ESPECIAL | Prateleira 19/12/2024 - 15:08
O Cândido destaca alguns títulos em que os autores utilizam elementos linguísticos que realçam a oralidade na narrativa literária. Confira as sugestões:
O cortiço (Panda Books, 2017), de Aluísio Azevedo
O livro foi publicado em 1890 e retrata a vida dos moradores de um cortiço no Rio de Janeiro, destacando a miséria, a degradação humana e as relações de classe. Por meio de personagens como João Romão, um ambicioso comerciante, e sua amante, Bertoleza, o autor denuncia a exploração social, mostrando como as condições precárias e o ambiente influenciam o comportamento e o destino dos personagens.
Ânsia eterna (Senado Federal, 2020), de Júlia Lopes de Almeida
A obra foi publicada em 1903 e reúne contos sobre a vivência e resistência cotidiana das mulheres. Os textos são muitas vezes melancólicos, tristes ou até insanos, e revelam a grande versatilidade de Júlia Lopes de Almeida. Com histórias que fogem do convencional, a autora explora temas e estilos pouco abordados em suas obras anteriores, como as mazelas sociais, o preconceito e a misoginia. Muitas vezes esquecida pela história literária, Júlia retorna agora ao foco, com suas obras sendo reeditadas e valorizadas, evidenciando seu talento inovador e sua contribuição única à literatura brasileira.
Capitães da Areia (Cia. de Bolso, 2009), de Jorge Amado
Romance publicado em 1937, que narra a vida de meninos de rua em Salvador conhecidos como os Capitães da Areia. Marginalizados pela sociedade e envolvidos em pequenos crimes para sobreviver, a obra aborda temas como desigualdade social, infância roubada e a luta por liberdade, mostrando a dura realidade dos menores abandonados e a busca por dignidade.
Auto da Compadecida (Nova Fronteira, 2018), de Alice da Silva
A obra é uma peça teatral em forma de Auto em três atos, escrita em 1955 pelo paraibano Ariano Suassuna. Mescla elementos como a tradição da literatura de cordel, a comédia, traços do barroco católico brasileiro e, ainda, cultura popular e tradições religiosas. Sábato Magaldi disse sobre a peça, em 1962: "o texto mais popular do moderno teatro brasileiro".
Meu Pé de Laranja Lima (Melhoramentos, 2019), de José Mauro de Vasconcelos
Publicado em 1968, é um livro sobre a infância e a superação, narrado pelo pequeno Zezé, um garoto de 5 anos que vive em um bairro simples do Rio de Janeiro. Com sua visão inocente, a obra retrata os desafios enfrentados pelo personagem em um ambiente familiar conturbado, marcado pela pobreza e falta de carinho. Seu único refúgio é um pé de laranja lima, com o qual estabelece uma relação de afeto e imaginação.
Grande Sertão: Veredas (Cia. das Letras, 2019), de João Guimarães Rosa
A obra original de 1956, de Guimarães Rosa, é marcada por uma linguagem repleta de neologismos, arcaísmos e brasileirismos, considerada inovadora pela utilização desses recursos. Retrata o romance de Riobaldo e Diadorim, que se passa em Goiás e nos Sertões de Minas Gerais e Bahia.
O sol na cabeça (Cia. das Letras, 2018), de Geovani Martins
Livro de estreia do autor. São 13 contos que compõem O sol na cabeça e narram a infância e a adolescência de moradores de favelas, os prazeres cotidianos contrastados pela violência e discriminação racial. Na descrição do livro pela editora, consta: “a literatura brasileira encontra a voz de seu novo realismo”.