Perfil: Philip K. Dick 30/11/2020 - 13:17

Rei Paranoico

O escritor norte-americano Philip K. Dick (1928-1982) transformou suas percepções alternativas da realidade em obras incontornáveis de ficção científica — e vem sendo reeditado desde 2019, no Brasil, pela Aleph

João Lucas Dusi

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O escritor norte-americano Philip K. Dick (1928-1982) escreveu 44 romances e 14 livros de contos

 

O escritor norte-americano Philip K. Dick (1928-1982) é um dos principais representantes da ficção científica — gênero que parece estar ganhando bastante espaço entre o grande público contemporâneo, com séries de sucesso como Dark e Black Mirror, por mais que haja quem defenda que a FC não tenha saído de moda desde a publicação de Frankenstein, de Mary Shelley, em 1823. Autor obsessivo, com uma obra composta por 44 romances e 14 livros de contos, K. Dick vem sendo reeditado no Brasil pela Aleph desde 2019, com artes de capa assinadas por Rafael Coutinho e materiais exclusivos, como transcrições de entrevistas concedidas pelo autor a diferentes veículos. O Homem do Castelo Alto, O Homem Duplo, Ubik e Blade Runner (cujo nome original é Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?) são alguns dos títulos que ganharam nova roupagem.

Além do projeto gráfico uniforme, as obras conversam entre si devido às recorrências temáticas e ao incontornável clima de paranoia — indispensável a um universo literário construído em cima das questões existenciais humanas mais atormentadoras, repleto de conspirações, mensagens cifradas, drogas e sempre preocupado em borrar as fronteiras entre sonho, delírio e o que convencionalmente se considera real. Para K. Dick, afinal, o que enxergamos não passa de apenas uma dentre muitas outras percepções de mundo possíveis.

Outro autor que flertou seriamente com a paranoia e abstrações em seus escritos registrou uma sacada que pode ajudar a pensar a postura de Philip. No romance Graça Infinita, de David Foster Wallace (1962-2008), o personagem Michael Pemulis tem em seu quarto o cartaz do Rei Paranoico, o qual traz uma inscrição pertinente para esta matéria: “Tudo bem, eu sou paranoico — mas será que sou paranoico o suficiente?”.

O escritor Luiz Bras, um dos maiores entusiastas nacionais da ficção científica, joga mais luz sobre a questão: “Nos principais contos e romances de Philip K. Dick, a realidade e as certezas empíricas são sempre colocadas em xeque. Nossos sentidos nos enganam, nada é o que parece ser. Grandes corporações ou estados totalitários manipulam nossa mente, nossas crenças e memórias, numa alucinatória conspiração”.

Todo o conteúdo complexo, no entanto, é embalado por uma prosa límpida. A confusão conceitual está sempre presente, já que os assuntos tratados fogem ao convencional, mas a expressão busca ser clara (com poucos malabarismos formais). Essa queda de braço estética dá margem a um grande estranhamento, visto que o autor escreve com naturalidade sobre realidades em que o nazismo prevalece na Terra, frequências mentais que sobrevivem em bolsas térmicas, humanos prevendo o futuro e modificando o passado e o Estado caçando androides que estão ilegalmente entre nós — para citar apenas alguns exemplos. “Dick não foi um grande artista. Ele admirava a linguagem alienígena de Finnegans’s Wake, de James Joyce, por exemplo, mas jamais pretendeu fazer literatura-arte. Seu barato sempre foi a literatura-artesanato, mais popular”, reflete Bras, autor dos livros Não Chore (2016) e Sozinho no Deserto Extremo (2012), entre outros.

Essa preocupação em se fazer simples, mas profundo, talvez seja um indicativo do porquê o autor tenha tido — e ainda cultive — um fiel grupo de admiradores. “Quando ia a convenções, Dick se sentia bastante cultuado. Os fãs de nicho o amavam”, diz a professora Cláudia Fusco, que estudou ficção científica na Universidade de Liverpool, Inglaterra, onde destrinchou vários textos do norte-americano — em leituras comparadas com o trabalho da também autora de FC Ursula K. Le Guin, inclusive, de quem K. Dick foi colega de escola na infância. “É bem interessante olhar para os dois como partes importantes de um mesmo movimento contracultural”, reflete Cláudia.

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A obra de K. Dick vem sendo reeditada pela Aleph desde 2019

 

Anti-herói
Fãs e influência não significam dinheiro. Considerando o autor como parte de um movimento contracultural, a teimosia simbólica de seguir escrevendo, mesmo contra todas as expectativas, parece mais relevante do que converter literatura em riquezas materiais — para ele, afinal, o mais importante era levar uma vida ascética.

Em entrevista ao programa de rádio Hour 25, em junho de 1976, Dick conta que não tinha grana nem para pagar a postagem de uma cópia do manuscrito de Fluam, Minhas Lágrimas, Disse o Policial para seu agente — e isso já estando com mais de duas décadas de carreira literária e com a obra citada vendida para a Doubleday, uma das mais importantes editoras dos Estados Unidos. “Ninguém vai lhe dar coisa alguma, eles [o pessoal do establishment] vão lhe mostrar o dedo do meio sempre”, explica Philip a quem deseja se aventurar nesse gênero literário. “Nunca vai ter reconhecimento. Nunca vai ter dinheiro. Mas vai ter um bocado de diversão.”

Estar relegado à margem, porém, parece nunca ter assustado o autor. Na conversa que teve com Charles Platt em 1979, Dick conta que era obcecado por ficção científica desde os 12 anos — apesar de também acompanhar Proust e Joyce, os xodós dos intelectuais de Berkeley (Califórnia) à época. “Nunca me convenci de que ficção científica era menos valiosa que ‘alta literatura’”, afirma.

Além de transitar por esses diferentes mundos intelectuais, suas relações pessoais parecem ter seguido a mesma linha desprendida: “Eu tinha a impressão que jogariam pedras em mim quando me vissem. Os gays porque eu não era gay. Meus amigos comunistas porque eu não me juntava ao Partido Comunista”. Difícil não lembrar da condição do personagem Wilbur Mercer, do romance Androides Sonham com Ovelhas Elétricas? (adaptado para o cinema, em 1982, com o título Blade Runner): espécie de messias, habitante de uma realidade artificial e idealizada, que está fadado a levar pedradas por toda existência. Sofrer por todos, sem nunca se juntar de fato a ninguém.

Na mesma linha de Mercer, Dick acreditava carregar um fardo imenso nas costas: o de trazer à tona a farsa do que consideram realidade — e parece que não como um sinal de força, como quem gostaria de ser idolatrado por seus feitos messiânicos, mas devido à empatia pelos “psicologicamente fracos”, nas palavras do próprio: “Me identifico como uma pessoa que sucumbe à autoridade”. E o discurso continua (em tradução livre, da mesma entrevista concedida a Platt):

Posso falar por pessoas que não são bem preparadas contra figuras de autoridade e grupos autoritários. Eu falo por todas as pessoas que se tornam vítimas por serem essencialmente fracas, que não têm formas diretas de se defenderem e acabam realmente prejudicadas psicologicamente. Esse é um dos motivos de meus protagonista serem os chamados anti-heróis. Eles são quase perdedores, em certo sentido. Tento equipá-los com algumas qualidades por meio das quais eles possam sobreviver. Eles não estão no comando da situação, são essencialmente vítimas. Vítimas da própria fraqueza.

 

Realidades alternativas
As intenções de K. Dick podiam ser as melhores, se dermos suas próprias palavras como certas, mas há quem relacione a extravagância de sua escrita a causas não tão nobres assim. Em outubro de 2017, no The Irish Times, o professor Seamus O’Reilly — da University College Cork, Irlanda — anota: “A obra do autor é famosa por seus futuros fantásticos e mundos alternativos, mas é fruto de uma mente danificada pelas anfetaminas e propensa à paranoia e alucinações”.

Buscando outra definição possível sobre o autor, a título de brincadeira (não necessariamente de bom-tom), um projeto de biografias independentes do site PopSubculture traz a seguinte informação: “Um homem esquizofrênico chamado Philip K. Dick transformou suas alucinações a respeito do universo em uma carreira como escritor”. Para além da piada, tudo não passa de especulação. Há, no entanto, um relato do próprio Philip acerca de sua forma peculiar de ver as coisas — e ele pode ser fantástico ou aterrorizante, dependendo da sua inclinação.

Na Convenção Sci-Fi do Metz de 1977, na França, o autor se posicionou atrás de um microfone e, acomodado com algumas folhas de papel em mãos, comunicou aos ouvintes: “Você é livre para acreditar em mim ou não, mas, por favor, tenha minha palavra de que não estou brincando. Isso é muito sério e importante”, referindo-se ao relato sobre uma mulher de cabelos pretos que, anos antes, informou-lhe que alguns de seus trabalhos ficcionais eram, em sentido literal, verdadeiros.

Dick conta que esperava essa visita há tempos (“Eu tinha completa noção de como seria sua aparência e o que ela iria me dizer”) e cita dois trabalhos ficcionais que, na verdade, se tratariam da descrição de presentes alternativos: O Homem do Castelo Alto (1962), vencedor do Prêmio Hugo de melhor romance de ficção científica, e Fluam, Minhas Lágrimas, Disse o Policial (1974) — o primeiro é sobre um mundo em que os nazistas estão no poder e o segundo, sobre um Estados Unidos que, após uma segunda grande batalha civil, torna-se um Estado Policial.

Os 12 anos que separam as obras sugerem que o autor se pautou nessa convicção por muito tempo — a de que “estamos vivendo numa realidade programada por computador, e a única pista que temos a respeito é quando uma variável muda e alguma alteração ocorre a nossa volta. Teremos a insuportável impressão de que estamos revivendo o presente: déjà-vu. Talvez precisamente da mesma forma, ouvindo as mesmas palavras, dizendo as mesmas palavras. Sugiro que essas impressões são válidas e significantes, e direi mais: tal impressão é uma pista de que em algum ponto no passado uma variável foi alterada, reprogramada, e, por causa disso, uma realidade alternativa se ramificou”.

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Keanu Reeves e Woody Harrelson no filme O Homem Duplo (2006), dirigido por Richard Linklater

 

Em busca da verdade
Na condição de porta-voz de realidades alternativas, o autor acreditava ter sido possuído por uma mente transcendentalmente racional: “Era quase como se eu tivesse sido louco por durante toda minha vida, e subitamente me tornasse são” — no momento em que sua consciência foi invadida. Ele tentou diferentes teorias para descobrir o que estava acontecendo. Pensou em Deus. Em Cristo. Sentiu-se um espectador da própria existência, subjugado por uma espécie de inteligência artificial incompreensível. Implorou saber o que era aquilo que o dominava, sem obter resposta. Mas, afinal, como um falatório humano racional poderia definir um fenômeno de tal espécie? Fora do campo do achismo, fato é que os trabalhos de Dick seguem aí. Influenciados ou não por tal força mística, existem no mundo palpável.

Para o escritor Luiz Bras, aliás, o norte-americano realmente foi um mensageiro da verdadeira realidade — seja lá qual seja ou o que signifique. “Veja bem”, diz o autor de Curto-circuito Camicase (contos, no prelo), “eu aprecio mais esses poucos autores delirantes e porra-loucas, cuja obra visionária são os Novíssimos Testamentos de nossa época, do que autores ‘sensatos e respeitáveis’ que jamais dão vexame, que se relacionam sobriamente com a loucura da literatura — e se orgulham disso”.

A professora Cláudia Fusco também aprecia a postura algo messiânica do escritor: “Acho um barato!”, afirma. “Tem tudo a ver com as narrativas de Dick. Tudo isso vem da mesma mentalidade disruptiva, que quebrava convicções. Se Frankenstein é célebre até hoje por falar da responsabilidade que temos como criadores de ciência e conhecimento, Dick é célebre até hoje por ter falado sobre o quanto somos transformados por essas criações.”

O próprio Philip, para além da posição de ficcionista, tinha outro tipo de comprometimento com as palavras (conforme trecho retirado do texto “Philip K. Dick — Homem, Visão e Obra”, de Fábio Fernandes): “Sou um filósofo que faz ficção, não um romancista; minha capacidade de escrever histórias e romances é empregada como um meio para formular minha percepção. O núcleo de minha escrita não é a arte, mas a verdade. Logo, o que digo é a verdade, e não posso fazer nada para aliviá-la, nem por atitude nem por explicação”.

           

Fim da brincadeira
Parece que a missão de buscar a verdade por meio da ficção acabou o levando a lugares meio sombrios. Além de uma vida conjugal conturbada, com cinco casamentos fracassados na conta, Dick usou e abusou de anfetaminas por mais de uma década — entre 1960 e 70. Quando já estava com danos pancreáticos permanentes, em entrevista de 1979, comentou: “Eu tinha uma curiosidade felina por drogas. Não é uma curiosidade sábia, em geral. Meu interesse pela mente humana me fez ter interesse por drogas psicotrópicas”. Sobre assunto semelhante, Fábio Fernandes anota em texto que acompanha a reedição d’O Homem do Castelo Alto: “Dick era obcecado pelo falso porque queria chegar ao núcleo do real”. Ao que tudo indica, ele esteve disposto a atingir esse objetivo a qualquer custo.

“Acredito que Dick confere uma elasticidade saudável às formas de pensar”, diz Cláudia Fusco. “Em suas obras, quase sempre algo se esconde nas sombras, nos cantos do mundo, e isso é bom — reconhecer que ainda não conhecemos tudo a nossa volta e que decisões do passado afetam diretamente o decorrer de nossas vidas. Ele era um autor extremamente criativo e curioso. Com ele podemos aprender a pensar futuros possíveis — por mais sombrios que venham a ser — e como, de alguma maneira, torná-los mais interessantes.”

Essa aventura longa e alucinada do norte-americano pelo mundo das drogas, e em busca de seu próprio real, foi ficcionalizada no romance O Homem Duplo (1977) — adaptado para o cinema por Richard Linklater em 2006, com Keanu Reeves no papel principal. Na obra, um policial infiltrado em uma rede de tráfico da viciante Substância D acaba dissociado de sua própria identidade e passa a caçar a si mesmo, em uma história que, para além da superfície cheia de humor negro, parece questionar o que nos torna humanos. O que é nossa identidade pessoal? O quanto podemos nos envolver com substâncias e pessoas sem que deixemos de lado nosso próprio ser? Existe um eu imaculado, afinal, que resiste às influências exteriores?

Em nota que acompanha O Homem Duplo, Dick registra: “Este romance tratou de algumas pessoas que foram punidas um pouco demais pelo que fizeram. (...) O abuso de drogas não é uma doença, é uma decisão, assim como a decisão de saltar na frente de um carro em movimento”. Para complementar, adiciona uma lista com nomes das pessoas reais nas quais os personagens do livro foram inspirados e o que aconteceu com elas — morte, dano cerebral e psicose são algumas das consequências; para o próprio Dick, como já citado, danos pancreáticos permanentes.

O autor prossegue, no parágrafo final:

Esses foram os camaradas que eu tive; gente melhor não há. Eles continuam em meus pensamentos, e o inimigo jamais será perdoado. O ‘inimigo’ foi o equívoco deles ao brincar. Que todos eles possam brincar mais uma vez, de alguma outra maneira, e que eles possam ser felizes.

A trajetória do norte-americano, dedicada inteiramente às letras e preocupada em sugerir formas alternativas de encarar o mundo, sempre dando protagonismo aos neuróticos anti-heróis, parece conversar bem com uma frase de Valis (1981): “Às vezes, ficar insano é uma resposta apropriada à realidade”. A obra foi publicada meses antes de K. Dick ser encontrado caído em seu apartamento, vítima de um AVC que o mataria aos 53 anos, em março de 1982.  

 

        Alguns Mundos Adaptados

“Como Phil Dick tem somente 53 anos, existe a promessa de outros trabalhos a caminho. Ele parece estar apenas chegando no auge”, anota John Boonstra no texto de abertura do que seria a última entrevista do autor norte-americano. Durante o bate-papo, o escritor abre o jogo sobre sua relação conturbada com Hollywood e não esconde que, após muitos percalços, estava muito animado para a estreia da adaptação cinematográfica de seu romance Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?. O filme, chamado Blade Runner, foi dirigido por Ridley Scott e chegou às telonas em 1982 — três meses após a morte de Dick, que não pôde ver o resultado final deste que foi apenas o primeiro de vários sucessos audiovisuais baseados em seus trabalhos.

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Cena do filme Blade Runner (1982), dirigido por Ridley Scott

 

Na mesma conversa, o escritor conta o suplício que foi se acertar com o pessoal da produção do filme que traz Harrison Ford no papel de Rick Deckard. “Não havia mais significado. Tudo tinha se tornado uma luta entre androides e um caçador de recompensas”, diz Philip sobre a impressão a respeito da primeira versão do roteiro, assinada por Hampton Fancher. Ele achava que toda a sutileza da obra tinha sido suprimida e, por isso, imaginava um cenário caótico: após assistir à filmagem de uma cena realizada a partir do texto original de Fancher, “saltaria através do set de efeitos especiais como uma verdadeira gazela”, nas palavras do próprio, e começaria a bater a cabeça de Ford, o protagonista, contra a parede.

“O pessoal teria de correr e jogar um cobertor em cima de mim e chamar os seguranças para me aplicarem Torazina. E aí eu ia começar a berrar: ‘Vocês destruíram o meu livro!’”, fantasia o autor. Nada disso aconteceu. Após o tratamento que David W. Peoples deu ao roteiro, Dick ficou bem satisfeito, parou de beber um monte de uísque toda noite devido ao estresse e a versão final de Blade Runner foi concebida.

Com a morte prematura do escritor, não dá para imaginar como seria sua relação com as outras adaptações de seus romances e contos. Mas um fato é que muitas delas foram realizadas por grandes nomes da indústria americana, como Steven Spielberg (Minority Report) e Richard Linklater (O Homem Duplo), com alguns dos maiores figurões da sétima arte hollywoodiana nos papéis principais — Tom Cruise, Keanu Reeves, Nicolas Cage e Colin Farrell, entre outros. Já nas séries, um formato em alta hoje em dia, destacam-se Sonhos Elétricos (2017-18) e O Homem do Castelo Alto (2015-19).

Philip K. Dick deixou bem claro que suas pretensões financeiras não eram gritantes: desejava um apartamento quitado e as contas em dia, o que acabou conseguindo. Mas é bem provável que ele não se importasse em saber que, até este ano de 2020 e segundo informações do site IMDb (gerido pela Amazon), as adaptações audiovisuais de seus trabalhos renderam um lucro líquido ao redor do mundo de mais de 1,5 bilhão de dólares (quase 8 bilhões de reais).