Especial Crítica Literária | Galeria de críticos
Galeria de Críticos
Sílvio Romero
Otto Maria Carpeaux
Verdadeira enciclopédia da literatura universal, Carpeaux (pronuncia-se carpô) é autor da monumental História da literatura ocidental, um estudo em que o crítico analisa uma gama enorme de assuntos, todos relacionados com a cultura e literatura ocidentais. Os quatro volumes da História da literatura ocidental trazem análises dos mais diferentes movimentos da literatura, como o Classicismo e o Barroco, além de estudos de autores como Cervantes, Shakespeare e Molière. Carpeaux protagonizou também um dos episódios mais pitorescos da literatura mundial. Credor de uma editora falida de Berlim, o crítico foi cobrar a dívida e recebeu a seguinte oferta do editor: “Pagar não posso, querido, mas se você quiser, pode levar, em vez de pagamento, esse exemplar e, se quiser, a tiragem toda. O Max Brod, que teima em considerar gênio um amigo dele, já falecido, me forçou a editar esse romance danado. Estamos falidos. Nem vendi três exemplares. Se você quiser pode levar a tiragem toda. Não vale nada”. O livro se chamava O processo. E o autor, Franz Kafka.Andrade Muricy
Nascido em Curitiba, em 1895, José Cândido de Andrade Muricy se destacou como um dos principais críticos musicais e literários do Brasil. Formou-se em direito em 1919 e viveu na Suíça de 1923 a 1925. Em 1927, fundou a revista Festa e, a partir de 1937, foi crítico musical do Jornal do Comércio, onde escrevia regularmente um famoso rodapé. Em 1972, Muricy recebeu o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra. Entre seus principais livros, destacam-se Nova literatura brasileira (1936), Panorama do movimento simbolista (1974) e Cruz e Souza (1974).Antonio Candido
Candido estreou como crítico em 1941, na revista Clima, fundada por ele e pelo crítico de teatro Décio de Almeida Prado. Em 1959 lança sua obra mais influente e polêmica: Formação da literatura brasileira, na qual estuda os momentos decisivos da formação do sistema literário brasileiro. Em 1974, Candido se torna professor efetivo de Teoria literária e Literatura Comparada da Universidade de São Paulo (USP). Fernando Henrique Cardoso e Roberto Schwarz foram alguns de seus alunos. Entre 1956 e 1960 escreveu como colaborador no Suplemento Literário do jornal O Estado de São Paulo. Em 1978 se aposentou, mas continuou atuando como professor do curso de Pós-Graduação e foi um crítico influente tanto na vida literária como na política, defendendo as ideias do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e atuando no Grupo Radical de Ação Popular. Em 2011 Antonio Candido foi o grande homenageado da Festa Literária de Paraty (FLIP).(Foto: Divulgação Flip/2011)
Alcir Pécora
Alguns ex-repórteres da Ilustrada, suplemento de cultura da Folha de S.Paulo, contam que, quando a edição de sábado — dia em que há algum espaço para a literatura — não tem conteúdo instigante, o editor tende a solicitar uma resenha a Alcir Pécora. A finalidade, de acordo com o que dizem os ex-repórteres, é esquentar a edição. Ou seja, com a presença de um texto de Pécora, seguramente a edição terá alguma ressonância. O crítico literário, professor da Unicamp, não costuma elogiar escritor brasileiro vivo. Em geral, ele bate. Forte. E há repercussão, choradeira e gritaria por parte de quem leva a pancada e de seus amigos, agregados e fãs. Na revista Cult, onde também escreve, a prática é similar. Pécora procura ler e aponta eventuais qualidades, mas, em média, coloca o dedo nas feridas. Jovens escritores paulistanos ou radicados em São Paulo, sobretudo os que frequentam bares da Vila Madalena, não gostam dele. Pécora não perde o sono nem dá “beijinho no ombro”. Simplesmente segue a ler e decifrar, de sua maneira, com muito repertório, o fenômeno literário. Não poucos afirmam: “é um dos melhores críticos brasileiros, talvez o melhor.”(Foto: Shigueo Murakami)
Temístocles Linhares
Um leitor apaixonado pela literatura. Essa é uma possível definição para Temístocles Linhares (1905-1993), crítico literário nascido em Curitiba que atuou com destaque nas páginas de O Estado de S.Paulo. Linhares sabia que para ser crítico literário não basta apenas ler ficção e poesia: é imprescindível conhecer o contexto cultural como um todo. Professor na Universidade Federal do Paraná (UFPR), escreveu obras sobre a conjuntura brasileira, entre as quais Paraná vivo: um retrato sem retoques (1953) e História econômica do mate (1968), ambas publicadas na célebre coleção Documentos Brasileiros, da editora José Olympio. Pensador da ficção brasileira, é autor de um livro fundamental para compreender a longa narrativa tupiniquim: História crítica do romance brasileiro (1987), em três volumes. Ao mesmo tempo em que vivia, lia e produzia as críticas, também manteve um diário, secreto, que foi publicado em seis volumes pela Imprensa Oficial do Paraná, na gestão Miguel Sanches Neto, com o título Diário de um crítico, com as anotações de 1957 a 1982.