Um Escritor na Biblioteca - Luci Collin

Luci Collin

Experimental é uma palavra que costuma ser associada ao nome de Luci Collin. Afinal, a escritora curitibana, autora de 13 obras, diz gostar de ultrapassar barreiras e quebrar regras enquanto produz um texto literário. Ela foi a quinta convidada do projeto “Um escritor na Biblioteca” em 2013, no encontro mediado pela jornalista Mariana Sanchez. Luci estreou com o livro de poesia Estarrecer (1984) e seguiu a escrever e a publicar poemas durante mais de uma década. Em 2004, Inescritos revelou contos com uma linguagem apuradíssima. Vozesnumdivertimento e Acasos pensados, ambos de 2008, confirmaram a opção da autora pelo conto inventivo. Luci foi selecionada, pelo escritor Luiz Ruffato, para a coletânea 25 mulheres que estão fazendo a nova literatura brasileira. “Quando entendi que a minha natureza é de artista, não soube, de imediato, qual seria a linguagem com a qual eu conseguiria me expressar. Fui para a música e depois cheguei à literatura. Mas, desde sempre, a minha natureza sempre foi essa, a literária, bastava apenas eu descobrir”, comentou, durante o encontro, a autora, que tem formação musical e atua como professora na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Luci falou sobre a sua iniciação na leitura, com apenas 4 anos, e ressaltou a importância da Biblioteca Pública do Paraná em sua formação. “Lembro das primeiras vezes em que vim à BPP para fazer trabalhos, afinal, antigamente não tinha internet. Íamos a bibliotecas para pesquisar em enciclopédias e tudo mais, e isso foi muito emocionante para mim. Estando aqui, eu via as pessoas saindo com livros nos braços, e não entendia. Achava que não podia tirar os livros. Nunca tive coragem de fazer uma carteirinha da BPP”, disse a autora do romance Com que se pode jogar (2011) e do recém- publicado livro de poemas Trato de silêncios. Confira, a seguir, os principais momentos do bate-papo.

Foto: Guilherme Pupo


Jorge Amado aos quatro anos
A minha mãe era professora e desenvolveu um método para alfabetizar crianças que tinham dificuldades de aprendizado. Ficava assistindo, fascinada, aquelas aulas: fazia-se uns sinais, somava-se e saía uma palavra. Era uma técnica diferente e eu achava genial. Demorei um pouco para entender que eu mesma poderia fazer os sinais, que eram sempre iguais, ou seja: aprendi a ler antes de escrever. Só que eu pensava que ler era uma coisa proibida, que ninguém lia com quatro anos. Então, resolvi ler escondida. Abri um livro que tinha lá em casa, e era do Jorge Amado. Minha mãe até hoje conta que eu acordava mais cedo que meus pais, seguia para o escritório, me escondia dentro de um móvel e, como era pequena, entrava e ficava por lá. Esse era o ritual que eu fazia para ter acesso ao que, naquele contexto, era proibido.

A curiosa Luci
Teve um dia em que cheguei em casa e perguntei: o que é rameira? Ficaram chocados. Como alguém poderia ter ensinado uma coisa dessas para mim. Aliás, naquela época, eu não podia nada, não por culpa da família em si, mas na década de 1960 a gente não podia muita coisa. Vocês podem imaginar como era? A educação era completamente diferente. Não havia muita liberdade. E existiam as palavras proibidas. Ao me perguntarem como tinha descoberto a palavra rameira, contei que tinha lido em um livro. Mostrei o livro para minha mãe, apontando onde estava a palavra rameira e, lá em casa, ficaram rindo e orgulhosos porque eu estava lendo. E assim teve início a minha relação com as palavras. Fiquei muito feliz porque vi que não era nada criminoso, que podia ler sem problemas. Meus familiares até me exibiam para os amigos falando que eu sabia ler, ou seja, virei atração.

BPP
Sempre tive uma reverência muito grande por bibliotecas, em especial por esta, a Biblioteca Pública do Paraná (BPP) que, por ser a maior da cidade, e do Estado, sempre me pareceu um lugar sagrado. Quando eu era criança, naturalmente, a gente não tinha tanta liberdade de ir e vir, de se locomover pela cidade. Ir à BPP tinha toda uma questão ritualística. Lembro das primeiras vezes em que eu vim aqui para fazer trabalhos, afinal, antigamente não tinha internet. Íamos a bibliotecas para pesquisar em enciclopédias e tudo mais, e isso foi muito emocionante para mim. Estando aqui, via as pessoas saindo com livros nos braços, e não entendia. Achava que não podia tirar os livros. Nunca tive coragem de fazer uma carteirinha da BPP. Eu vinha muito, mas jamais tirei um livro daqui. Ficcionalizava algumas histórias como andar de ônibus e ter o livro roubado. Imaginava que não tinha outros livros iguais e que, uma vez perdido, tal livro iria sumir para sempre. Lembro que tinha taquicardia quando achava clássicos: sentava e ficava horas lendo, mas jamais levava os livros para casa.

“Se sou considerada transgressora, talvez seja

por causa da minha essência. Sinceramente, não

me fascina muito repetir regras.”


Verdes anos
Na década de 1980, durante os meus anos de formação, Curitiba era muito diferente do que é hoje. Quando acontecia qualquer evento relacionado à cultura, eu conferia. Aqui, na BPP, era onde aconteciam os eventos mais interessantes da cidade. Lembro de ter presenciado alguns encontros da primeira edição do projeto “Um escritor na Biblioteca”, em que Paulo Leminski e Ignácio de Loyola Brandão participaram. O fato de você poder ver o escritor era e é maravilhoso. Afinal, o autor às vezes parecia, e ainda parece, ser somente aquele nome na capa do livro. Hoje isso é diferente, mas naquela época era um grande mistério você poder ouvir, e ver, um escritor.

Cooperada
Em 1984, eu estudava piano no Curso Superior da Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP) e, naquele momento, idealizamos uma cooperativa de artes que, inclusive, foi a primeira do Brasil. Cheguei a presidir a entidade por dois anos. A ideia era unir e integrar vários artistas jovens que tinham vontade de trabalhar com arte. Éramos setenta cooperados, fazíamos espetáculos e era possível sair da sua posição de artista e fazer de tudo um pouco. Varríamos o chão, vendíamos ingressos e era muito estimulante.

Foto: Guilherme Pupo

Uma subversão
Estreei, em 1984, com um livro de poesia, o Estarrecer. Depois, flertei com o teatro. Apresentei aqui na BPP uma peça, da qual nem lembro o nome. Ainda bem que tudo aquilo se perdeu. Fui chamada para depor na Polícia Federal. Minha peça seria censurada por causa de uma palavra, considerada gravíssima e que não poderia ser pronunciada em público. A palavra era gonorreia. Tentei argumentar com as autoridades, mas a palavra teria que ser omitida porque, de acordo com os censores, “era uma indecência”. De todo modo, apresentei, aqui neste mesmo auditório, aquela peça. Tentei usar diversos recursos naquele texto teatral, quis experimentar ao máximo. Uma semana antes da estreia, os atores foram embora. Ninguém queria participar da montagem. Os ingressos estavam vendidos e, devido a essa situação, decidi que eu mesma iria atuar. Chegou o dia da apresentação e havia 80 pessoas, o que, para a Curitiba dos anos 1980, era uma multidão. À medida que eu ia apresentando sozinha o texto da peça, dava para notar que várias pessoas levantavam e saíam. De repente, tinha apenas uma pessoa na plateia. Era um tio meu, e eu nem sabia que ele gostava tanto assim de mim. Mas, fiquei sabendo depois, ele só estava fazendo hora e, por coincidência, sentou, achou bem confortável a cadeira e ficou até o fim. Enfim, sou muito grata à BPP, porque nesses anos de formação vi o sucesso de várias pessoas e também presenciei, aqui mesmo, o meu próprio fracasso.

Dona Helena
Quando comecei a escrever, tinha 17 anos e gostaria de ouvir, mesmo morrendo de vergonha, a voz de um especialista. Mas naquela época era muito difícil. Hoje você manda um e- -mail com anexo e pede a leitura, mas naquele tempo era uma epopeia, além do quê, havia medo de tudo, ninguém queria constranger ninguém. No entanto, a minha madrinha tinha sido aluna da Helena Kolody (1912-2004). Não sei se é possível explicar, mas, em Curitiba, era Deus no céu e Helena Kolody na Terra. Quando minha madrinha disse que levaria os meus originais para a Dona Helena, quase morri. Eu não podia imaginar que Dona Helena pudesse ser tão generosa, acessível, de uma bondade grande, transparente, muito calorosa, uma pessoa, enfim, extraordinária. Dona Helena, então, me ligou e pediu que eu fosse até o apartamento onde ela morava. Fui lá e ela me acolheu desde o primeiro encontro. Tive a oportunidade de vivenciar verdadeiras aulas de poesia. Ela me dava dicas, sempre com muita generosidade.

Jornal do Estarrecer
Um dia me peguei pensando em como mostraria meu trabalho poético, uma vez que eu era uma ilustre desconhecida. Gostaria de saber o que os outros escritores pensavam da minha poesia. O nome do meu primeiro livro era Estarrecer. Então, inventei o Jornal do Estarrecer, que se tratava de uma compilação de opiniões, favoráveis ou não, a respeito dos meus versos. Coloquei ali os fragmentos dessas críticas, de autores locais e de outras partes do Brasil. Fui coletando esses pontos de vista e foi muito legal porque, para a Curitiba da época, chegou um momento em que todo mundo queria participar do jornalzinho. Foi uma experiência que, entre outros benefícios, fez com que eu conhecesse outras pessoas que escreviam poesia. Professor Pilotto Em um dos encontros com a Dona Helena, ela falou que eu precisava conhecer a obra do Jorge de Lima e, na minha frente, telefonou para o Erasmo Pilotto (1910-1992), dizendo que eu iria até lá. De fato, fui até a casa dele, que me recebeu e me passou livros do Jorge de Lima. Inclusive, tenho até hoje a edição que ele me presenteou. O professor Pilotto tinha uma biblioteca de dois andares. No primeiro andar, havia 2,5 mil livros, principalmente de filosofia e teoria. Fiquei impressionada com aquilo. Então, ele perguntou se eu queria conhecer o segundo andar. Lá, havia a mesma quantidade, porém, eram romances, contos e obras poéticas. Fiquei extasiada. Foi uma experiência inesquecível.

“Sempre tive uma reverência muito grande por

bibliotecas, especial por esta, a Biblioteca Pública do

Paraná (BPP) que, por ser a maior da cidade, e do Estado,

sempre me pareceu um lugar sagrado.”

Música e literatura
Durante anos me dediquei à música, o que, para mim, acabou sendo algo lucrativo do ponto de vista emocional e também intelectualmente. A prática e o estudo da música exigem tanto quanto as outras artes. Eu estudava literatura enquanto era aluna de música. Afinal, o ritmo, as frases, que a gente chama de frases melódicas, tudo isso existe na música e na literatura. A noção de enredo, que pensamos que vem da literatura, está muito presente na música.

Natureza de artista
Dia desses, vi uma lagartixa em minha casa e fiquei observando que ela realizava, de fato, a sua natureza de lagartixa: ela é muito tranquila sendo ela mesma. A lagartixa fica horas parada, como um gato ou um cachorro, diferentemente de nós, seres humanos, que levamos anos até entender a nossa própria natureza. Quando entendi que a minha natureza é de artista, não soube, de imediato, qual seria a linguagem com a qual eu conseguiria me expressar. Fui para a música e depois cheguei à literatura. Mas, desde sempre, a minha natureza sempre foi essa, a literária, bastava apenas eu descobrir.

Linguagem e enredo
Sempre gostei de ultrapassar limites durante a produção de um texto. Gosto de brincar e forçar os limites, mas não porque eu tenha deliberadamente vontade de romper. Isso acaba acontecendo naturalmente, faz parte de minha expressão. Gosto, realmente, de sempre empurrar um pouquinho, de avançar cada vez mais.

Foto: Guilherme Pupo
Tédio acadêmico

Trabalho no meio acadêmico, é o meu ganha-pão. Então, uma vez escrevi um conto, com viés satírico, sobre um cientista “furado”. Foi uma brincadeira com o meio acadêmico. Afinal, nesse meio há muita competição. Você tem que pontuar a partir da publicação de artigos e, por isso, é necessário sempre estar publicando. E, como sempre me dei muito mal com as regras, escrevi um conto que é uma paródia da forma acadêmica de escrever. O conto tem várias páginas, é um trabalho acadêmico que não diz nada com coisa nenhuma. O personagem se apresenta como erudito, usa expressões aparentemente impressionantes, vale-se de citações, notas de rodapé, mas a sua preocupação maior é apenas pontuar, academicamente falando. Evidentemente que é uma provocação pesada, porque fala de toda uma produção que às vezes vai se esvaziando. Então, digamos que o conto desagradou muitas pessoas.

Humor
Nunca fiz humor para ser engraçada, nem esperei que alguém desse risada das coisas que escrevo. Pelo contrário. Tenho um tratamento de ironia, de satirizar certas coisas, sempre com a ideia da reflexão, de tentar fazer com que o leitor pare para pensar em quais perguntas o texto coloca. Nunca pensei em dar respostas. Quem sou eu para fazer isso? Mas gosto, sim, de ter essa noção de que meu leitor não precisa sair afundado do texto. Afinal, se o tema é forte, com o humor, você ainda está alegrando o seu leitor, pois está o aproximando de um tema essencial. Sempre me pareceu muito chato o texto que quer ser uma experiência acabada. Textos que prometem revelar verdades, para mim, são muito chatos. Quer dizer, espero que a minha literatura seja objeto de perguntas, que as pessoas se perguntem o que eu quis dizer com determinado texto.

Mulheres na literatura
Geralmente, quando sou convidada para algum evento literário e tem mais de duas mulheres na mesma mesa, é fatal: o tema será literatura feminina. Comecei a ficar incomodada com isso. Então, participei de uma mesa com a Ivana Arruda Leite, contista e grande amiga. Estávamos incomodadas com esse negócio, a chamada literatura feminina. Naquela época, um jornal estava produzindo uma matéria sobre literatura feminina e me pediram um depoimento. Liguei o computador, abri um documento de word e fiquei sentada, por horas, pensando no que escrever. Cheguei à conclusão de que eu não sabia falar sobre literatura feminina porque não sei o que é literatura feminina. Fiquei agoniada. Não sabia o que fazer. Resolvi, então, fazer o que eu sabia. Decidi escrever um conto sobre literatura feminina. O editor teve um trabalho imenso, quase não conseguiu incluir o conto, mas no final deu certo. Naquele conto, inventei uma entrevistada, que era presidente de uma União Nacional de Autoras Femininas, uma associação bem-sucedida. Na minha ficção, existe um ministro para assuntos de gênero, que teria destinado milhões para a literatura feminina porque a masculina é uma chatice, tratam sempre da mesma coisa, e, por isso, os leitores teriam abandonado os autores homens. Fiz uma provocação, que toca em uma questão visceral. Você compra uma antologia em qualquer lugar do mundo e, se tiver quinze autores, somente três, no máximo, serão mulheres. Confesso que não sou feminista, mas o próprio fato de ser uma mulher escritora já é uma questão política, do próprio feminismo. Já estou aqui, neste evento, e não preciso ficar levantando bandeira.

Transgressão e ousadia
Ser chamada de transgressora não é assim tão mal. Podiam me chamar de coisas piores, aí sim seria muito grave. É bacana e tem um certo charme. Quem resolve transgredir vai contra alguma coisa institucionalizada, gosto disso. Mas nunca fiz o tipo “hoje eu quero transgredir muito”, não é intencional. Apenas sigo a minha voz. Existem certas coisas, no entanto, que não me dizem nada, por exemplo, você ter uma pretensão de querer mudar o mundo por meio da literatura. Acho que você até pode mudar alguma coisa, mas eu vejo que a literatura também pode ser outras coisas. Lembro que uma vez fui a um encontro literário com autores famosos, badalados pela imprensa, em São Paulo. Não sei o que estava fazendo ali, também, pelo fato de ser a única mulher. Eram três escritores premiados, consagrados, e um deles chegou dizendo que leu a obra de Freud inteira para poder escrever um parágrafo. Me senti diminuída, eu não tinha lido a obra completa de Freud. O segundo autor disse que havia lançado um livro e, no dia seguinte, foi às ruas e nada havia mudado. Pensei comigo mesma que, ainda bem, afinal, se eu sair às ruas no dia seguinte de um lançamento e tiver mudado tudo, começaria a me preocupar. O terceiro escritor falou que em sua literatura existia uma grande dimensão do homem, porque ele via a miséria humana todos os dias. Fiquei me perguntando: o que eu poderia falar? Afinal, eu não via a miséria todos os dias: de vez em quando topo com alguma coisa poética, graças a Deus. Cheguei à conclusão de que deveria ser sincera e dizer o que eu faço. A minha dimensão também engloba uma coisa da alegria, da reverência, ela pode ser triste, trabalho muito com situações de perda, de substituição ou do não ter como substituir. Há então, na minha literatura, uma dimensão de dor e tudo mais, mas também existe um outro lado da própria reverência da vida. Então, por que não explorar também essas outras possibilidades?

Não repetir regras
Minha transgressão maior é justamente não me impor a esse modelo que vê a literatura, a arte enfim, como algo que vai salvar o mundo. Se sou considerada transgressora, talvez seja por causa da minha essência. Sinceramente, não me fascina muito repetir regras. Então, vamos quebrá-las, vamos experimentar algumas coisas, vamos empurrar até o limite. E, às vezes, esse limite é muito mais engraçado, patético, mas ainda sim interessa, leva à reflexão. Afinal, se você somente reafirmar certas coisas, está chamando o leitor de burro. Não gosto disso. Acho que temos que compor alguma coisa como escritor. Não vou chegar de cima para baixo pedindo que vejam as grandes verdades do mundo, verdades existenciais que estou escrevendo. Isso para mim não serve. Cada um, enfim, faz literatura do jeito que mais gosta.

O preço do experimentalismo
Tenho 13 livros publicados e muito poucas premiações. Quer dizer que, essa coisa de ser transgressor passa por isso. Tinha uma época em que eu até participava de concursos, porém, de uns tempos para cá, tenho usado o meu tempo para escrever.

O que é escrever?

Cada um deve encontrar o seu método. Antes de tudo, ler sempre estimula. O fato de ler já é por si só grandioso, imprescindível. O escritor precisa ler muito, conhecer o que está sendo dito e escrito. Depois, é fundamental pensar em uma questão: o que é que você vai falar? Ou seja, o escritor precisa refletir a respeito de sua intenção, da maneira como ele pretende dizer as coisas. Evidentemente, é necessário escrever e publicar, mostrar o trabalho. É comovente, para mim, perceber que hoje a literatura tem prestígio, o que não acontecia quando eu estava estreando. Agora, há dezenas de concursos, editoras e jornais que abrem espaço para novos autores. Mas, cada escritor tem a sua essência e tem de entender isso. Quem escreve precisa apurar os sentidos para perceber o mundo ao redor. Afinal, o escritor é um condutor que vai transpor emoções e imagens. Então, se você quer ser um escritor, precisa, mais do que tudo, observar. Depois disso, elabora a maneira de dizer, trabalha a linguagem, e passa a praticar, muito, continuamente. É preciso cultivar, brincar e se envolver com a palavra. A palavra será muito importante para o escritor.