Especial do mês: Uma capa sobre capas 22/12/2020 - 11:44

A arte de julgar pela capa

Artistas gráficos e pesquisadores comentam a importância crucial da capa para a concepção de um livro e o seu desempenho no mercado editorial

Rodrigo Casarin

 

Clichê. Alcanço o Houaiss — Dicionário da Língua Portuguesa e a primeira definição para o substantivo masculino me satisfaz: “frase ou ideia banalizada por repetição excessiva; lugar-comum”. Em muitas situações, as repetições excessivas transformam certas máximas em verdades aparentemente absolutas. Vez ou outra, cai bem questionar afirmações que saem de tantas bocas por aí como se fizessem parte de um inabalável compêndio de saber elaborado pela humanidade ao longo dos milênios. Coube-me, então, colocar em cheque um dos grandes clichês do meio literário e do mercado editorial: não devemos mesmo julgar um livro pela capa?

“Mas tem como não julgar? A capa é o convite, a porta entreaberta”, me disse Amelì, profissional à frente da Amelì Editora e da Edições 100/Cabeças, que se destacam pelo capricho não só com as capas, mas com todo o projeto gráfico de seus livros. De alguma forma, todos os entrevistados para esta reportagem seguiram toada semelhante: sim, podemos julgar livros pela capa. Nem sempre convém, é verdade, mas é até natural que o façamos. “As pessoas parecem aderir a essa máxima mais por questões morais do que por qualquer outra coisa”, provoca a designer e capista Luísa Zardo, conhecida no mercado pelo trabalho que faz com a editora Dublinense.

Um leitor atento pode desvendar muito do que encontrará em certos livros se souber interpretar sua capa. Em editoras, autores similares (de literatura portuguesa contemporânea, por exemplo) costumam receber tratamento estético semelhante, o que pode auxiliar na escolha de algum volume. “Muitas vezes um título não vai te entregar sobre o que o livro se trata, e, pensando que a capa é o primeiro contato entre o possível leitor e o livro, muito antes da sinopse entrar em jogo, é a capa que deve inteirar o leitor sobre o que se esperar da leitura”, continua Luísa.

O pesquisador Luis Bueno recorda que a lógica por trás do clichê é frisar que o que importa mesmo num livro é o texto. Este, na sua visão, realmente pode ser apreciado num volume qualquer, com capa qualquer. Porém, o estudioso faz uma ponderação perspicaz: a máxima fala em livro, não em texto. O foco está no objeto. Daí diz: “Ler, além de ser uma atividade intelectual, é uma atividade sensorial. Por isso, todos os elementos físicos do livro certamente exercem um papel na experiência do leitor. A capa, inclusive, joga tanto no aspecto sensorial, de sua beleza (ou feiura) visual, como no aspecto intelectual, já que a gente tende a pensar que há uma relação entre capa e texto”. Aspecto este, enfatiza, que pode ficar no imaginário do leitor ao longo de toda a leitura.

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A designer e capista Luísa Zardo é conhecida pelo trabalho que faz com a editora Dublinense. Foto: Reprodução / Instagram

 

O que é uma boa capa?
Começando a mudar o foco do papo, Delfin recorda que a capa de um livro já é uma arte por si. Fala com conhecimento de causa. Delfin acaba de assinar a direção artística do projeto de reintrodução da obra de George Orwell, que cairá em domínio público em 2021, ao catálogo da Globo Livros. Profissional à frente do Studios DelRey, é amplamente reconhecido no mercado editorial e foi jurado da categoria Capa do Prêmio Jabuti de 2019. Para ele, “existe arte boa, arte ruim e, no caso dos livros, cada leitor pode não saber julgar racionalmente essa qualidade, mas isso é o belo de qualquer arte: a sensação que ela provoca em cada um. Isso vale para pinturas, esculturas, músicas e, sim, vale para as capas de livros. Capas ruins podem assassinar obras incríveis e capas acima da média podem tornar um sucesso livros nem tão bons assim”. Depois do argumento, indaga: “Então, como não julgar um livro pela capa?”.

Delfin recorre à metáfora para a distinção entre conto e romance normalmente atribuída ao argentino Julio Cortázar, autor, dentre outros, de O Jogo da Amarelinha, um dos títulos mais importantes da literatura latino-americana, para definir o que é uma boa capa: é aquela que vence por nocaute. Se em dez segundos o leitor se sentir arrebatado, a vitória do livro é certa. “Mesmo que ele não adquira a obra, ela terá sido impressa em sua mente. Isso faz dessa uma boa capa.” No ringue das livrarias, no entanto, quando a pessoa bate o olho no volume e não se atém a ele, é o livro que beija a lona.

Referência nacional em design gráfico e nome à frente da Casa Rex, Gustavo Piqueira é autor responsável pela concepção e execução de alguns dos livros mais mirabolantes de nossa atual cena editorial. Em Lululux, o conjunto narrativo emula um jogo de jantar, enquanto Nove Meses carrega na fronte um inseto morto envolto num globo de resina acrílica, por exemplo (quem comprou essas ideias foi a Lote 42). Para ele, falar de boas capas é mirar um horizonte tão diverso quanto falar de bons livros. Mas é possível apontar traços que evidenciam qualidade.

“Creio que uma boa capa reflete, graficamente, uma espécie de ‘tom geral’ de seu conteúdo. Ou seja: não é uma ilustração deste, mas deve de algum modo dialogar com ele, além de inserir o livro em sua subcategoria”. Livros de autoajuda, por exemplo, costumam ser identificados por recursos como “o uso de fotos com metáforas visuais acompanhadas por fontes sem serifa impositivas”. Além disso, é fundamental que a capa tenha “a cara da editora que publica o livro”, que reflita e ajude a “construir a identidade visual da editora”. Se além disso a capa explorar novas possibilidades gráficas, daí já entra no “ótimo” da régua de avaliação de Gustavo.

Amelì também lembra da variedade de recursos quando pensa num bom trabalho. Mexer com aspectos sensoriais podem agregar valor e influenciar na decisão de compra. Já Luísa enfatiza a importância de transmitir ao leitor o tom do que encontrará dentro do livro. Ela compara a capa a um teaser, que deve ser capaz de instigar mesmo que de forma abstrata. “Se um livro tem uma narrativa superpesada sobre abuso, por exemplo, talvez seja mais interessante uma capa que passe a sensação do livro de uma maneira não literal, até pra não cair no furo de ser um gatilho para alguém. A capa também deve ser pensada como algo inclusivo, nunca exclusivo.”

 

Capas para Dom Casmurro
Capas que já servem de início para a narrativa, capas que formam conjunto com a quarta capa, capas que dialogam com clássicos de outros séculos, capas minimalistas, capas que trazem apenas o rosto do autor, deixando seu nome e o título do livro para a lombada… Os caminhos que  alguém pode seguir na hora de criar a cara de um livro são inúmeros e variam de acordo com o foco da edição.

Piqueira propõe um exercício interessante: escolher alguma narrativa clássica, como Dom Casmurro, de Machado de Assis, e observar como ao longo da história a mesma obra recebeu capas com tratamentos bem distintos. “Essa diferença não ocorre por razões meramente gráficas. As capas são diferentes porque os objetivos das edições são diferentes. Assim, os elementos que a compõe se articulam principalmente para inserir o livro dentro do universo que ele busca ser inserido”, diz. Uma versão pensada para jovens que prestarão o vestibular certamente será bem diferente de uma edição de luxo, elaborada para ocupar um lugar de destaque em bibliotecas particulares.

Para definir qual caminho seguir, Delfin enfatiza a importância do diálogo entre o capista ou responsável pelo projeto gráfico e a editora. Ele conta que raras vezes o artista tem acesso ao texto da obra para a qual está produzindo a capa (e, quando tem, prazos normalmente não contribuem para uma boa leitura). “Na maioria das vezes, o máximo a que o capista tem acesso é a um resumo, e é nisso que ele se apoia para representar visualmente o livro. Além, claro, da pesquisa pessoal, que sempre faço e acho indispensável. Quando há acesso ao texto, procuro lê-lo, pois muitas vezes o que tornará a capa vencedora é algo que está nos detalhes, é o que trará o diferencial.”

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Gustavo Piqueira é referência nacional em design gráfico e nome à frente da Casa Rex. Foto: Divulgação

 

Ao longo da história
Alguns nomes são incontornáveis quando pensamos em capas de livros brasileiros ao longo da história. Tomás Santa Rosa e Poty Lazzarotto, pelo memorável trabalho que fizeram ao longo da solidificação do nosso mercado no século 20, talvez sejam os artistas mais lembrados em conversas sobre o tema. Kalisto, J. Carlos, João Fahrion e Voltolino são exemplos de outros profissionais que deixaram marcas significativas. Para quem deseja mergulhar no assunto, há livros preciosos no mercado. A Capa do Livro Brasileiro, de Ubiratan Machado, é uma viagem por capas de títulos nacionais lançados ao longo de mais de cem anos, entre 1920 e 1850. Já Sobre as Artes do Livro reúne registros e entrevistas do britânico William Morris, nome fundamental para a história editorial e que fez fama no final século 19 com a editora Kelmscott Press. Editada por Gustavo Piqueira, um dos nossos entrevistados, é uma obra que mira mais nas ideias por trás de cada elemento gráfico presente no livro do que na capa em si, o que amplia o olhar para a questão.

Outro ouvido para esta reportagem que deixou sua contribuição em livro é Luis Bueno, autor de Capas de Santa Rosa. Luis lembra que até o século 19 não se dava grande importância às capas. A partir da década de 1930, com a estruturação e o crescimento do próprio mercado editorial brasileiro, é que veio a guinada. Editoras passaram a investir cada vez mais em capas ilustradas, capazes de chamar a atenção dos leitores nos milhares de pontos de venda que começaram a pipocar pelo país. “Nesse período é comum os capistas serem artistas plásticos de formação, que elaboram tanto o projeto da capa quanto a ilustração. Essa tendência segue até os anos 70, quando o capista passa a tender a ser um designer que elabora o projeto da capa utilizando ilustrações vindas de várias fontes, frequentemente fotografias. Esta é a tendência que prevalece até hoje”, explica.

Ao longo do tempo, aspectos tecnológicos influenciaram no fazer das capas. Se a impressão com quatro cores (que, misturadas, possibilitam a criação de uma infinidade de tons) era cara demais, por exemplo, prevaleciam as capas bicolores. As ferramentas disponíveis nas oficinas gráficas também impunham desafios. “Ao lidar com os limites tecnológicos ,os artistas do livro acabam deixando mais claras essas limitações e encontrando possibilidades de superá-las, o que contribui para criar uma demanda de meios técnicos, pressionando o lado industrial a prover esses novos meios”, explica Luis, mostrando como a vontade de expandir os limites acaba por impulsionar a própria indústria.

“As possibilidades e limites da cultura gráfica sempre foram frutos de possibilidades e limites tecnológicos”, concorda Piqueira, que faz uma ressalva importante: “Desde que o digital se estabeleceu, o que já faz algum tempo, não há mais limites tecnológicos para a impressão de uma capa”, a não ser em casos “muito específicos, que se utilizam de recursos também específicos”.

        

As modas da vez
O meio digital ainda impacta na maneira como as capas estão sendo pensadas em nossos dias, continua Gustavo. O crescimento do comércio virtual “tem alterado consideravelmente as solicitações preexistentes com relação ao tamanho do título ou nome do autor na capa, como fruto da transferência do ambiente de compra, migrando da livraria física para a tela do celular ou computador. Assim, há editoras me pedindo um título ainda maior e mais legível do que o habitual, para que ele possa ser lido numa pequena imagem na tela do celular. E, num sentido oposto, outras estão dispensando o título e o nome do autor, já que normalmente ambos aparecerão ao lado da imagem num ambiente virtual de compra”.

Como em qualquer outra área, tendências comerciais e modismos influenciam na maneira como capas são pensadas ao longo dos tempos. “Eu nem sempre considero isso bom, os livros acabam ficando todos parecidos… e correm o risco de ficar ‘datados’. Já teve a fase da capa em tom pastel, a fase das capas coloridonas, quase fluorescentes. Capas com fotos, capas supertextuais, com facas diferentes, reserva de verniz, com acabamento emborrachado. Capa rosa, capa laranja”, enumera Amelì. “A moda é efêmera. Pode dialogar bem com os blockbusters, mas nem todo livro se encaixa nesse perfil”, pondera a editora.

Cores chamativas, fontes pesadas e colagens digitais são algumas das tendências das capas de livros neste Brasil de 2020. Uma explicação para o momento talvez esteja na visão de Luísa, a capista da Dublinense, que extrapola a questão de mercado e toca em algo mais profundo, numa mudança cultural pela qual a sociedade passa: o fim de uma clara divisão estética entre algo voltado para adultos ou crianças. “Dos últimos tempos pra cá, o entendimento de que uma capa colorida e divertida é infantil vem desaparecendo — e acho que só temos a ganhar com isso. Num futuro próximo vejo capas cada vez mais quebrando regras e se reinventando — ainda mais agora em um universo com Kindles e Kobos, um universo em que o livro físico se tornou ainda mais físico”.

Já o olhar de Luis é mais panorâmico e não apenas se conecta com o que foi discutido no início da reportagem, logo depois do grande clichê ser colocado para jogo, mas também perpassa outros pontos abordados. Ele destaca a enorme variedade de capas que podemos encontrar nas livrarias, fruto da multiplicidade do mercado livreiro no Brasil e das possibilidades abertas pelas novas tecnologias. Até quatro ou cinco décadas atrás, numa indústria com iniciativas bem mais concentradas, talvez fosse mais fácil falar em tendências específicas, acredita.

“Ainda assim, eu diria que a tendência mais evidente hoje é a de cada selo se esforçar para estabelecer uma feição só sua, numa proeminência do projeto de capa. Ou seja, procura-se uma distribuição dos elementos que constituem uma capa — título, nome do autor, logomarca da editora, eventual ilustração ou outro ornamento, e até mesmo a tipologia empregada — que seja reconhecível à primeira vista. Não que essa preocupação seja nova, mas hoje ela é dominante”, complementa.

 

      As capas inesquecíveis

O Cândido pediu para que cada pessoa ouvida para a reportagem também indicasse uma capa particularmente especial e apontasse os motivos da escolha.

 

Amelì: “Eu me apego às capas de livros de significam muito pra mim... E a mais especial, sem dúvida, é também um objeto de arte: amo enlouquecidamente a capa que o artista Mario Prassinos criou para uma edição de Nadja, do André Breton, em 1945. É uma capa dura, em couro preto, com desenhos em baixo-relevo, pintados em branco e vermelho. Uma capa erótica, convulsiva”.

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Gustavo Piqueira: “O caixão de madeira do Decálogo da Classe Média, de Sebastião Nunes. Antes que alguém diga que aquilo não é uma capa, me antecipo: ele cumpre as funções de uma capa (protege o conteúdo e o informa ao possível leitor) mesmo sendo feito de madeira, não de papel, e no formato de um caixão, não no retângulo original de um livro tradicional. Ela é especial para mim porque vai muito além daquilo que normalmente as pessoas rotulam como ‘livro objeto’ (afinal, todo livro impresso é um objeto) e se propõe a fazer da capa um elemento ativo não apenas na narrativa da obra, mas um elemento ativo no próprio ambiente no qual ela se encontra, seja qual for esse ambiente.

Mas, claro, tudo isso só foi possível porque o projeto não foi executado posteriormente à obra em si, por algum designer. Pelo contrário: é parte da obra, foi incorporada à obra em sua confecção, pelo mesmo autor. E, se concordo que ele é um projeto de exceção em vários sentidos, ele me toca por explorar, na máxima potência, forma e função em uma capa”.

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Luísa Zardo: “A edição americana de aniversário de 50 anos de O Mestre e Margarida, com design de C. C. Askew. Comprei esse livro só pela capa e até então nunca tinha ouvido falar de Mikhail Bulgákov. Hoje é meu livro favorito. É preciso olhar a capa completa. É um ótimo exemplo de unidade no projeto gráfico. É uma obra de arte! É esse tipo de capa que eu olho e fico totalmente inspirada a um dia chegar nesse patamar. Há a tendência de capas simples, e essa é totalmente o contrário. Mas o que me pega nessa capa não é exatamente o nível de detalhamento, mas a composição. O layout da capa é perfeito, é tudo extremamente equilibrado. Emprestei minha edição pra um amigo e depois de alguns meses tive que pegar de volta mesmo sem ele ter terminado a leitura. Eu ficava ansiosa só de ver vazio o cantinho reservado pra ela na minha estante”.

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Luis Bueno: “São muitas as capas especiais pra mim, e por diversos motivos. Até porque certas capas são especiais por motivo reverso, digamos assim, já que são as da edição em que conhecemos livros muito queridos. É dificílimo escolher uma. Vou, então, indicar uma do artista que eu mais observei, o Santa Rosa, a da primeira edição de Angústia, do Graciliano Ramos, de 1936. Pra começar, gosto muito do projeto geral, que o próprio Santa Rosa desenhou dois anos antes para os livros de ficção da José Olympio: discreto pela disposição dos elementos e chamativo pela mancha colorida que domina o conjunto. Melhor ainda é a ilustração que, mais do que um momento específico do romance, nos mostra todo seu clima: nas mãos apertadas em primeiro plano, no gesto de corpo em que o rosto tanto foge à nossa observação quanto olha para trás, sugerindo uma perseguição, e até no fundo da cena, uma rua qualquer desenhada com uma perspectiva que se fecha rapidamente às costas do personagem. Por fim, a escolha do azul-escuro, que dá à totalidade um aspecto noturno e cheio, evidentemente, de angústia. Tudo aqui apresenta o drama íntimo, pessoal, mas colocado na concretude do mundo, que o alimenta. É uma capa tanto belíssima como inteligente”.

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Delfin: “Sempre que me perguntam algo assim. A minha mente está em uma sintonia diferente de alguma resposta que dei anteriormente. Desta vez, fiquei matutando e acabei me lembrando de um projeto que fiz há oito anos para o Museu da Pessoa, muito querido para mim. Era um livro sobre os 20 anos do museu, com doze histórias diferentes. Eu desenhei o projeto gráfico enfatizando o mosaico de informações sobre as vidas que desfilaram por ele. Mas queria que a capa fosse muito mais minimalista, sem as fotos, pois achava que o fato de elas ficarem diminutas diminuiria as histórias do seu interior.

Queria um elemento grande e que chamasse a atenção, então pensei em um design para o número 20, que usasse o zero como um loop de uma montanha-russa, criando uma espécie de moto-contínuo que, para mim, representa a essência do museu: as histórias que trazem histórias que trazem histórias. Acima do zero, como se esperando para entrar no loop, um resumo mais que telegráfico de cada história, não mais do que oito palavras para descrever a vida de cada pessoa retratada no livro, um teaser de uma vida, tudo embalado num grande campo em branco. O mais legal e que eu nunca contei para ninguém: o ‘20’é um trenó.

Quando eu fazia a capa, tinha acabado de rever Cidadão Kane. Isso é o legal das referências cruzadas, né? O que Cidadão Kane tem a ver com esta capa, afinal? E tem tudo a ver: é um livro sobre as memórias de pessoas, que se revelam diante de seus olhos sem que você saiba absolutamente nada sobre elas. Este livro é o Rosebud de cada uma das doze histórias. É o segredo agora revelado. E isso sempre foi muito especial nesta capa, para mim. Algo que achei bom compartilhar exatamente agora, com vocês”.

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Rodrigo Casarin é jornalista. Mantém o blog e podcast Página Cinco, no UOL.