Witold Gombrowicz
O autor nasceu em 1904, em uma propriedade rural perto de Varsóvia. Formou-se em direito pela Universidade de Varsóvia e completou os estudos em Paris, graduando-se em filosofia e economia. Gombrowicz iniciou a carreira literária em 1933, com a publicação da coletânea de contos surrealistas Memórias dos tempos da imaturidade. Em 1937, lançou seu trabalho mais famoso, Ferdydurke, único livro publicado por ele em seu país natal. O romance foi recebido com estranheza pela crítica da época. Com estrutura narrativa pouco usual, marcada por uma linguagem semelhante a dos sonhos, o livro conta a história de um escritor de 30 anos que é subitamente levado a um colégio, onde é tratado como mais um dos adolescentes. Convidado para ir de navio até Buenos Aires, em 1939, Gombrowicz foi surpreendido pela eclosão da Segunda Guerra assim que chegou à Argentina. Impedido de voltar, passou ali os 24 anos seguintes, a maior parte do tempo em extrema pobreza. O reconhecimento crítico só veio nos anos 1960, já de volta à Europa, quando teve seus principais romances publicados na França, entre eles Pornografia (1960) e Cosmos (1965).
Czeslaw Milosz
Nascido em 1911, em Sateiniai, na Lituânia, quando o país pertencia ao império Russo, Milosz cumpriu parte de seus estudos na Polônia e, nos anos 1930, viveu em Paris. Sua obra está totalmente atrelada à história das guerras e ocupações europeias do século XX. O poeta escreveu e viveu em Varsóvia durante a Segunda Guerra, testemunhando o Levante de Varsóvia. Sua poesia é repleta de polaridades e antíteses, o que sempre dificultou as tentativas de defini-la. Milosz foi influenciado por pensadores como Bakhtin, Dostoiévski e Simon Weil. A relação entre o “eu” e os outros assume, em sua obra, aspecto de uma investigação filosófica e moral. Em 1960 o escritor emigrou para os Estados Unidos, onde ensinou literatura polonesa em Berkeley. Em 1980, ganhou o Prêmio Nobel, fato que fez o trabalho de Milosz ser conhecido na Polônia, já que o poeta era censurado no país por conta de sua oposição ao regime comunista. Entre suas principais obras, destacam-se a seleta de poemas The rising of the sun (1985) e o livro de não ficção Zniewolony umysl (1953), sobre a subserviência dos intelectuais poloneses ao Estado comunista.
Henryk Sienkiewicy
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Foi o criador do romance moderno polonês, produzindo ficção de matriz histórica. Nascido em 1846 e vindo de uma família de aristocratas poloneses, Sienkiewicy começou a carreira escrevendo em jornais. Foi para a universidade estudar Direito e Medicina, mas optou mesmo pelo curso de História. Os romances de Sienkiewicy dão feição humana a eventos políticos ao descrever os grandes movimentos da humanidade sob o ponto de vista de um indivíduo. Os cavaleiros da cruz e A trilogia descrevem os levantes, as invasões e as expulsões que caracterizaram a história polonesa entre os séculos XIV e XVII. Com essas obras, o escritor se tornou imensamente popular em seu país. Depois de viajar pelos Estados Unidos durante três anos e com a publicação de Quo Vadis?, romance que virou best-seller, seu nome se tornou internacional. Em 1905, Sienkiewicy recebeu o Prêmio Nobel.
Bruno Schulz
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O escritor nasceu em 1892, em Drohobycz, pequena cidade da Polônia antiga (hoje pertencente à Ucrânia), que fazia parte do Império Austro- Húngaro. A família de Schulz pertencia à comunidade judaica e seu pai era um bem-sucedido comerciante de produtos têxteis. Em 1924, o escritor começa a trabalhar como professor de desenho no Ginásio Público de sua cidade. Nessa mesma época ele inicia a carreira literária. Seu primeiro livro de contos, Lojas de canela, publicado em 1933, foi muito bem recebido pelos maiores críticos poloneses e indicado para o principal prêmio literário de Varsóvia. Com Sanatório sob o signo de clepsidra, Schulz se consolida entre os grandes escritores de seu país. No entanto, sua obra ficaria restrita a dois livros e mais alguns textos esparsos. No verão de 1941, após Hitler atacar sua até então aliada União Soviética, Drohobycz fica sob ocupação Alemã. Bruno Schulz é um dos milhares de judeus transferidos para o gueto. Amigos escritores preparam para ele documentos falsos e um esquema de fuga. Mas na véspera da fuga, em 19 de novembro de 1942, o escritor é morto por um oficial alemão com um tiro na cabeça.
Stanislaw Ignacy Witkiewicz
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Witkacy, como era conhecido artisticamente, foi um dos maiores representantes da Vanguarda europeia na primeira metade do século XX. Seu pai, Stanislaw Witkiewicz, foi um famoso crítico de arte e pintor, a quem o escritor deve sua formação em artes. Depois da Revolução de Outubro (1917), Witkacy escreve 40 peças teatrais, entre elas A mãe (Matka), que é um de seus trabalhos mais conhecidos fora da Polônia. Também é autor de dois romances antiutópicos, chamados A despedida de outono (1927) e A insaciabilidade (1930). No mundo teatral de Witkacy, de onde foi banido o princípio da verossimilhança, reinam o grotesco, o fantástico, a paródia, o erotismo e o absurdo. Sua obra também desconstrói a noção de realidade lógica e “normal”, anunciando o cataclismo que o autor vislumbra ao observar a degradação dos homens e das sociedades nos tempos de cultura de massa, “a extinção dos sentimentos metafísicos” e a intensificação das tendências totalitárias. A obra literária e o teatro de Witkacy, com sua visão de mundo particular, anteciparam algumas das principais tendências do pensamento e da arte contemporâneas.
Stanislaw Lem
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O autor nascido em Lvov, em 1916, é considerado um clássico da ficção científica. É hoje um dos autores poloneses mais traduzidos no mundo. Além de ficção científica, escreveu romances filosóficos, textos dramáticos e satíricos, como também trabalhos sobre teoria literária e, o mais curioso, resenhas de livros inexistentes. Um dos temas mais importantes da obra ficcional de Lem é a construção de sociedades perfeitas com métodos científicos. As convenções da ficção científica permitiram que o escritor fizesse uma crítica severa ao totalitarismo, ludibriando a censura, como em Diários siderais (1957) e Ciberíada (1965), este último uma série de contos espirituosos ambientados num universo habitado por máquinas (que ocasionalmente entram em contato com “repulsivas criaturas biológicas”). A visão do futuro de Lem é bastante pessimista, pois o homem, segundo ele, tem pouco chance de evitar a catástrofe da autodestruição e da destruição da natureza. Um de seus romances mais conhecidos, Solaris (1961), foi adaptado para o cinema em 1972 pelo diretor russo Andrei Tarkovsky. O filme ganhou um prêmio especial do juri no Festival de Cannes.