Cândido indica

Crash
J.G. Ballard, Companhia das Letras, 1973 
Tradução: José Geraldo Couto 
Crash representa, em várias medidas, a loucura que o pós-modernismo e a cultura pós-industrial trouxeram a reboque à sociedade do século XX. A galeria de tipos apresentadas por J.G. Ballard neste romance publicado em 1973 poderia facilmente estar escalada em qualquer hospital psiquiátrico. No centro da trama está Robert Vaughan, um obcecado por acidentes automobilísticos e práticas sexuais que reproduzem cenas de desastres envolvendo carros. Mas há outros tipos tomados pela perversão, como um dublê que reedita acidentes fatais sofridos por celebridades. Crash é o ponto mais alto da carreira de um autor acostumado a produzir grandes obras.

30 anos do The New York Review of Books
Robert Silvers e Barbara Epstein, Paz e Terra, 1997 
Tradução: Gilson César Cardoso de Sousa 
Esta é a primeira coletânea de textos publicados no suplemento literário The New York Review of Books. Trata-se de uma amostra do que de melhor o jornal americano publicou em seus primeiros 30 anos. O time de autores e a variedade de textos presentes no livro dá o tom da importância da publicação: Robert Hughs escrevendo sobre Andy Wharol, Joan Didion em artigo sobre El Salvador e Susan Sontag com um aperitivo de um de seus ensaios mais célebres sobre a fotografia. 

crash
2
3
4


A peste
Albert Camus, BestBolso, 2008 
Tradução: Valerie Rumjanek
A cidade de Orã é devastada pela reaparição da peste bubônica. O caos, prenunciado pelo surgimento de ratos mortos nas ruas e nas casas, se instaura quando pessoas começam a morrer de maneira exponencial. As fronteiras são fechadas e, presos em meio à doença, os cidadãos precisam superar o egoísmo e o embotamento para contornar a situação. Através do Dr. Bernard Rieux, do jornalista Rambert, do padre Paneloux, entre outros personagens, o francês Albert Camus — Prêmio Nobel de Literatura de 1957 — constrói uma narrativa dolorosa porque humana, abordando temas como solidão, empatia, ateísmo e suicídio.

Eu também
Amarildo Anzolin, Editora Medusa, 2003 
A forte sonoridade dos versos deste que é o segundo livro do curitibano radicado em São Paulo Amarildo Anzolin corrobora a proposta do autor: recobrar o som e o ambiente existentes antes mesmo da própria poesia, da palavra. A obra, considerada por Anzolin seu ingresso no universo da tradição oral, se equilibra entre o mundano, com referências e imagens do cotidiano, e reflexões desencantadas sobre a condição humana. A melancolia dos versos, porém, é consequência de constatações frias acerca do homem, e não necessariamente de uma visão pessimista: “corpo é corpo/ mesmo com/ gravata no pescoço”, ou “o homem/ de antes/ das coisas/ das contas/ vale/ o mesmo/ que o homem/ de agora/ e de sempre”.