O editor da Alemanha tinha interesse em um anexo na tese que era o relato de uma oficina de reportagem em quadrinhos que eu participei em Hamburgo, e ele sugeriu fazer um outro livro mais voltado para a prática a partir daquele relato. E assim eu fiz. No início de 2023, eu tirei os meses do verão para escrever o livro em alemão, que já tinha o título de Pequeno manual de reportagem em quadrinhos. Adotei uma linguagem mais solta, mais leve, uma linguagem não acadêmica, o que me deu mu­ito prazer escrever. Nesse meio tempo, algumas editoras no Brasil tinham se interessado pela minha tese de doutorado, mas é um livro difícil de fazer, porque eu teria que traduzir um livro teórico. Quando con­tei para a editora Arquipélago que eu estava fazendo esse livro mais voltado para a prática, eles se interessaram imediatamente, en­tão eu apresentei para eles a ideia, mas ainda estava em alemão. Em julho do ano passado eu traduzi o texto de volta para o português. O livro passou por um processo editorial da Editora Arquipélago, teve um projeto gráfico lindíssimo e acabou valorizando ainda mais a ideia de um livro de rascunho, de anotações, de um manual. Curiosamente, estou indo para a Alemanha daqui a um mês e vou lançar a minha versão em alemão. Os dois livros são praticamente iguais, a edição em alemão não tem uma das reportagens, mas ao mesmo tempo todos os outros textos são iguais, apenas organizados de uma maneira diferente. O retorno mais legal que eu tenho tido é que muita gente que está comprando e lendo o livro, mesmo que não tenha um objetivo tão específico que é fazer uma reportagem em quadrinhos, tem me dito que está dan­do vontade de produzir algo, que dá vontade de ler e já sair escrevendo alguma coisa, escrever um roteiro, ir para rua, entrevistar. Então, isso que é legal, porque pa­ra mim é um livro sobre produzir coisas, um livro sobre projetos que nem sempre dão certo e que isso não é problema, o importante é criar.

 

Qual sua visão sobre o jornalismo em quadrinhos realizado no Brasil? Quais as semelhanças e diferenças com outros países?

O que eu acho bem interessante é que tem uma geração mais recente no Brasil que tem se dedicado de uma maneira consistente ao jornalismo em quadrinhos. Eu trabalho com o tema desde 2006 e lembro que em 2007 eu tinha um blog em que divulgava autores que estavam trabalhando com o tema, na academia ou pro­­duzindo mesmo. Tinha gente fazendo em vários lugares do Brasil. Mas muitas das pessoas pararam depois de um tempo, foram crescendo profissionalmente e perderam o interesse em trabalhar com esse tema. Agora, nessa geração atual, a maioria assumiu o jornalismo em quadrinhos como uma área de a­tuação, como um projeto profissional. E isso acho muito legal.
Na edição do livro no Brasil, fizemos questão de fazer retratos das pessoas daqui que estão trabalhando com o tema, desenhados pelo Pablito Aguiar. Outro diferencial da produção brasileira é que muitos quadrinistas que  trabalham como jornalistas em quadrinhos no Bra­sil também são formados em jornalismo. Em ou­tros locais, às vezes são só desenhistas buscando experiência de jornalismo, mas sem ter formação nisso, e aqui temos várias pessoas que durante a faculdade de jornalismo continuavam desenhando, e a partir daí segui­ram sua trajetória profissional enquanto jornalistas que desenham.  E isso é  uma coisa bem específica do Brasil.
 

Pequeno manual da reportagem em quadrinhos
Contracapa com ilustrações de colaboradores, por Pablito Aguiar

 

No Brasil, existem poucas instituições que ensinam sobre essa área do jornalismo e também poucos veículos que produzem reportagens de quadrinhos. Você acha que falta espaço para o jornalista de quadrinhos? Porque a cena parece maior agora do que há uns 15 anos, e ao mesmo tempo, falta um incentivo estrutural para o desenvolvimento deste trabalho. Qual sua visão sobre isso?

A cena hoje está bem melhor, até por causa da circulação desses nomes que tanta gente no Brasil está produzindo, publicando em diferentes veículos. Penso, por exemplo, na Carol Ito, que publicou uma reportagem na Piauí sobre a Cracolândia, penso no Pablito Aguiar, que faz entrevistas e publica em diferentes veículos também. Enfim, é muita gente, a Gabriela Gullich, a Ce­cília Marins, o  Robson Vilalba, vou esquecer nomes a­qui, mas são pessoas que estão produzindo seus traba­lhos e ao mesmo tempo abrindo espaço nos veículos em que atuam. E toda vez que uma reportagem em quadrinhos, por exemplo, é publicada em um veículo do porte da Piauí, gera o interesse de outros veículos de experimentar também. Acho isso muito positivo. Tem um fato também bem espetacular, bem único, que é a revista Badaró, feita em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, que tem site e ver­são impressa, faz algum tempinho, dedicada exclusiva­mente a esse formato do jornalismo em quadrinhos, e isso é uma coisa com poucos precedentes em escala internacional. Existe, na França, por exemplo, a La Revue Dessinée — também na versão italiana — a Revista Topo, que são veícu­los que se dedicam a esse formato desenhado, mas também são em culturas onde se lê mais quadrinhos, tem um público leitor muito mais amplo. O que a revista Badaró faz é muito ousado e muito interessante, justamente por isso, porque descentraliza. Não é uma pro­dução em São Paulo, não é uma produção no sudeste, no sul do país, mas no centro-oeste, e colocando Campo Grande em diálogo com o mundo, porque os temas trazidos na revista tam­bém são temas internacionais. Então, acho que espaço não está faltando, claro, sempre pode crescer, mas é uma área que ainda está crescendo e que já cresceu bastante comparada quando eu comecei a trabalhar com tema.
 

Capas
Capas das revistas especializadas em jornalismo em quadrinhos

 

Cite, por favor, suas principais referências na área.

Joe Sacco é o principal ligado ao jornalismo em quadrinhos, que fez o nome com a obra Palestina, publicada nos anos de 1990. Não é o primeiro trabalho de jornalismo em quadrinhos no mundo, mas é um trabalho seminal, porque está muito presente até hoje no imaginário. Ele fez outras obras, sobre a Bósnia, o Iraque, o Canadá, entre outros. O que eu acho mais legal na trajetória de Sacco é que não é só o trabalho dele como HQ repórter, como alguém produzindo reportagens e perfis em quadrinhos, mas como alguém que reflete sobre o jornalismo usando o jornalismo em qua­drinhos. Ele tem vários textos e entrevistas em que fala sobre o jornal em quadrinhos, mas sempre aproveitando para fazer uma discussão mais ampla sobre o jornalismo. Porque o Joe Sacco é um jornalista de formação, então ele se sente muito à vontade para discutir o assunto por dentro. Gosto muito de textos dele, sobre a discussão em relação à objetividade, o que mu­da na questão de desenhar em vez de reportar por me­io do texto, de escrever. As reflexões dele são muito boas e ele tem uma edição especial tanto do livro sobre a Palestina quanto o livro da Bósnia, que inclui um dossiê, contando sobre como foi produzir essa reportagem, com fotos colocadas lado a lado com os desenhos finais. É um material muito rico para quem gosta de jornalismo. Por isso considero Joe Sacco o principal. Teri­am outros autores também que eu poderia comentar, mas como representante dessa área e pela seriedade com que o trabalho é feito, é a pessoa que eu gostaria de citar.

 

Qual projeto você está trabalhando atualmente?

Atualmente eu estou fazendo inúmeros projetos. O que está para sair daqui a algumas semanas são entrevistas em vídeo que eu fiz com quadrinistas alemães, que vão ser divulgadas no canal do YouTube do Instituto Goethe do Rio de Janeiro. Estou preparando a publicação do meu livro em alemão também, que vai sair em outubro, quando eu estiver lá para organizar um evento chamado “24 Horas de Quadrinhos", que já está na quinta edição. Quando eu morava em Berlim, realizei as duas edições desse evento e tenho voltado todo ano para a Alemanha para fazer mais. A ideia é jun­tar todos num casarão, na beira do lago Wannsee, em Berlim, que fica ao lado de Potsdam — na verdade conecta Ber­lim e Potsdam — e cada desenhista vai ten­tar produzir uma história em quadrinhos de 24 páginas, dentro de 24 horas. Este ano vai ter, inclusive, uma par­ticipação à distância de uma turma do Brasil vinculada à Escola Inko, de mídias criativas, por meio de u­ma parceria. Este seria o meu grande projeto do a­no, porque é uma experiência muito enriquecedora pa­ra todos os envolvidos. No momento, trabalho na progra­mação cultural do Instituto Goethe de Porto Alegre, então a minha rotina está sendo resumida numa imersão em cultura e arte, do ponto de vista da organização de eventos, de gestão cultural, que é a á­rea que eu mais gosto de trabalhar mesmo, que é onde eu me sinto em casa. 

 

Marianna Camargo é jornalista, escritora e editora do jornal Cândido. Possui especialização em Gestão Cultural Comunitária, pela Universidade da República do Uruguai (Udelar) e Gestão de Informações Públicas e Base de Dados (Agesic∕Governo Federal do Uruguai).