Editorial

Jack Kerouac, Allen Ginsberg, Gregory Corso, Laurence Ferlinghetti e outros escritores norte-americanos provocaram uma ruptura cultural na metade do século XX. Eles foram os protagonistas da chamada geração beat. Flerte com a cultura oriental, consumo de drogas e prática de sexo livre, entre outros elementos e ingredientes, além do jazz na trilha sonora, estavam no caldeirão da beatinikagem.

A onda beat, na qual comportamento e escrita quase se misturam, atingiu variados pontos do mundo, inclusive o Brasil. Vários autores brasileiros dialogaram com o legado beat, entre os quais José Agripino de Paula, Jorge Mautner, Waly Salomão, Roberto Piva, Antonio Bivar, Claudio Willer e Eduardo Bueno.

Willer, um dos beats brasileiros mais atuantes, foi entrevistado e é uma das vozes presentes na matéria “Cena beatnik”, para a qual foram ouvidos especialistas e escritores que conhecem a temática.

A escritora e professora da UFPR Luci Collin, que traduziu textos de Gary Snyder, explica que a geração beat surgiu em solo norte-americano, num contexto marcado pelo consumismo e por um moralismo sufocante, para reavaliar valores e estruturas, na avaliação dela, doentiamente consolidadas. “Os beats produziram uma literatura ousada e direta, que expunha os tabus e recalques daquela sociedade”, afirma Luci.

O professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) Marco Alexandre de Oliveira lembra que o termo beat deriva das palavras beato e/ou beatificado, e da palavra beat no sentido de batida e/ou batuque.

O tema é amplo e complexo e, nesta edição, tem desdobramento em outra reportagem que enfoca o percurso de Luiz Carlos Maciel, intelectual brasileiro quase sinônimo de contracultura e em uma lista de obras que, em conjunto, jogam luzes nessa manifestação cultural que chega no século XXI atraindo a curiosidade de artistas, estudiosos e do chamado leitor comum.

Boa leitura!