Os editores | Eduardo Lacerda

Um estranho no ninho

Eduardo Lacerda conta sua saga à frente da Patuá, editora independente que em sete anos já publicou mais de 550 títulos, conquistou alguns dos principais prêmios literários do país e tem como ponto de venda um bar, idealizado pelo “faz-tudo” que já foi camelô, quis ser professor e aposta no sucesso de seus autores

João Varella

Ao invés de longas narrativas de fácil apelo, ele aposta na poesia e no conto, os dois patinhos feios do mercado editorial. Parceria com livreiros e espaço em gôndolas e vitrines de livrarias? Que nada. A opção foi abrir um bar, o Patuscada, em funcionamento desde 2015 em Pinheiros, bairro de São Paulo, para promover lançamentos e comercializar os títulos do catálogo de sua editora.

Foi no Patuscada, durante o lançamento de Tua roupa em outros quartos, romance de estreia do catarinense Antonio Pokrywiecki, que Eduardo Lacerda, editor da Patuá, recebeu o Cândido para uma conversa. Falou de números, acertos e tropeços, sem se esquivar. Edu, como é chamado, se especializou em publicar livros de pequena tiragem, principalmente de poesia.

Fundada em 2011, a Patuá construiu um catálogo que conta com mais de 550 títulos e ganhou prêmios literários relevantes. Em 2013, a paulistana Paula Fábrio conquistou o Prêmio São Paulo de Literatura, na categoria autora estreante acima de 40 anos, com o romance Desnorteio. Dois anos depois, a pernambucana Micheliny Verunschk levou o mesmo prêmio na mesma categoria, com nossa Teresa — vida e morte de uma santa suicida. Além disso, o santista Manoel Herzog foi um dos vencedores do Prêmio Jabuti 2015, na categoria poesia, com A comédia de Alissia Bloom, e o mineiro Ronaldo Cagiano levou um Jabuti em 2016 com o livro de contos Eles não moram mais aqui.

O catálogo ainda conta com autores experientes, como Luiz Bras [pseudônimo de Nelson de Oliveira], que publicou a novela Não chore (2016), e o poeta Ruy Espinheira Filho, autor dos livros Babilônia (2017), Milênios e outros poemas (2016) e Noite alta e outros poemas (2015). Apesar de hoje editar autores veteranos e ter conquistado prêmios, Lacerda segue firme em seu propósito inicial. “Não mudou o objetivo de dar espaço para a literatura brasileira, principalmente poesia, publicando autores estreantes”, diz o editor. 

A conversa durou mais de duas horas já descontadas duas breves interrupções para resolver pendências no bar. Lacerda bebeu três garrafas long neck de cerveja. Segundo ele, teria tomado dez se não fossem problemas de saúde — teve complicações por sua diabetes nos últimos meses — e Pricila Gunutzmann, com quem casou em 2017 sob a condição de que cuidasse de sua disposição física. E o bate-papo rendeu: Lacerda também contou sua trajetória até abrir a Patuá, falou abertamente de valores e sobre o ritmo alucinante de publicação — similar a de casas editoriais de grande porte — necessário para a sobrevivência de sua editora independente: “Tenho de publicar 15 livros por mês, de outra forma eu não consigo manter a estrutura”.

Fotos: Rafael Roncato
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Qual é o seu grande acerto na carreira de editor? O que te deixa orgulhoso? 
Publicar autores estreantes que agora estão com uma carreira bacana. Não significa ganhar prêmio ou resultado de venda de livros, mas são pessoas dedicadas à literatura. Teve gente que montou a própria editora ou foi para editora grande. São artistas na estrada, que daqui a 30 ou 40 anos continuarão escrevendo.

Pode citar um exemplo? 
A Juliana Bernardo, autora do primeiro livro da Patuá, Carta Branca, há sete anos, depois lançou outro livro chamado Vitamina. Ela foi trabalhar na editora Maloquerista. Fez uma porrada de livros com tiragem bem alta, principalmente de poetas que vendem na rua, de mão em mão. Eles não vão estar em livrarias, não vão ganhar prêmio, não têm resenha, mas vendem 5 mil exemplares.

E o outro lado, como você lida com os autores que desistem? 
Literatura pode dar uma grande frustração. Muita gente lança pensando no sucesso imediato e não é bem assim. É muito ruim: vejo autores reclamando por não serem lidos, e que deixam de publicar por isso. Mas o que é “ninguém ler”? Há autores que vendem 100 livros e isso é uma marca que autores grandes não atingem. Às vezes o cara tem um livro bacana, mas por não ser convidado para a Flip [Festa Literária Internacional de Paraty] acha que ninguém o lê. Isso me deixa um pouco chateado. 

Tem quem veja editora pequena como um trampolim? 
Às vezes sim e eu incentivo alguns autores a mudar para editoras grandes. É melhor no sentido de ser uma empresa maior, mais profissional, que conta com boa distribuição, comercializa em livrarias, dispõe de assessoria de imprensa, tem um apoio maior. Em alguns aspectos é melhor, em outros não. Se sair da editora pequena de uma maneira honesta, não causa frustração. Não quero desdenhar de ninguém, mas autor bom não falta. 

Qual é o teu maior arrependimento como editor? 
Alguns autores que deixei de publicar. Mas se estão em boas editoras, não é uma frustração, é uma alegria. Bom que seguiram um caminho legal, mas não tem frustração, mágoa. O erro foi meu.

O que é um bom texto literário? 
Cara, difícil essa pergunta. Quando você fala em texto literário bom, está automaticamente falando que existe texto literário ruim. 

Essa é exatamente a minha próxima pergunta. 
Então respondo tudo agora. As escolhas de uma editora independente são muito subjetivas. Nem sempre é o melhor. Posso no momento ler, gostar muito e seis meses depois não achar tão legal. E vice-versa. Se tivesse de colocar critérios de leitura, poderia encher linguiça e dizer que o autor segue uma tradição e renova essa tradição, blá, blá, blá. Isso é bobagem. Se o texto te pega, você quer publicar. Dá para perceber autores comprometidos com a literatura, que leem e dialogam com seus pares, ao mesmo tempo que colocam uma proposta nova, algo próprio. Dá muito tesão receber livros de garotos e garotas jovens, de 20 e poucos anos, nos quais você percebe um amor pela literatura. Hoje [11 de novembro de 2017], por exemplo, estou lançando um autor de Joinville, Antonio Pokrywiecki. Ele queria lançar em São Paulo. Disse para ele que talvez não viesse ninguém. Ele insistiu, afirmou a importância de se conhecer as pessoas. É um romance muito bom. É legal acreditar nessas pessoas. 

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A Patuá arrisca? 
Fui questionado se publicando mais de 500 títulos a Patuá ainda é uma editora independente. Ao publicar um autor ou uma autora que vende 30 exemplares, mas com uma poesia bacana, é tomar risco, é ser independente. Se eu não fosse independente, eu teria só quantidade e não qualidade. É claro, preciso manter a editora. Não posso só vender dez exemplares por autor, infelizmente. Tenho de pensar que num mês posso arriscar mais, num outro preciso de livros que vão se pagar. Não é mecenato, não sou um cara rico gastando dinheiro da família — sem crítica aos que fazem isso, pelo contrário, se eu pudesse faria o mesmo. O legal é publicar gente muito jovem ou muito velha, em uma zona de exclusão, seja ela qual for. Os livros da Patuá são mais tradicionais, tamanho 14 por 21 [centímetros, uma medida econômica por questão de aproveitamento de papel]. Estamos muito mais próximas de uma editora tradicional como a Companhia das Letras no sentido de como produz o livro do que de uma editora alternativa.

Há um papel social na função de editor? 
Sempre tem. A longo prazo, se as pessoas da cadeia do livro não formarem leitores, vai todo mundo para o buraco. Publicando livros você forma leitores. O primeiro leitor dos livros da Patuá são os amigos e a família do autor. O cara está lendo porque é o livro do amigo, mas se ele gostar ele vai ler um próximo autor, dando chance para leitores de fora do circuito [literário].

Uma das políticas da Patuá é publicar o mesmo número de homens e mulheres. Por quê? 
Isso não é um papel social exatamente. Recebo tantos livros bons de homens quanto de mulheres. Essa divisão não é papel social, é papel de editor. Também acontece com autores negros, que são bons autores e merecem ter espaço. Uma Conceição Evaristo ficou quanto tempo longe das grandes editoras? O Edimilson de Almeida Pereira, que lançou agora um livro pela Patuá, está publicando há 30 anos. Aí é chamado para a Flip, várias editoras começam a se interessar. 

Qual é a tiragem dos livros da Patuá? 
Fazemos uma tiragem inicial de 60 a 100 exemplares e todos os autores recebem cinco exemplares. Aí o autor fala “pô, mas é pouco”. Assim são os primeiros 100. A partir do centésimo, ele passa a receber 10% do preço de capa. De 550 autores uns 50 passaram desse número com vendas pelo preço de capa. Tenho autores que venderam mais, mas aí é o próprio autor que compra com desconto e vende. Se o autor falar para mim que vai participar de um evento, ele compra com 40% de desconto, vende ao preço de capa e ganha em cima. Ninguém é obrigado a comprar, é uma decisão de cada um. Enquanto isso, o livro está no site da editora para o caso de algum leitor que queira comprar. Há autor que já vendeu 300 livros pelo site. Tem a ver com a capacidade de cada um de vender. É risco zero para o autor. Ele ganha menos, mas é risco zero. Se ele quiser pode procurar uma outra editora e arriscar pagando [para ser publicado], vai ganhar mais, mas é arriscado. Tenho autor que não chega a 30 exemplares, já tive autor que vendeu apenas um livro. Quem entra na Patuá está dentro de um grande projeto, quem vende mais acaba ajudando quem vende menos.

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Qual é a infraestrutura editorial da Patuá? 
Eu e o Ricardo Ribeiro, que entrou há pouco para ser assistente editorial. Mas ainda há algumas funções que ele não faz, como emitir nota fiscal, ir aos Correios, cuidar do bar, ou seja comprar cerveja, limpar banheiro, atender as pessoas. A leitura dos originais sou eu quem faz. Ele cuida depois da minha decisão. Ele organiza os arquivos, faz uma nova leitura, faz uma revisão, passa para o diagramador ou ilustrador escolhido para fazer aquela obra.  

Não é muita coisa só para vocês dois? 
É coisa demais. A revisão é um problema da Patuá muito sério. Passar para um revisor um livro que vende 20 exemplares eu não consigo. A gente recebe muita oferta de revisão por R$ 100. Isso é exploração de mão de obra, não quero, prefiro um livro mal revisado. A gente faz uma leitura, mas sempre acaba passando uma coisa ou outra. Tenho de publicar 15 livros por mês, de outra forma eu não consigo manter a estrutura, sendo que uma obra dá prejuízo de R$ 2 mil, outra dá lucro de R$ 3 mil e aí nesse balanço consigo pagar as contas. Quando eu comecei a Patuá sonhava que no mínimo um livro venderia 200 exemplares logo na noite de lançamento. É irreal. Se fosse assim, todo mundo faria livro. Dá trabalho, dá prejuízo, dá custo, dá gasto. E dá trabalho. 

O modelo da editora mudou em algum ponto desde a sua fundação? 
Não mudou o objetivo de dar espaço para a literatura brasileira, principalmente poesia, publicando autores estreantes, embora não só. Baixou a tiragem, tem livro que eu sabia que ia vender 50 exemplares e fiz 60, correndo o risco de no lançamento 80 pessoas quererem comprar e o autor ficar sem livro. Nós vendemos cada vez menos. E no começo já não era muito, então eu baixei a tiragem. 

Isso afetou o preço de capa dos livros? 
Não. A gente consegue fazer dez exemplares no mesmo preço de 100. Talvez caia um pouquinho o custo, fazendo 100 eu pagaria R$ 7, fazendo 10 eu pagaria R$ 7,80. Não adianta também fazer 100 e ter 50 livros parados pelos R$ 0,80 do unitário. Não gostaria de chegar para um autor e dizer: “Olha, eu vou fazer teu livro de graça, mas você precisa vender ao menos 40”. Isso viabiliza muita editora bacana, mas eu me sinto constrangido. Tenho problema de lidar com dinheiro e pessoas. Tenho uma trava pessoal. A Patuá não se profissionalizou muito. 

Seu tempo de camelô não ajudou nessa parte comercial? 
É, mas essa história o pessoal confunde, acha “nossa, o cara foi camelô, é tipo Silvio Santos”. Meu pai tinha uma loja na região da [rua] 25 de Março [tradicional ponto de comércio popular no centro de São Paulo], de bijuteria e papelaria. E faliu. Ficou devendo para um agiota um valor altíssimo, hoje daria mais de R$ 1 milhão. E ele ficou desesperado. Eu estava no segundo mês de uma faculdade particular, a São Judas. Aí fui trabalhar de camelô durante 6 meses. Ele tinha os produtos já comprados. Teve um período que eu precisei fazer isso e faria de novo.

Você era um bom vendedor? 
Era. Vendia melhor que livro. Livro tem um apego muito grande, coloco meu nome ali, uma coisa de ego. Quando você está vendendo bijuteria é só anel, é só bijuteria. Se eu vejo um livro com uma orelha um milímetro torta eu sinto vergonha. Ninguém percebe, o leitor, o autor, outro editor, ninguém. Mas aquilo fica martelando na minha cabeça. Agora meu pai montou um negócio pequeno dentro de casa, faz roupa para umbanda e candomblé. 

Teve de abandonar a São Judas? 
Sim, estou devendo até hoje lá. Depois fui trabalhar como atendente de telemarketing em Guarulhos, levando três horas para ir e três horas para voltar, nada que outro brasileiro não tenha feito. Passei em Letras na USP, morei no Crusp [Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo], ganhei bolsa, fiquei estudando. Não me formei, mas fiquei lá. 

Letras sempre foi a primeira opção? 
Queria ser professor. Não era um leitor muito bom. Tinha em casa livros do Círculo do Livro, Paulo Coelho e Zíbia Gasparetto. O primeiro livro mais sério que eu li foi aos 12 anos, A idade da razão, do Jean-Paul Sartre. É uma porrada. Não entendi porra nenhuma também, não estou me vangloriando. Gostava muito mais de Paulo Coelho. Quando entrei na USP tinha um negócio chamado Cordel de Letras, um muralzinho para colocar poemas. Aí eu comecei a cuidar daquilo. 

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Era uma ação do centro acadêmico? 
Sim, do centro acadêmico. Mas era meio abandonado. Centro acadêmico não existe nem nunca existiu na Letras. Comecei a cuidar, a postar poemas de vários autores e a frequentar muito a biblioteca da Letras. Lia muito, todo dia. Aí nessa época comecei a frequentar um grupo de escritores de Santo André [cidade da Grande São Paulo] na Casa da Palavra. Eles faziam fanzine e eu passei a fazer fanzine na Letras também. Imprimia frente e verso, grampeado. Queria fazer uma revista literária. Enchi o saco do mundo inteiro, até falar com o diretor do curso para ver se ele não daria um apoio. Ele falou: “dinheiro não posso dar, mas posso dar a gráfica”. A gente não precisava de mais nada mesmo. Um aluno revisou, outro diagramou, eu meio que editei. A revista Metamorfose pode ser considerada meu primeiro trabalho como editor. Não era um nome muito criativo. Anos depois a Andréa Catrópa, uma professora e escritora bem bacana, mais velha, quis ser coeditora. O segundo número da revista ficou bem melhor. Mas foi o último.

Depois você fez outra publicação? 
Em 2005 começamos a FLAP, Festa Literária Alternativa a Paraty. Aquela bobagem, não fui chamado para um negócio legal, a Flip, então vamos fazer um negócio alternativo. É uma bobagem, mas precisa ter. A revolta ingênua é legítima. Fiz um evento muito legal no Espaço dos Satyros [teatro localizado no centro de São Paulo], mais de 400 pessoas em dois dias de leitura de poesia, debates, etc. A gente fez um fanzine chamado O casulo à espera da metamorfose, que era para ser uma coisa menor, meio que regrediu, não era uma revista, não tínhamos dinheiro para fazer uma revista. Aí depois eu fui demitido da empresa de telemarketing. Três anos depois eu pude sacar o FGTS e vi a Guaru Gráfica. Queria fazer um jornal. Custava R$ 300 para rodar 3 mil exemplares de um jornal de 8 páginas. Eu não tinha esse dinheiro. Saquei meu FGTS, aí o [escritor] Marcelino Freire deu R$ 30. Depois a Mercearia São Pedro pagou para ter um anúncio. Eu só precisava da grana para imprimir o negócio. Comprei o [software] Corel Draw pirata, apanhei bastante e diagramei. Ficou bem tosco, mas saiu. 

Procurou outro emprego? 
Perguntei ao [escritor e crítico] Reynaldo Damazio como era para trabalhar na Casa das Rosas. Ele me indicou o Frederico Barbosa [então presidente da Casa das Rosas], que não queria me dar o emprego. “Edu, você vai ficar servindo água, carregando cadeira”. E para ganhar R$ 400 por mês sem vale transporte. Mas aceitei. Trabalhando na Casa das Rosas tive contato com poetas, professores, pessoas que depois eu viria a publicar na Patuá.

Hoje a Patuá tem a Patuscada praticamente como única livraria. Por quê? Os autores não reclamam? 
Reclamam muito. Coloco isso até em contrato. Quando comecei a Patuá, o contrato tinha uma página e meia. Hoje tem quatro. A maioria não lê, mas se não colocar no papel é pior ainda. Sobre livraria: você faz um livro hoje, com uma tiragem que não é tão pequena, aí eu peguei uma autora como a Ana Santos. O livro dela é maravilhoso, foi publicado em vários veículos, recebeu um bom destaque no [jornal] Rascunho. Fiz 100 exemplares, com três páginas coloridas. De impressão foi R$ 9 por exemplar. O diagramador cobra R$ 600. Aí tem que tirar ISBN [espécie de CPF dos livros], os gastos da editora, contador… no final das contas o livro sai para mim uns R$ 20. Eu vendo o livro a R$ 38. Se eu colocar na Livraria Cultura, vou estar pagando para editar. Até aí tudo bem. Digamos que no lançamento vendeu 50 exemplares, pagou os custos. Compensaria colocar na Cultura, mesmo para ganhar só 50%. Você paga o frete, você tem de cobrar, eles levam 90 dias para pagar. Aí a Cultura, dizem, está dando calote. E a estratégia deles é colocar livro de editora pequena no site, se vender pede para a editora. Qual é a diferença da pessoa comprar no site da Cultura ou no site da Patuá? Lá aceita crédito, débito, PagSeguro, depósito em conta, boleto bancário. Eu tenho frete único para o Brasil inteiro. A Cultura para vender para o Maranhão vai cobrar R$ 30. As pessoas têm dificuldade em se abrir para o que é diferente.


Na próxima edição, entrevista com Maria Amélia Mello.